Estejamos contentes
“Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos,
estejamos com isso contentes.” – Paulo. (1ª Epístola a Timóteo, 6:8.)
O monopolizador de trigo não poderá abastecer-se à mesa senão
de algumas fatias de pão, para saciar as exigências da sua fome.
O proprietário da fábrica de tecidos não despenderá senão alguns
metros de pano para a confecção de um costume, destinado ao próprio uso.
Ninguém deve alimentar-se ou vestir-se pelos padrões da gula
e da vaidade, mas sim de conformidade com os princípios que regem a vida em
seus fundamentos naturais.
Por que esperas o banquete, a fim de ofereceres algumas
migalhas ao companheiro que passa faminto?
Por que reclamas um tesouro de moedas na retaguarda, para
seres útil ao necessitado?
A caridade não depende da bolsa. É fonte nascida no coração.
É sempre respeitável o desejo de algo possuir no mealheiro
para socorro do próximo ou de si mesmo, nos dias de borrasca e insegurança, entretanto,
é deplorável a subordinação da prática do bem ao cofre recheado.
Descerra, antes de tudo, as portas da tua alma e deixa que o
teu sentimento fulgure para todos, à maneira de um astro cujos raios iluminem,
balsamizem, alimentem e aqueçam...
A chuva, derramando-se em gotas, fertiliza o solo e sustenta
bilhões de vidas.
Dividamos o pouco, e a insignificância da boa-vontade,
amparada pelo amor, se converterá com o tempo em prosperidade comum.
Algumas sementes, atendidas com carinho, no curso dos anos, podem
dominar glebas imensas.
Estejamos alegres e auxiliemos a todos os que nos partilhem a
marcha, porque, segundo a sábia palavra do apóstolo, se possuímos a graça de
contar com o pão e com o agasalho para cada dia, cabe-nos a obrigação de viver
e servir em paz e contentamento.
Certamente
“Certamente cedo venho.” – (Apocalipse, 22:20.)
Quase sempre, enquanto a criatura humana respira na carne
jovem, a atitude que lhe caracteriza o coração para com a vida é a de uma
criança que desconhece o valor do tempo.
Dias e noites são curtos para a internação em alegrias e
aventuras fantasiosas. Engodos mil da ilusão efêmera lhe obscurecem o olhar e
as horas se esvaem num turbilhão de anseios inúteis.
Raras pessoas escapam de semelhante perda. Geralmente, contudo,
quando a maturidade aparece e a alma já possui relativo grau de educação, o
homem reajusta, apressado, a conceituação do dia.
A semana é reduzida para o que lhe cabe fazer.
Compreende que os mesmos serviços, na posição em que se
encontra, se repetem a determinados meses do ano, perfeitamente recapitulados,
qual ocorre às estações de frio e calor, floração e frutescência para a Natureza.
Agita-se, inquieta-se, desdobra-se, no afã de multiplicar as
suas forças para enriquecer os minutos ou ampliá-los, favorecendo as próprias
energias.
E, comumente, ao termo da romagem, a morte do corpo
surpreende-o nos ângulos da expectativa ou do entretenimento, sem que lhe seja
dado recuperar os anos perdidos.
Não te embrenhes, assim, na selva humana, despreocupado de
tua habilitação à luz espiritual, ante o caminho eterno.
No penúltimo versículo do Novo Testamento, que é a Carta do
Amor Divino para a Humanidade, determinou o Senhor fosse gravada pelo apóstolo
a sua promessa solene:
“Certamente, cedo venho.”
Vale-te, pois, do tempo e não te faças tardio na preparação.
CONTINÚA AMANHÃ
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