41
Na senda escabrosa
“Nunca te deixarei, nem te desampararei.” – Paulo.
(Hebreus, 13:5.)
A palavra do Senhor não se reporta somente à sustentação da
vida física, na subida pedregosa da ascensão.
Muito mais que de pão do corpo, necessitamos de pão do espírito.
Se as células do campo fisiológico sofrem fome e reclamam a
sopa comum, as necessidades e desejos, impulsos e emoções da alma provocam, por
vezes, aflições desmedidas, exigindo mais ampla alimentação espiritual.
Há momentos de profunda exaustão em nossas reservas mais
íntimas.
As energias parecem esgotadas e as esperanças se retraem
apáticas. Instala-se a sombra, dentro de nós, como se espessa noite nos
envolvesse.
E qual acontece à Natureza, sob o manto noturno, embora guardemos
fontes de entendimento e flores de boa vontade, na vasta extensão do nosso país
interior, tudo permanece velado pelo nevoeiro de nossas inquietações.
O Todo Misericordioso, contudo, ainda aí, não nos deixa
completamente relegados à treva de nossas indecisões e desapontamentos. Assim
como faz brilhar as estrelas fulgurantes no alto, desvelando os caminhos constelados
do firmamento ao viajor perdido no mundo, acende, no céu de nossos ideais,
convicções novas e aspirações mais elevadas, a fim de que nosso espírito não se
perca na viagem para a vida superior.
“Nunca te deixarei, nem te desampararei” – promete a Divina
Bondade.
Nem solidão, nem abandono.
A Providência Celestial prossegue velando...
Mantenhamos, pois, a confortadora certeza de que toda tempestade
é seguida pela atmosfera tranquila e de que não existe noite sem alvorecer.
42
Por um pouco
“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do
que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado.” – Paulo. (Hebreus, 11:25.)
Nesta passagem refere-se Paulo à atitude de Moisés,
abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das suntuosidades da casa do Faraó,
a fim de consagrar-se à libertação dos companheiros cativos, criando imagem
sublime para definir a posição do espírito encarnado na Terra.
“Por um pouco”, o administrador dirige os interesses do povo.
“Por um pouco, o servidor obedece na subalternidade.
“Por um pouco”, o usurário retém o dinheiro.
“Por um pouco”, o infeliz padece privações.
Ah! se o homem reparasse a brevidade dos dias de que dispõe
na Terra! se visse a exiguidade dos recursos com que pode contar no vaso de
carne em que se movimenta!...
Certamente, semelhante percepção, diante da eternidade,
dar-lhe-ia novo conceito da bendita oportunidade, preciosa e rápida, que lhe
foi concedida no mundo.
Tudo favorece ou aflige a criatura terrestre, simplesmente
por um pouco de tempo.
Muita gente, contudo, vale-se dessa pequenina fração de horas
para complicar-se por muitos anos.
É indispensável fixar o cérebro e o coração no exemplo de
quantos souberam glorificar a romagem apressada no caminho comum.
Moisés não se deteve a gozar, “por um pouco”, no clima
faraônico, a fim de deixar-nos a legislação justiceira.
Jesus não se a balançou a disputar, nem mesmo “por um pouco”,
em face da crueldade de quantos o perseguiam, de modo a ensinar-nos o segredo
divino da Cruz com Ressurreição Eterna.
Paulo não se animou a descansar “por um pouco”, depois de
encontrar o Mestre às portas de Damasco, de maneira a legar-nos seu exemplo de
trabalho e fé viva.
Meu amigo, onde estiveres, lembra-te de que aí permaneces
“por um pouco” de tempo. Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza, trabalhando
sem cessar, na extensão do bem, porque é na demonstração do “pouco” que
caminharás para o “muito” de felicidade ou de sofrimento.
CONTINUA AMANHÃ
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