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Sepulcros abertos
“A sua garganta é um sepulcro aberto.” – Paulo. (Romanos,
3:13.)
Reportando-se aos espíritos transviados da luz, asseverou
Paulo que têm a garganta semelhante a sepulcro aberto e, nessa imagem, podemos
emoldurar muitos companheiros, quando se afastam da Estrada Real do Evangelho
para os trilhos escabrosos do personalismo delinquente.
Logo se instalam no império escuro do “eu”, olvidando as
obrigações que nos situam no Reino Divino da Universalidade, transfigurasse-lhes
a garganta em verdadeiro túmulo descerrado. Deixam escapar todo o fel
envenenado que lhes transborda do íntimo, à maneira dum vaso de lodo, e passam
a sintonizar, exclusivamente, com os males que ainda apoquentam vizinhos,
amigos e companheiros.
Enxergam apenas os defeitos, os pontos frágeis e as zonas
enfermiças das pessoas de boa vontade que lhes partilham a marcha.
Tecem longos comentários no exame de úlceras alheias, ao
invés de curá-las.
Eliminam precioso tempo em palestras compridas e ferinas,
enegrecendo as intenções dos outros.
Sobrecarregam a imaginação de quadros deprimentes, nos
domínios da suspeita e da intemperança mental.
Sobretudo, queixam-se de tudo e de todos.
Projetam emanações entorpecentes de má-fé, estendendo o
desânimo e a desconfiança contra a prosperidade da santificação, por onde
passam, crestando as flores da esperança e aniquilando os frutos imaturos da
caridade.
Semelhantes aprendizes, profundamente desventurados pela
conduta a que se acolhem, afiguram-se-nos, de fato, sepulcros abertos...
Exalam ruínas e tóxicos de morte.
Quando te desviares, pois, para o resvaladiço terreno das
lamentações e das acusações, quase sempre indébitas, reconsidera os teus passos
espirituais e recorda que a nossa garganta deve ser consagrada ao bem, pois só
assim se expressará, por ela, o verbo sublime do Senhor.
52
Servir e marchar
“Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os
joelhos desconjuntados.” – Paulo. (Hebreus, 12:12.)
Se é difícil a produção de fruto sadio na lavoura comum, para
que não falte o pão do corpo aos celeiros do mundo, é quase sacrificial o
serviço de aquisição dos valores espirituais que significam o alimento vivo e
imperecível da alma.
Planta-se a semente da boa vontade, mas obstáculos mil lhe
prejudicam a germinação e o crescimento.
É a aluvião de futilidades da vida inferior.
A invasão de vermes simbolizados nos aborrecimentos de toda
sorte.
A lama da inveja e do despeito.
As trovoadas da incompreensão.
Os granizos da maldade.
Os detritos da calúnia.
A canícula da irresponsabilidade.
O frio da indiferença.
A secura do desentendimento.
O escalracho da ignorância.
As nuvens de preocupações.
A poeira do desencanto.
Todas as forças imponderáveis da experiência humana como que
se conjugam contra aquele que deseja avançar no roteiro do bem.
Enquanto não alcançarmos a herança divina a que somos
destinados, qualquer descida é sempre fácil...
A elevação, porém, é obra de suor, persistência e sacrifício.
Não recues diante da luta, se realmente já podes interessar o
coração nos climas superiores da vida.
Não obstante defrontado por toda a espécie de dificuldades,
segue para a frente, oferecendo ao serviço da perfeição quanto possuas de
nobre, belo e útil.
Recorda o conselho de Paulo e não te imobilizes.
Movimenta as mãos cansadas para o trabalho e ergue os joelhos
desconjuntados, na certeza de que para a obtenção da melhor parte da vida é
preciso servir e marchar, incessantemente.
CONTINUA AMANHÃ
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