CONTINUAÇÃO
- Já falei que não tenho interesse em
saber do estado que a vagabunda foi encontrada. Qual o Hospital que a minha mãe
foi?
- Não sei Dr. Ronaldo, só sei que é um Hospital grande e bonito.
- Deve ser Hospital particular. A minha
mãe vai gastar uma nota. Espero que não venha me pedir para reembolsá-la. Lugar
de atender vagabunda e mendiga e no Hospital do SUS. Diga a minha mãe que me
telefone, para a Empresa mesmo.
Ronaldo desligou o telefone e viu que Cida
estava na porta do quarto, ouvindo toda a conversa.
- Agora deu para espionar os meus telefonemas?
Telefonei para a minha mãe, que não estava em casa e tive a triste noticia que
a vagabunda da sua filha foi encontrada e está hospitalizada.
- Em qual Hospital?
- Por quê? Quer visita-la? A Janete não
sabe.
- Eu visitá-la? Foi só curiosidade. Quero
que ela morra.
- Até que enfim concordamos em alguma
coisa. Já estou atrasado, até logo.
Ronaldo bateu a porta e saiu. Cida ficou matutando
uma maneira de resolver a nova situação. Primeiramente, precisava descobrir o
Hospital que ela estava internada. Depois faria uma visita e quando D. Beatriz
estivesse ausente, daria um veneno para a vagabunda, em seguida iria ao
Escritório do Ronaldo e o mataria e, por fim, se suicidaria. O plano estava traçado,
só faltava executá-lo. Sentia que não teria coragem e sangue frio para tanto,
mas ouvia uma voz que dizia:
- Você é uma mulher de fibra e corajosa e
estará agindo corretamente. Isso não é crime, é um acerto de contas que já
devia ter sido executado há muito tempo.
Cida, obsedada como estava não raciocinava,
não usava a lógica e a razão. Só pensava em seguir a voz, que achava ser da sua
consciência. Durante a noite anterior ouviu, constantemente, dizer que, com a
vagabunda encontrada a D. Beatriz iria cobri-la de dengo, fazer todas as suas
vontades e quando o bastardo nascesse seria pior. As atenções seriam voltadas
para os dois. Talvez, até o Ronaldo, ao ver o neto, mudasse o seu pensamento.
Cida ficava mais revoltada. Sentia inveja da filha e lembrava quando o Rodrigo nasceu,
o primeiro neto, a D. Beatriz não demonstrava tanto amor. Foi visita-la no Hospital
e outras vezes em casa, mas agia normalmente, como ganhar o primeiro neto era a
coisa mais natural e rotineira. Com a vagabunda foi diferente e, agora, a chegada do bisneto era a coisa mais extraordinária
do mundo. Se não tomasse uma providência definitiva, como iria viver com a situação
futura? A tarde telefonaria para a sua sogra e saberia qual o Hospital que a
vagabunda estava.
Cida estava dominada pela inveja e ciúme,
duas chagas da humanidade, assim, também, pelos obsessores.
Haverá maiores tormentos que aqueles causados
pela inveja e ciúme? Para o invejoso e o ciumento não há repouso; estão perpetuamente
em febre; o que eles não têm e o que os outros possuem lhes causam insônia; os
sucessos dos seus rivais lhes dão vertigem; sua emulação não se exerce senão
para eclipsar seus vizinhos, toda a sua alegria está em excitar nos insensatos,
como eles, a cólera do ciúme de que estão possuídos. Pobres insensatos, com
efeito, não sonham que amanhã lhes será preciso deixar todas essas futilidades,
cuja cobiça envenena as suas vidas! Não é a eles que se aplicam estas palavras:
“Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”. Porque seus cuidados não
são daqueles que têm compensação no céu.
D. Beatriz ficou até as quinze horas no Hospital
e não houve novidade. Como precisava ir ao Centro Espírita, falou com o médico
de plantão na UTI e voltou para casa.
Antes das dezoito horas estava no Centro.
Pouco depois começaram chegar os colaboradores da casa e os frequentadores.
O dia é dedicado à Palestra e análise do
Evangelho. Um trabalho importante como todos, porém, mais leve do que nos dias
de desobsessão.
Com quase todos os médiuns presentes, Patrícia
relatou o êxito que tiveram no dia anterior e completou dizendo que, embora a
Carol estivesse hospitalizada e na UTI, o seu quadro não era de risco de vida
e, o principal foi encontrá-la.
Todos agradeceram à DEUS, por mais essa
Graça alcançada e foram para o salão, onde seria iniciado o trabalho daquela
noite.
Após o termino das atividades do dia, os
médiuns se reuniram para dar inicio ao trabalho de ajuda à Família de D.
Beatriz.
A primeira Entidade a se manifestar foi a
mentora da Patrícia.
- Meus irmãos que a Paz do Senhor esteja
com todos. Vejo que estão todos alegres pelo aparecimento da menina Carol. Foi
muito bom e no exato momento. Se demorasse mais dois dias ela não resistiria.
Mas não fiquem inativos com os louros da vitória. Foi só uma batalha, a guerra
não acabou, embora com o final próximo, não está definido o ganhador. D.
Beatriz, a senhora informou para o seu filho o Hospital onde a menina está
internada e, ele vai repassar para a sua esposa, que tentará, amanha, executar
o plano traçado por Diogo, que é ir ao Hospital, matar a filha e seguir para o
Escritório do marido, onde o matará e em seguida cometerá suicídio. Este é o
plano e vocês precisam impedir a sua execução.
CONTINUA AMANHÃ
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