83
Avancemos além
“Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina do
Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do
arrependimento de obras mortas.” – Paulo. (Hebreus, 6:1.)
Aceitar o poder de Jesus, guardar certeza da própria
ressurreição além da morte, reconfortar-se ante os benefícios da crença, constituem
fase rudimentar no aprendizado do Evangelho.
Praticar as lições recebidas, afeiçoando a elas nossas
experiências pessoais de cada dia, representa o curso vivo e santificante.
O aluno que não se retira dos exercícios no alfabeto nunca
penetra o luminoso domínio mental dos grandes mestres.
Não basta situar nossa alma no pórtico do templo e aí dobrar
os joelhos reverentemente; é imprescindível regressar aos caminhos vulgares e
concretizar, em nós mesmos, os princípios da fé redentora, sublimando a vida
comum.
Que dizer do operário que somente visitasse a porta de sua
oficina, louvando-lhe a grandeza, sem, contudo, dedicar-se ao trabalho que ela
reclama? Que dizer do navio admiravelmente equipado que vivesse indefinidamente
na praia sem navegar?
Existem milhares de crentes da Boa Nova nessa lastimável
posição de estacionamento. São quase sempre pessoas corretas em todos os
rudimentos da doutrina do Cristo. Crêem, adoram e consolam-se, irrepreensivelmente;
todavia, não marcham para diante, no sentido de se tornarem mais sábias e mais
nobres. Não sabem agir, nem lutar e nem sofrer, em se vendo sozinhas, sob o
ponto de vista humano.
Precavendo-se contra semelhantes males, afirmou Paulo, com
profundo acerto: – “Deixando os rudimentos da doutrina de Jesus, prossigamos
até à perfeição, abstendo-nos de repetir muitos arrependimentos porque então
não passaremos de autores de obras mortas.”
Evitemos, assim, a posição do aluno que estuda e jamais se
harmoniza com a lição, recordando também que se o arrependimento é útil, de
quando em quando, o arrepender-se a toda hora é sinal de teimosia e viciação.
84
Na instrumentalidade
“Como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a
cítara?” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 14:7.)
Cada companheiro de serviço cristão deveria considerar-se
instrumento nas mãos do Divino Mestre, a fim de que a sublime harmonia do
Evangelho se faça irrepreensível para a vitória completa do bem.
Todavia, se a ilimitada sabedoria do Celeste Emissor se
mantém soberana e perfeita, os receptores terrenos pecam por deficiências
lamentáveis.
Esse tem fé, mas não sabe tolerar as lacunas do próximo.
Aquele suporta cristãmente as fraquezas do vizinho, contudo,
não possui energia nem mesmo para governar os próprios impulsos.
Aquele outro é bondoso e confiante, mas foge ao estudo e à
meditação, favorecendo a ignorância.
Outro, ainda, é imaginoso e entusiasta, entretanto, escapa
sutilmente ao esforço dos braços.
Um é conselheiro excelente, no entanto, não santifica os próprios
atos.
Outro retém brilhante verbo na pregação doutrinária, todavia,
é apaixonado cultor de anedotas menos dignas com que desfigura o respeito à
revelação de que é portador.
Esse estima a castidade do corpo, mas desvaira-se pela
aquisição de dinheiro fácil.
Outro, mais além, conseguiu desprender-se das posses de ouro
e terra, casa e moinho, mas cultiva verdadeiro incêndio na carne.
É indiscutível a nossa imperfeição de seguidores da Boa Nova.
Por isso mesmo, guardamos o título de aprendizes.
O Planeta não é o paraíso terminado e achamo-nos, por nossa
vez, muito distantes da angelitude.
Todavia, obedecendo ou administrando, ensinando ou
combatendo, é indispensável afinar o nosso instrumento de serviço pelo diapasão
do Mestre, se não desejamos prejudicar-lhe as obras.
Evitemos a execução insegura, indistinta ou perturbadora, oferecendo-lhe
plena boa vontade na tarefa que nos cabe, e o Reino Divino se manifestará mais
rapidamente onde estivermos.
CONTINUA AMANHÃ
Nenhum comentário:
Postar um comentário