quarta-feira, 3 de abril de 2013

SOMBRAS DO PASSADO - LIVRO DE H. FREITAS

CONTINUAÇÃO



     - Bom dia D. Beatriz, há mais de meia hora estou ligando para a senhora e só dava ocupado.
     - Estava conversando com Patrícia, uma irmã lá do Centro. Mas, diga logo, o que está acontecendo?
     - O Sr. Ronaldo queria falar com a senhora pelo telefone, mas como não conseguiu fazer a ligação, ele acabou de sair para a sua casa.
     - Tudo bem Glória, mas o que está acontecendo? Diga logo, estou ficando aflita.
     - O Sr. Ronaldo lhe contará tudo, ele deve estar chegando.
     - Por favor, diga logo o que aconteceu. Como está a minha neta? Se você não quer falar, passe o telefone para Cida. Sinto em suas palavras que aconteceu algo muito grave e você está com medo de falar. O Ronaldo vai demorar de chegar, estou ansiosa e preocupada e notando que você está escondendo alguma coisa que aconteceu com a Carol, acho que não vou espera-lo. Vou já para aí.
     - Não fique nervosa, vou lhe contar o que aconteceu, mas guarde segredo. A Cida não pode saber que lhe contei alguma coisa. Ontem à noite, quando o Sr. Ronaldo, a Cida conversou com ele e os dois subiram para falar com a Carol. Entraram no quarto e fecharam a porta. Pouco depois ouvi gritos da Carol, parece que estavam batendo nela. Meia hora depois eles saíram do quarto e eu perguntei se poderia entrar, para levar o lanche. A Cida respondeu que não e naquela noite ela não precisava lanchar, pois já tinha recebido o que merecia. Hoje cedo, quando fui levar o café, a Carol não estava  no quarto. Chamei a Cida e o Sr. Ronaldo que correram para o quarto e depois de alguns minutos, descobriram que ela tinha descido pela janela e fugira. O Sr. Ronaldo ficou desesperado e queria chamar a Policia, mas o Rodrigo não deixou, dizendo que ela devia ter ido para casa de alguma colega do Colégio e logo daria noticias. Parecia que a menos preocupada era a Cida, pois a ouvi dizendo para o Rodrigo, que era melhor ela ficar na casa de uma de suas amigas, que eram da mesma laia. Alô, D. Beatriz a senhora está ouvindo?
     - Estou Glória. Embora já tivesse sido avisada que receberia uma má noticia, não estava preparada para tanto. Fiquei sem ação e o coração apertado. Mas já está passando. O Rodrigo telefonou para as amigas dela, procurando-a? Provavelmente, ela deve ter ido procurar as amigas ou quem sabe, procurar o pai do seu filho.
     - Ainda não. Ele disse que seria melhor aguardar um pouco, para não deixa-las aflitas, como, também, evitar que uma simples saída da irmã se transformasse em escândalo nacional.
     - Glória vou desligar. O Ronaldo está chegando, depois eu ligo. Não se esqueça de me avisar sobre qualquer novidade.
     D. Beatriz desligou o telefone e correu à porta, para receber o filho.
     - Meu filho o que aconteceu com a Carol? Precisamos encontra-la o mais rápido possível, no estado que está poderá cometer qualquer desatino.
     - O desatino maior ela já fez, quando arrumou esta gravidez indesejada. Qualquer ato que pratique agora, não poderá trazer maior vergonha para a nossa família.
     - Meu filho você tem razão de estar nervoso e magoado com a Carol, porém, nada justifica esta raiva e rancor para com ela. A sua filha não foi a primeira e nem será a última a ser mãe solteira. Neste momento ela precisa de compreensão, de apoio e, principalmente, de muito amor.
     - Ora mamãe, o que ela precisa, juntamente com o moleque que a engravidou, é de uma boa surra e de um severo castigo.
     - Filho ela é sua filha, sangue do seu sangue. Procure perdoá-la e aceitar essa gravidez, como uma dádiva de DEUS e mais um ensinamento que a vida está proporcionado para vocês. Quantas mulheres fazem de tudo paras engravidar e não são dignas desta graça de DEUS.
     - Não coloque DEUS nas sem vergonhices de sua neta. Qual o ensinamento que um ato dessa natureza pode nos dar?
     - Tudo que passamos nesta vida serve de aprendizado e progresso em nossas encarnações futuras.
     - Lá vem à senhora com este papo de Espiritismo. O que interessa para nós são os atos que praticamos durante a nossa vida. Se forem bons, ganhamos admiração e proveitos próprios. Se forem maus, devemos ser castigados e pagar por eles. Isto é claro, durante a nossa vida, depois de morto não interessa mais.
     - Filho, como você está envolvido pelos bens materiais. Nem sempre as nossas ações e atos surtem efeitos na vida presente. Quantas pessoas boas, que só praticam o bem, a caridade e sofrem tanto. Assim como existe pessoas más, de mau caráter, má índole, que para proveito próprio não medem as consequências em praticar o mau para outrem e, no entanto, materialmente, vivem na opulência e prosperidade. Como explicar essas anomalias? A não ser pelas diversas reencarnações que devemos passar para alcançarmos a perfeição? Fique certo de uma coisa “o nosso presente é a consequência do nosso passado e  o nosso futuro será a consequência do nosso presente e, como não podemos modificar o nosso passado, reformulemos o nosso presente, para que possamos ter um futuro menos penoso”
     - Mamãe, não posso ficar pensando em filosofia Espírita, quando estou com um grande problema para resolver. A Carol não tinha o direito de transformar a minha vida neste inferno.

CONTINÚA AMANHÃ

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