CONTINUAÇÃO
Cida saiu da biblioteca batendo a porta
com força. Ronaldo sentou-se em frente à filha, que por sua vez, estava sentada
ao lado da avó, ouvindo toda aquela discussão, sem parar de chorar. Ronaldo
falou rispidamente.
- Pare com esse choro. Devia chorar antes
de fazer a besteira, agora não vai resolver nada.
- Diga o nome do moleque que fez isso com
você que o obrigarei a reparar o mal que praticou ou lhe darei uma surra que o
fará se arrepender ter nascido e nunca mais desonrará filha de família.
- Papai, não adianta o senhor quem é o pai
do meu filho. Não o amo e não quero casar com ele. Portanto, o que adiantaria o
senhor dar uma surra nele?
- Você vai dizer quem é o vagabundo, nem
que eu tenha que surrá-la até você confessar.
Falando aos gritos, Ronaldo levantou e deu
uma bofetada no rosto da filha.
D. Beatriz levantou-se e colocando-se em
frente de Ronaldo, disse:
- Você ficou louco? Não permitirei que
volte a bater em Carol. Sente-se e vamos conversar como pessoas civilizadas.
- Mamãe, pelo amor que a senhora teve para
com o meu pai, saia e deixe-me as sós com esta vagabunda, que vai aprender a
ser uma moça direita.
- Filho, apesar de, atualmente, vivermos
em mundos diferentes continuo amando o seu pai como ele continua amando-me
também, mais quem vai sair é você. Deixe-nos sozinhas. Vocês não souberam
cria-la, acompanha-la e, principalmente, antes de serem pais, deveriam ter sido
amigos. Neste momento, você dois não têm condições psicológicas para interagirem
com a situação.
- Mamãe o caso não é viver a situação e
sim acabar com o problema uma vez por todas. E as duas únicas soluções que vejo
são: o casamento ou o aborto.
- Muito bem, esta é a sua maneira de ver,
porém, eu lhe peço que me deixe conversar com a Carol. Quem sabe, talvez
possamos resolver a questão de outra maneira. Tome um bom banho e vá para o
Escritório. Você chegou de viagem e deve ter muita coisa pendente a sua espera.
- Realmente mamãe, preciso ir ao
Escritório. Arranque o nome desse vagabundo, pois à noite, quando retornar,
quero tomar algumas providencias.
Ronaldo saiu da Biblioteca e D. Beatriz voltou
a sentar ao lado de Carol que, imediatamente, colocou a cabeça no colo da avó,
que começou acaricia-la, alisando os seus cabelos. Ficaram assim por mais de
dez minutos, sem pronunciarem uma única palavra. Carol quebrou o silencio,
dizendo:
- Vovó a senhora acha que devo casar-me
com uma pessoa que não amo ou fazer um aborto, matando um inocente, como querem
os meus pais?
- Não. As duas alternativas que eles lhes
deram são absurdas e contrárias ao bom senso e a lógica. Todavia, eu me
pergunto: Porque você se entregou a um rapaz a quem não ama? Principalmente,
facilitando a gravidez? Hoje existem muitos métodos para evita-la. Realmente
não consigo entender a sua atitude. Na minha época de juventude uma moça
solteira grávida era caso raro e quando acontecia, geralmente, ela se entrava
por amor. O rapaz assumia a responsabilidade, casando-se de imediato. Quando
não acontecia o casamento, a família mandava a jovem para o interior ou, até
mesmo para o exterior, a fim de esconder o fato. Havia, como até hoje, alguns
pais radicais que expulsavam as filhas de casa.
- Os tempos mudaram vovó. Hoje, a maioria
das jovens, por falta de atenção dos pais, é revoltada e procura todos os
motivos e meios para castigá-los.
- Em parte você tem razão, mas não seria
mais viável que vocês procurassem o diálogo? Até porque, os maiores
prejudicados são vocês.
Antes de Carol responder, Cida entrou na
Biblioteca e, aos gritos, disse:
- Carol já para o seu quarto. Ficará de
castigo até resolver dizer o nome do vagabundo. Não sairá nem para as
refeições, a Glória as levará ao quarto.
- Calma Cida, procure entender o momento
difícil que a sua filha está passando. Agora, mais do que nunca, ela está
precisando de compreensão, carinho e amor.
D. Beatriz procurava amenizar a situação e
diminuir a raiva e a revolta de sua nora.
- A senhora acha que o meu momento está
maravilhoso? E a vergonha que vamos passar com os comentários e mexericos dos
vizinhos e amigos? Quem é a culpada desta desgraça que caiu em nossa casa? A
única e exclusiva desta desgraça é essa vagabunda. Demos tudo do melhor. Bons
Colégios, boa mesada, bons exemplos, como eu, seu pai e seu irmão. Nada lhe
faltou e em troca olhe o que ela nos deu.
- Vocês deram, realmente, muita coisa, mas
esqueceram de dar amor, carinho, amizade, diálogo e, principalmente, limite.
Concordar, dizer sim é mais prático, mais cômodo e simples. O limite tem,
necessariamente, de ser acompanhado de explicação r justificativa, para poder
ser aceito sem ressentimentos. Será que a culpada é só a Carol?
- D. Beatriz eu lhe peço, pela nossa
amizade, não interfira neste caso. Só eu e o seu filho temos o direito e
obrigação de resolvê-lo. Porém, o seu filho, como sempre, está se omitindo
CONTINUA AMANHÃ
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