133
Que tendes?
“Quantos pães tendes? E disseram-lhe: – Sete.” (Marcos,
8:5.)
Quando Jesus, à frente da multidão faminta, indagou das
possibilidades dos discípulos para atendê-la, decerto procurava uma base, a fim
de materializar o socorro preciso.
“Quantos pães tendes?”
A pergunta denuncia a necessidade de algum concurso para o
serviço da multiplicação.
Conta-nos o evangelista Marcos que os companheiros
apresentaram-lhe sete pãezinhos, dos quais se alimentaram mais de quatro mil
pessoas, sobrando apreciável quantidade.
Teria o Mestre conseguido tanto se não pudesse contar com
recurso algum?
A imagem compele-nos a meditar quanto ao impositivo de nossa
cooperação, para que o Celeste Benfeitor nos felicite com os seus dons de vida
abundante.
Poderá o Cristo edificar o santuário da felicidade em nós e
para nós, se não puder contar com os alicerces da boa vontade em nosso coração?
A usina mais poderosa não prescinde da tomada humilde para
iluminar um aposento.
Muitos esperam o milagre da manifestação do Senhor, a fim de
que se lhes sacie a fome de paz e reconforto, mas a voz do Mestre, no monte,
continua ressoando, inesquecível:
– Que tendes?
Infinita é a Bondade de Deus, todavia, algo deve surgir de
nosso “eu”, em nosso favor.
Em qualquer terreno de nossas realizações para a vida mais
alta, apresentemos a Jesus algumas reduzidas migalhas de esforço próprio e
estejamos convictos de que o Senhor fará o resto.
134
Busquemos o equilíbrio
“Aquele que diz permanecer nele, deve também andar como
ele andou.” – João. (1ª Epístola de João, 2:6.)
Embora devas caminhar sem medo, não te cases à imprudência, a
pretexto de cultivar desassombro.
Se nos devotamos ao Evangelho, procuremos agir segundo os
padrões do Divino Mestre, que nunca apresentam lugar à temeridade.
Jesus salienta o imperativo da edificação do Reino de Deus,
mas não sacrifica os interesses dos outros em obras precipitadas.
Aconselha a sinceridade do “sim, sim – não, não”, entretanto,
não se confia à rudeza contundente.
Destaca as ruínas morais do farisaísmo dogmático, todavia,
rende culto à Lei de Moisés.
Reergue Lázaro do sepulcro, contudo, não alimenta a pretensão
de furtá-lo, em definitivo, à morte do corpo.
Consciente do poder de que se acha investido, não menospreza
a autoridade política que deve reger as necessidades do povo e ensina que se
deve dar “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Preso e sentenciado ao suplício, não se perde em bravatas
labiais, não obstante reconhecer o devotamento com que é seguido pelas
entidades angélicas.
Atendamos ao Modelo Divino que não devemos esquecer,
desempenhando a nossa tarefa, com lealdade e coragem, mas evitemos o arrojo
desnecessário, que vale por leviandade perigosa.
Um coração medroso congela o trabalho.
Um coração temerário incendeia qualquer serviço, arrasando-o.
Busquemos, pois, o equilíbrio com Jesus e fugiremos,
naturalmente, ao extremismo, que é sempre o escuro sinal da desarmonia ou da
violência, da perturbação ou da morte.
CONTINUA AMANHÃ
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