sexta-feira, 19 de abril de 2013

SOMBRAS DO PASSADO - LIVRO DE H. FREITAS



     CONTINUAÇÃO

 - Já falei que não tenho interesse em saber do estado que a vagabunda foi encontrada. Qual o Hospital que a minha mãe foi?
     - Não sei Dr. Ronaldo,  só sei que é um Hospital grande e bonito.
     - Deve ser Hospital particular. A minha mãe vai gastar uma nota. Espero que não venha me pedir para reembolsá-la. Lugar de atender vagabunda e mendiga e no Hospital do SUS. Diga a minha mãe que me telefone, para a Empresa mesmo.
     Ronaldo desligou o telefone e viu que Cida estava na porta do quarto, ouvindo toda a conversa.
     - Agora deu para espionar os meus telefonemas? Telefonei para a minha mãe, que não estava em casa e tive a triste noticia que a vagabunda da sua filha foi encontrada e está hospitalizada.
     - Em qual Hospital?
     - Por quê? Quer visita-la? A Janete não sabe.
     - Eu visitá-la? Foi só curiosidade. Quero que ela morra.
     - Até que enfim concordamos em alguma coisa. Já estou atrasado, até logo.
     Ronaldo bateu a porta e saiu. Cida ficou matutando uma maneira de resolver a nova situação. Primeiramente, precisava descobrir o Hospital que ela estava internada. Depois faria uma visita e quando D. Beatriz estivesse ausente, daria um veneno para a vagabunda, em seguida iria ao Escritório do Ronaldo e o mataria e, por fim, se suicidaria. O plano estava traçado, só faltava executá-lo. Sentia que não teria coragem e sangue frio para tanto, mas ouvia uma voz que dizia:
     - Você é uma mulher de fibra e corajosa e estará agindo corretamente. Isso não é crime, é um acerto de contas que já devia ter sido executado há muito tempo.
     Cida, obsedada como estava não raciocinava, não usava a lógica e a razão. Só pensava em seguir a voz, que achava ser da sua consciência. Durante a noite anterior ouviu, constantemente, dizer que, com a vagabunda encontrada a D. Beatriz iria cobri-la de dengo, fazer todas as suas vontades e quando o bastardo nascesse seria pior. As atenções seriam voltadas para os dois. Talvez, até o Ronaldo, ao ver o neto, mudasse o seu pensamento. Cida ficava mais revoltada. Sentia inveja da filha e lembrava quando o Rodrigo nasceu, o primeiro neto, a D. Beatriz não demonstrava tanto amor. Foi visita-la no Hospital e outras vezes em casa, mas agia normalmente, como ganhar o primeiro neto era a coisa mais natural e rotineira. Com a vagabunda foi diferente e, agora,  a chegada do bisneto era a coisa mais extraordinária do mundo. Se não tomasse uma providência definitiva, como iria viver com a situação futura? A tarde telefonaria para a sua sogra e saberia qual o Hospital que a vagabunda estava.
     Cida estava dominada pela inveja e ciúme, duas chagas da humanidade, assim, também, pelos obsessores.
     Haverá maiores tormentos que aqueles causados pela inveja e ciúme? Para o invejoso e o ciumento não há repouso; estão perpetuamente em febre; o que eles não têm e o que os outros possuem lhes causam insônia; os sucessos dos seus rivais lhes dão vertigem; sua emulação não se exerce senão para eclipsar seus vizinhos, toda a sua alegria está em excitar nos insensatos, como eles, a cólera do ciúme de que estão possuídos. Pobres insensatos, com efeito, não sonham que amanhã lhes será preciso deixar todas essas futilidades, cuja cobiça envenena as suas vidas! Não é a eles que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”. Porque seus cuidados não são daqueles que têm compensação no céu.
     D. Beatriz ficou até as quinze horas no Hospital e não houve novidade. Como precisava ir ao Centro Espírita, falou com o médico de plantão na UTI e voltou para casa.
     Antes das dezoito horas estava no Centro. Pouco depois começaram chegar os colaboradores da casa e os frequentadores.
     O dia é dedicado à Palestra e análise do Evangelho. Um trabalho importante como todos, porém, mais leve do que nos dias de desobsessão.
     Com quase todos os médiuns presentes, Patrícia relatou o êxito que tiveram no dia anterior e completou dizendo que, embora a Carol estivesse hospitalizada e na UTI, o seu quadro não era de risco de vida e, o principal foi encontrá-la.
     Todos agradeceram à DEUS, por mais essa Graça alcançada e foram para o salão, onde seria iniciado o trabalho daquela noite.
     Após o termino das atividades do dia, os médiuns se reuniram para dar inicio ao trabalho de ajuda à Família de D. Beatriz.
     A primeira Entidade a se manifestar foi a mentora da Patrícia.
     - Meus irmãos que a Paz do Senhor esteja com todos. Vejo que estão todos alegres pelo aparecimento da menina Carol. Foi muito bom e no exato momento. Se demorasse mais dois dias ela não resistiria. Mas não fiquem inativos com os louros da vitória. Foi só uma batalha, a guerra não acabou, embora com o final próximo, não está definido o ganhador. D. Beatriz, a senhora informou para o seu filho o Hospital onde a menina está internada e, ele vai repassar para a sua esposa, que tentará, amanha, executar o plano traçado por Diogo, que é ir ao Hospital, matar a filha e seguir para o Escritório do marido, onde o matará e em seguida cometerá suicídio. Este é o plano e vocês precisam impedir a sua execução.

CONTINUA AMANHÃ

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