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Na obra de salvação
“Porque Deus não nos tem designado para a ira, mas para
a aquisição da salvação por Nosso Senhor Jesus Cristo”. – Paulo. (2ª Epístola
aos Tessalonicenses, 5:9.)
Por que não somos compreendidos?
Por que motivo a solidão nos invade a existência?
Por que razões a dificuldade nos cerca?
Por que tanta sombra e tanta aspereza, em torno de nossos
passos?
E a cada pergunta, feita de nós para nós mesmos, seguem-se,
comumente, o desespero e a inconformação, reclamando, sob os raios mortíferos
da cólera, as vantagens de que nos sentimos credores.
Declaramo-nos decepcionados com a nossa família, desamparados
por nossos amigos, incompreendidos pelos companheiros e até mesmo perseguidos
por nossos irmãos.
A intemperança mental carreia para nosso íntimo os espinhos
do desencanto e os desequilíbrios orgânicos inabordáveis, transformando-nos a
existência num rosário de queixas preguiçosas e enfermiças.
Isso, porém, acontece porque não fomos designados pelo Senhor
para o despenhadeiro escuro da ira e sim para a obra de salvação.
Ninguém restaura um serviço sob as trevas da desordem.
Ninguém auxilia ferindo sistematicamente, pelo simples prazer
de dilacerar.
Ninguém abençoará as tarefas de cada dia amaldiçoando-as, ao
mesmo tempo.
Ninguém pode ser simultaneamente amigo e verdugo.
Se tens noticia do Evangelho, no mundo de tua alma,
prepara-te para ajudar, infinitamente...
A Terra é a nossa escola e a nossa oficina.
A Humanidade é a nossa família.
Cada dia é o ensejo bendito de aprender e auxiliar.
Por mais aflitiva seja a tua situação, ampara sempre e
estarás agindo no abençoado serviço de salvação a que o Senhor nos chamou.
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Após Jesus
“E, quando o iam levando, tomaram um certo Simão,
cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse
após Jesus.” – (Lucas, 23:26.)
A multidão que rodeava o Mestre, no dia supremo, era enorme.
Achavam-se ali os gozadores impenitentes do mundo, os
campeões da usura, os ridicularizadores, os ignorantes, os espíritos fracos que
reconheciam a superioridade do Cristo e temiam anunciar as próprias convicções,
os amigos vacilantes do Evangelho, as testemunhas acovardadas, os beneficiados
pelo Divino Médico, que se ocultavam, medrosos, com receio de sacrifícios.
Mas um estrangeiro, instado pelo povo, aceitou o madeiro,
embora constrangidamente, e seguiu carregando-o, após Jesus.
A lição, entretanto, seria legada aos séculos do futuro...
O mundo ainda é uma Jerusalém enorme, congregando criaturas
dos mais variados matizes, mas se te aproximas do Evangelho, com sinceridade e
fervor, colocam-te a cruz sobre o coração.
Daí em diante, serás compelido às maiores demonstrações de
renúncia, raros te observarão o cansaço e a angústia e, não obstante a tua
condição de servidor, com os mesmos problemas dos outros, exigir-te-ão
espetáculos de humildade e resistência, heroísmo e lealdade ao bem.
Sofre e trabalha, de olhos voltados para a Divina Luz.
Do Alto descerão para o teu Espírito as torrentes invisíveis
das fontes celestes, e vencerás valorosamente.
Por enquanto, a cruz ainda é o sinal dos aprendizes fiéis.
Se não tens contigo as marcas do testemunho pela
responsabilidade, pelo trabalho, pelo sacrifício ou pelo aprimoramento íntimo,
é possível que ames profundamente o Mestre, mas é quase certo que ainda não te
colocaste, junto dele, na jornada redentora.
Abençoemos, pois, a nossa cruz e sigamo-lo, destemerosos,
buscando a vitória do amor e a ressurreição eterna.
CONTINUA AMANHÃ
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