domingo, 10 de março de 2013

CAMINHO, VERDADE E VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO


173 
Zelo do bem

“E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” – (1ª Epístola de Pedro, 3:13.)
Temer os que praticam o mal é demonstrar que o bem ainda não se nos radicou na alma convenientemente.
A interrogação de Pedro reveste-se de enorme sentido.
Se existe sólido propósito do bem nos teus caminhos, se és cuidadoso em sua prática, quem mobilizará tamanho poder para anular as edificações de Deus?
O problema reside, entretanto, na necessidade de entendimento. Somos ainda incapazes de examinar todos os aspectos de uma questão, todos os contornos de uma paisagem. O que hoje nos parece a felicidade real pode ser amanhã cruel desengano. Nossos desejos humanos modificam-se aos jorros purificadores da fonte evolutiva. Urge, pois, afeiçoarmo-nos à Lei Divina, refletir-lhe os princípios sagrados e submeter-nos aos Superiores Desígnios, trabalhando incessantemente para o bem, onde estivermos.
Os melindres pessoais, as falsas necessidades, os preconceitos cristalizados, operam muita vez a cegueira do espírito. Procedem daí imensos desastres para todos os que guardam a intenção de bem fazer, dando ouvidos, porém, ao personalismo inferior.
Quem cultiva a obediência ao Pai, no coração, sabe encontrar as oportunidades de construir com o seu amor.
Os que alcançam, portanto, a compreensão legítima não podem temer o mal. Nunca se perdem na secura da exigência nem nos desvios do sentimentalismo. Para essas almas, que encontraram no íntimo de si próprias o prazer de servir sem indagar, os insucessos, as provas, as enfermidades e os obstáculos são simplesmente novas decisões das Forças Divinas, relativamente à tarefa que lhes dizem respeito, destinadas a conduzi-las para a vida maior.

174 
Pão de cada dia

“Dá-nos cada dia o nosso pão.” – Jesus. (Lucas, 11:3.)
Já pensaste no pão de cada dia?
À força de possuí-lo, em abundância, o homem costuma desvalorizá-lo, à maneira da criatura irrefletida que somente medita na saúde, ao sobrevir a enfermidade.
Se a maioria dos filhos da Terra estivessem à altura de atender à gratidão nos seus aspectos reais, bastaria o pão cotidiano para que não faltassem às coletividades terrestres perfeitas noções da existência de Deus. Tão magnânima é a bondade celestial que, promovendo recursos para a manutenção dos homens, escapa à admiração das criaturas, a fim de que compreendam melhor a vida, integrando-se nas responsabilidades que lhes dizem respeito, nas organizações de trabalho a que foram chamadas, com a finalidade de realizarem o aprimoramento próprio.
O Altíssimo deixa aos homens a crença de que o pão terrestre é conquista deles, para que se aperfeiçoem convenientemente no dom de servir. Em verdade, no entanto, o pão de cada dia, para todas as refeições do mundo, procede da Providência Divina.
O homem cavará o solo, espalhará as sementes, defenderá o serviço e cooperará com a Natureza, mas a germinação, o crescimento, a florescência e a frutificação pertencem ao Todo-Misericordioso.
No alimento de cada dia prevalece sublime ensinamento de colaboração entre o Criador e a criatura, que raras pessoas se dispõem a observar. Esforça-se o homem e o Senhor lhe concede as utilidades.
O servo trabalha e o Altíssimo lhe abençoa o suor.
É nesse processo de íntima cooperação e natural entendimento que o Pai espera colher, um dia, os doces frutos da perfeição no espírito dos filhos.

175 
Cooperação

“E ele respondeu: Como poderei entender se alguém me não ensinar?” – (Atos, 8:31.)
Desde a vinda de Jesus, o movimento de educação renovadora para o bem é dos mais impressionantes no seio da Humanidade.
Em toda parte, ergueram-se templos, divulgaram-se livros portadores de princípios sagrados.
Percebe-se em toda essa atividade a atuação sutil e magnânima do Mestre que não perde ocasião de atrair as criaturas de Deus para o Infinito Amor. Desse quadro bendito de trabalho destaca-se, porém, a cooperação fraternal que o Cristo nos deixou, como norma imprescindível ao desdobramento da iluminação eterna do mundo.
Ninguém guarde a presunção de elevar-se sem o auxílio dos outros, embora não deva buscar a condição parasitária para a ascensão. Referimo-nos à solidariedade, ao amparo proveitoso, ao concurso edificante. Os que aprendem alguma coisa sempre se valem dos homens que já passaram, e não seguem além se lhes falta o interesse dos contemporâneos, ainda que esse interesse seja mínimo.
Os apóstolos necessitaram do Cristo que, por sua vez, fez questão de prender os ensinamentos, de que era o divino emissário, às antigas leis.
Paulo de Tarso precisou de Ananias para entender a própria situação.
Observemos o versículo acima, extraído dos Atos dos Apóstolos. Filipe achava-se despreocupado, quando um anjo do Senhor o mandou para o caminho que descia de Jerusalém para Gaza. O discípulo atende e aí encontra um homem que lia a Lei sem compreendê-la. E entram ambos em santificado esforço de cooperação.
Ninguém permanece abandonado. Os mensageiros do Cristo socorrem sempre nas estradas mais desertas. É necessário, porém, que a alma aceite a sua condição de necessidade e não despreze o ato de aprender com humildade, pois não devemos esquecer, através do texto evangélico, que o mendigo de entendimento era o mordomo-mor da rainha dos etíopes, superintendente de todos os seus tesouros. Além disso, ele ia de carro e Filipe, a pé.



CONTINÚA AMANHÃ

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