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Comunicações
“Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os
espíritos são de Deus.” – (1 João, 4:1.)
Os novos discípulos do Evangelho, em seus agrupamentos de
intercâmbio com o mundo espiritual, quase sempre manifestam ansiedade em estabelecer
claras e perfeitas comunicações com o Além.
Se muitas vezes aparecem fracassos, nesse particular, se as
experimentações são falhas de êxito, é que, na maioria dos casos, o indagador
obedece muito mais ao egoísmo próprio que ao imperativo edificante.
O propósito de exclusividade, nesse sentido, abre larga porta
ao engano. Através dela, malfeitores com instrumentos nocivos podem penetrar o
templo, de vez que o aprendiz cerrou os olhos ao horizonte das verdades
eternas.
Bela e humana a dilatação dos laços de amor que unem o homem
encarnado aos familiares que o precederam na jornada de Além-Túmulo, mas é
inaceitável que o estudante obrigue quem lhe serviu de pai ou de irmão a
interferir nas situações particulares que lhe dizem respeito.
Haverá sempre quem dispense luz nas assembléias de homens
sinceros. O programa de semelhante assistência, contudo, não pode ser
substancialmente organizado pelas criaturas, muita vez inscientes das
necessidades próprias. Em virtude disso, recomendou o apóstolo que o discípulo
atente, não para quem fale, mas para a essência das palavras, a fim de
certificar-se se o visitante vem de Deus.
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Poderes ocultos
“E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nas
aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças e lhe rogavam que os
deixasse tocar ao menos na orla de seu vestido; e todos os que nele tocavam,
saravam.” – (Marcos, 6:56.)
Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos
afoitos a procurarem, de qualquer modo, a aquisição de poderes ocultos que lhes
confira posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias, enchem-se das
afirmativas de grande alcance.
O anseio de melhorar-se, o desejo de equilíbrio, a intenção
de manter a paz, constituem belos propósitos; no entanto, é recomendável que o
aprendiz não se entregue a preocupações de notoriedade, devendo palmilhar o
terreno dessas cogitações com a cautela possível.
Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação.
Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de
recursos desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocar-lhe as
vestiduras para que se curassem de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam
o movimento aos paralíticos, a visão aos cegos. Entretanto, no dia do Calvário,
vemos o Mestre ferido e ultrajado, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam
apanágio divino, em benefício da própria situação. Havendo cumprido a lei
sublime do amor, no serviço do Pai, entregou-se à sua vontade, em se tratando
dos interesses de si mesmo. A lição do Senhor é bastante significativa.
É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de
energias espirituais, recordando-se, porém, de que, antes do nosso, permanece o
bem dos outros e que esse bem, distribuído no caminho da vida, é a voz que
falará por nós a Deus e aos homens, hoje ou amanhã.
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Para testemunhar
“E vos acontecerá isto para testemunho.” – Jesus. (Lucas,
21:13.)
Naturalmente que o Mestre não folgará de ver seus discípulos
mergulhados no sofrimento. Considerando, porém, as necessidades extensas dos
homens da Terra, compreende o caráter indispensável das provações e dos
obstáculos.
A pedagogia moderna está repleta de esforços seletivos, de
concursos de capacidade, de testes da inteligência.
O Evangelho oferece situações semelhantes.
O amigo do Cristo não deve ser uma criatura sombria, à espera
de padecimentos; entretanto, conhecendo a sua posição de trabalho, num plano
como a Terra, deve contar com dificuldades de toda sorte.
Para os gozos falsificados do mundo, o Planeta está cheio de
condutores enganados.
Como invocar o Salvador para a continuidade de fantasias?
Quando chamados para o Cristo, é para que aprendamos a executar o trabalho em
favor da esfera maior, sem olvidarmos que o serviço começa em nós mesmos.
Existem muitos homens de valor cultural que se constituíram
em mentores dos que desejam mentirosos regalos no plano físico.
No Evangelho, porém, não acontece assim. Quando o Mestre
convida alguém ao seu trabalho, não é para que chore em desalento ou repouse em
satisfação ociosa.
Se o Senhor te chamou, não te esqueças de que já te considera
digno de testemunhar.
CONTINÚA AMANHÃ
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