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Persiste e segue
“Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os
joelhos desconjuntados.” – Paulo. (Hebreus, 12:12.)
O lavrador desatento quase sempre escuta as sugestões do
cansaço. Interrompe o serviço, em razão da tempestade, e a inundação lhe rouba
a obra começada e lhe aniquila a coragem incipiente.
Descansa, em virtude dos calos que a enxada lhe ofereceu, e
os vermes se incumbem de anular-lhe o serviço.
Levanta as mãos, no princípio, mas não sabe “tornar a
levantá-las”, na continuidade da tarefa, e perde a colheita.
O viajor, por sua vez, quando invigilante, não sabe chegar
convenientemente ao termo da jornada. Queixa-se da canícula e adormece na
penumbra de ilusórios abrigos, onde inesperados perigos o surpreendem. De
outras vezes, salienta a importância dos pés ensangüentados e deita-se às
margens da senda, transformando-se em mendigo comum.
Usa os joelhos sadios, não se dispondo, todavia, a
mobilizá-los quando desconjuntados e feridos, e perde a alegria de alcançar a
meta na ocasião prevista.
Assim acontece conosco na jornada espiritual.
A luta é o meio.
O aprimoramento é o fim.
A desilusão amarga.
A dificuldade complica.
A ingratidão dói.
A maldade fere.
Todavia, se abandonarmos o campo do coração por não sabermos
levantar as mãos, de novo, no esforço persistente, os vermes do desânimo
proliferarão, precípites, no centro de nossas mais caras esperanças, e se não
quisermos marchar, de joelhos desconjuntados, é possível sejamos retidos pela
sombra de falsos refúgios, durante séculos consecutivos.
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Ausentes
“Ora, Tomé, um dos doze, não estava com eles quando
Jesus veio.” – (João, 20:24.)
Tomé, descontente, reclamando provas, por não haver
testemunhado a primeira visita de Jesus, depois da morte, criou um símbolo para
todos os aprendizes despreocupados das suas obrigações.
Ocorreu ao discípulo ausente o que acontece a qualquer
trabalhador distante do dever que lhe cabe.
A edificação espiritual, com as suas bênçãos de luz, é igualmente
um curso educativo.
O aluno matriculado na escola, sem assiduidade às lições,
apenas abusa do estabelecimento de ensino que o acolheu, porquanto a simples
ficha de entrada não soluciona o problema do aproveitamento. Sem o domínio do
alfabeto, não alcançará a silabação. Sem a posse das palavras, jamais chegará à
ciência da frase.
Prevalece idêntico processo no aprimoramento do espírito.
Longe dos pequeninos deveres para com os irmãos mais
próximos, como habilitar-se o homem para a recepção da graça divina? Se evita o
contacto com as obrigações humildes de cada dia, como dilatar os sentimentos
para ajustar-se às glórias eternas?
Tomé não estava com os amigos quando o Mestre veio. Em
seguida, formulou reclamações, criando o tipo do aprendiz suspeitoso e
exigente.
Nos trabalhos espirituais de aperfeiçoamento, a questão é
análoga.
Matricula-se o companheiro, na escola de vida superior,
entretanto, ao invés de consagrar-se ao serviço das lições de cada dia, revela-se
apenas mero candidato a vantagens imediatas.
Em geral, nunca se encontra ao lado dos demais servidores,
quando Jesus vem; logo após, reclama e desespera.
A lógica, no entanto, jamais abandona o caminho reto.
Quem desejar a bênção divina, trabalhe pela merecer.
O aprendiz ausente da aula não pode reclamar benefícios decorrentes
da lição.
CONTINUA AMANHÃ
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