passava
pouco tempo em casa. A responsabilidade da casa e educação dos filhos, praticamente,
ficava a cargo exclusivo da Cida.
Ronaldo e
Cida formavam um casal feliz e amavam-se muito. Porém, há dois anos, a vida do
casal estava tornando-se insuportável. Ronaldo fora promovido a gerente da
filial do Brasil, cargo que lhe trouxe mais prestigio, privilégios, aumento de
salário e poder.
Trouxe,
também, mais trabalho e responsabilidade. Quando não estava viajando, para as
filiais na América do Sul ou para a Matriz, em Miami, ficava em reuniões até
altas horas da noite. Nos finais de semana, quando não recebia em casa amigos e
clientes, estava visitando-os em suas casas. No princípio, Cida adorava receber
e visitar pessoas diferentes, fazer novas amizades, mas, com o passar do tempo,
aquilo foi tornando-se uma rotina cansativa e maçante. Já não tinha tempo de
ficar à sós com o marido. Quando voltavam dessas visitas e festas, estavam
exaustos.
Ronaldo
absorvido com os problemas da Empesa e a expansão dos negócios, não tinha tempo
para dar atenção à Carol e, quando Cida, nos poucos momentos de intimidades, falava
dos problemas com a filha, era motivo para discussões e brigas. Ele alegava que
tinha muitos problemas da Empresa para resolver e os domésticos ela é que
deveria resolvê-los.
Cida amava o
marido e sabia que era amada, mas, estava vendo, que aos poucos, o seu
casamento estava acabando. Tudo por causa do comportamento de Carol, o que a fazia
não ter paciência para conversar com a filha,
de maneira ponderada e compreensiva.
Sabia que
ela estava errada e tinha a obrigação de consertá-la de qualquer maneira, como
se fosse um objeto ou uma máquina.
Por seu
lado, Carol que fora criada, desde o seu nascimento, com suas vontades, desejos
e caprichos atendidos sem a menor contestação, achava-se com direito,
principalmente agora que já se considerava adulta, de escolher o que era melhor
para si. Da sua turma, a única que tinha uma mãe chata e careta era ela. As
outras meninas da turma, algumas mais novas, tinham total liberdade de suas
mães, que eram modernas e tinham consciência que estava vivendo nos anos
noventa e não como a sua mãe, que parecia estar nos anos cinquenta. O
relacionamento entre as duas nem parecia de mãe e filha e sim de duas pessoas
estranhas e inimigas.
D. Beatriz,
avó de Carol por parte de pai, tivera somente um filho, o Ronaldo. Ficara viúva
a pouco mais de dez anos e não aceitava ir morar com o filho, preferindo morar
sozinha, embora tendo um ótimo relacionamento com a nora. Gostava muito da neta
e era a sua confidente, principalmente nos conflitos com a mãe.
Cida tinha
dois irmãos, ambos casados e era a caçula.
Ficara órfã aos quatros anos,
quando um acidente de automóvel tirou a vida de seus pais. Ela e os irmãos foram
criados por uma irmã de seu pai. Foram educados muito bem, inclusive, os dois
irmãos, Edson e Abelardo formaram-se em advogado dentista, respectivamente. A educação doméstica, desde o dia que
passaram para a responsabilidade da tia, foi muito rígida. Tinham os direitos
que toda criança e adolescente devem ter, também tinham obrigações e deveres,
ou seja, os seus direitos tinham limites. Cida casou aos dezoito anos. Um
casamento que tinha tudo para dar certo. Os noivos eram jovens, bonitos, com
boa formação moral e intelectual e tinham total apoio de suas famílias, que
eram conhecidas e amigas há muito tempo.
No inicio, apesar das dificuldades
naturais de todos recém-casados, foi um
período maravilhoso. Ronaldo voltava do serviço antes das dezenove horas
encontrando Cida a sua espera, arrumada e cada dia mais bonita e apaixonada. O
jantar, preparado pela empregada, era com os pratos preferidos dele. Nada tinha
a reclamar, somente a agradecer a DEUS por ter casado com uma mulher
maravilhosa.
Logo, Cida ficou grávida de Rodrigo,
que nasceu antes de completarem dois anos de casados.
A gravidez de Cida e o nascimento
do filho uniram, ainda, mais o casal. Dificilmente passavam um final de semana
em casa. Quando não iam para a casa de D. Beatriz ou para a casa dos irmãos de
Cida, iam para a casa de praia, pertencente a D. Beatriz. Durante a semana,
pelo menos uma noite, iam ao cinema ou teatro e aproveitavam para jantar fora.
Sempre juntos, parecendo um casal de namorados.
Com
o passar dos anos e a ascensão de Ronaldo na Empresa, que o obrigava a ficar
trabalhando até tarde da noite, bem como
as frequentes viagens, inclusive para Miami, o relacionamento foi esfriando.
Rodrigo estava com cinco anos e Cida achou que estava na hora de ter outro
filho, até porque, antes de casarem, tinham planejado ter dois filhos e,
também, pensava que um novo filho faria Ronaldo ser igual, como fora quando o Rodrigo nasceu. Porém,
com o nascimento de Carol as coisas pioraram. Cida passou a exigir mais atenção
para ela e os filhos, principalmente para o bebê.
Ronaldo
para evitar as cobranças de Cida e por conseguinte as brigas diárias,
passou a viajar mais e prolongar as estadas fora da cidade, principalmente nos
finais de semana. As viagens eram programadas, quase sempre, com partida às
sextas feiras e com retorno às terças.
Este clima desagradável se mantinha desde
a gravidez de Carol até aos dias atuais. Conforme Carol crescia, o
relacionamento do casal piorava, estando, atualmente, em níveis insuportáveis.
Quase não se falavam e quando acontecia era para brigarem e o assunto era o
comportamento de Carol.
CONTINÚA AMANHÃ
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