- Você está chorando? Venha almoçar comigo
e conversaremos melhor.
- Neste momento bem que gostaria de ter
alguém amigo para ouvir-me e não existe alguém melhor que a senhora.
Entretanto, ontem a noite quando falei com o papai ele disse para eu não sair
de casa que ele viria diretamente do aeroporto para conversar comigo.
Proibiu-me até de ir ao Colégio.
- Neste caso, parece-me que o assunto não
é tão normal como você disse. Vou imediatamente para aí.
- Vovó não fique preocupada, mas com a
senhora ao meu lado ficarei mais forte, mais protegida.
- Já estou saindo, até logo.
- Até logo vovó, a senhora é maravilhosa.
D. Beatriz desligou o telefone, tirou o
carro da garagem e seguiu para a casa do filho.
Cida, chorando, foi ao encontro do marido
que acabara de desembarcar.
- Ronaldo aconteceu uma desgraça em nossa.
Aliás, desgraça prevista por todos, menos por você, que nunca ligou para a sua
filha.
- Calma Cida, deixe de escândalos. Vamos
para casa, lá conversaremos melhor.
- Como você quer que fique calma? Já pensou
na vergonha que vamos passar, junto aos nossos vizinhos e amigos?
- Você tinha que ter pensado nisto antes,
agora não adianta. Já aconteceu.
Chegaram ao estacionamento. Ronaldo foi
dirigindo, pensativo e calado. Porém, Cida não parava de falar.
- Se você tivesse dado assistência e
ajudado a cria-la, isso não teria acontecido. Mas o que você fez? Omissão,
omissão, omissão. Com desculpa de serviço, nunca teve tempo para ela, aliás,
nem para ela e nem para mim. Ultimamente, até nos finais de semana você arruma
desculpa para passar fora de casa. Se não fosse apanhá-lo no aeroporto,
provavelmente, iria para o Escritório e só chegaria, em casa, tarde da noite,
como das outras vezes.
- Por favor, cale essa boca ou largo tudo
e viajo hoje mesmo para o exterior. Tenho uma reunião na Matriz e aproveito
para ficar livre de você e das consequências que a sua incompetência de mãe
proporcionou.
- Só faltava essa. A sua filha erra você se
acovarda me acusa de incompetente e, ainda, ameaça me abandonar. A muito tempo
desconfiava que você tinha outra mulher, agora tenho certeza. Ela estava no
avião com você? Por que não desceu de braço dado com ela? Poderíamos dar carona.
Que burra que fui, avisando que viria apanhá-lo, deveria ter vindo de surpresa.
- Pare de falar bobagens. Quanto a ser
burra talvez você tenha razão. Não necessariamente, mas muitas vezes,
incompetência é burrice.
Cida continuou falando sem parar. Ronaldo,
pensativo, calado, parecia que estava sozinho dentro do carro, o que a deixava
com mais raiva. Quando chegaram em casa encontraram D. Beatriz, na Biblioteca,
conversando com Carol.
Ao entrar na Biblioteca, Ronaldo,
dirigindo-se à D. Beatriz, falou em tom ríspido.
- Mamãe, por favor, gostaria de falar em
particular com esta vagabunda.
- Meu filho, em primeiro lugar, bom dia,
em segundo, essa vagabunda, como você disse, é a sua filha e, pelo que sei
gravidez não é vagabundagem e, finalmente, como sua mãe e avó de Carol, tenho
direito e obrigação de participar dessa conversa.
- Mamãe desculpe. Além de estar arrasado
pela noticia que a Cida me deu ontem à noite, o que me fez passar a noite
acordado, desde o momento que ela me apanhou no aeroporto até chegarmos aqui,
não parou de me acusar e falar bobagens. Realmente, estou muito nervoso e a sua
presença é benéfica.
- Compreendo a situação de vocês, mas não
podem perder a cabeça e transformar uma simples e bendita gravidez em desgraça
nacional.
- Ora D. Beatriz, para a senhora é uma simples
e bendita gravidez porque a filha não é sua e a vergonha junto aos nossos
vizinhos e amigos não é a senhora que vai passar. Acho melhor a senhora não
participar da nossa conversa com a Carol.
- A minha mãe vai ficar e participar. Se
você não está satisfeita pode se retirar.
- Vou me retirar sim, antes, porém,
gostaria de avisá-los que já tomei uma decisão. Caso ela continue escondendo o
nome do vagabundo ou não se case dentro de um mês, tomarei as devidas
providencias para ela abortar esse bastardo.
- Minha filha tenha calma e serenidade
para aceitar as provações da vida. Não blasfeme contra um inocente que, além de
ser seu neto é, principalmente, filho de DEUS. Nada acontece por acaso e sem o
consentimento do nosso Pai Celestial.
- Essa conversa é muito bonita para que
não está vivenciando o problema, como a senhora. Gostaria de saber se agiria
dessa maneira se a filha fosse sua.
- Cida, por favor, vamos para com esse assunto
para não criarmos outro problema. O que devemos resolver de imediato é o caso
Carol. Quando a sua decisão, embora ache que em parte você tem razão, mas,
enquanto eu morar nesta casa, a decisão final será sempre a minha – Ronaldo
terminou a frase aos gritos.
CONTINUAÇÃO
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