144
Que temos com o Cristo?
“Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? vieste destruir-nos?
Bem sei quem és: o Santo de Deus.” – (Marcos, 1:24.)
Grande erro supor que o Divino Mestre houvesse terminado o
serviço ativo, no Calvário.
Jesus continua caminhando em todas as direções do mundo; seu
Evangelho redentor vai triunfando, palmo a palmo, no terreno dos corações.
Semelhante circunstância deve ser lembrada porque também os
Espíritos maléficos tentam repelir o Senhor diariamente.
Refere-se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam
do corpo da criatura.
Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem dominando
vastos organismos do mundo.
Na edificação da política, erguida para manter os princípios
da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio,
formado para estabelecer a fraternidade, aparecem com os apelidos de ambição e
egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso
universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância
sectária.
Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessão de
Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito
mais.
E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e
organizações indagam com pressa:
“Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?”
É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto
o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico,
vestido nas túnicas brilhantes da falsa ciência.
145
Doutrinações
“Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os
espíritos; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos nos céus.”
– Jesus. (Lucas, 10:20.)
Freqüentemente encontramos novos discípulos do Evangelho
exultando de contentamento, porque os Espíritos perturbados se lhes sujeitam.
Narram, com alegria, os resultados de sessões empolgantes,
nas quais doutrinaram, com êxito, entidades muita vez ignorantes e perversas.
Perdem-se muitos no emaranhado desses deslumbramentos e tocam
a multiplicar os chamados “trabalhos práticos”, sequiosos por orientar, em
contactos mais diretos, os amigos inconscientes ou infelizes dos planos
imediatos à esfera carnal.
Recomendou Jesus o remédio adequado a situações semelhantes,
em que os aprendizes, quase sempre interessados em ensinar os outros, esquecem,
pouco a pouco, de aprender em proveito próprio.
Que os doutrinadores sinceros se rejubilem, não por
submeterem criaturas desencarnadas, em desespero, convictos de que em tais
circunstâncias o bem é ministrado, não propriamente por eles, em sua feição
humana, mas por emissários de Jesus, caridosos e solícitos, que os utilizam à
maneira de canais para a Misericórdia Divina; que esse regozijo nasça da
oportunidade de servir ao bem, de consciência sintonizada com o Mestre Divino,
entre as certezas doces da fé, solidamente guardada no coração.
A palavra do Mestre aos companheiros é muito expressiva e
pode beneficiar amplamente os discípulos inquietos de hoje.
146
No trato com o invisível
“E, chamando-os a si, disse-lhes por parábolas: Como
pode Satanás expulsar Satanás?” – (Marcos, 3:23.)
Esta passagem do Evangelho é sumamente esclarecedora para os
companheiros da atualidade que, nas tarefas do Espiritismo cristão, se esforçam
por auxiliar desencarnados infelizes a se equilibrarem no caminho redentor.
Ninguém aguarde êxito imediato, ao procurar amparar os que se
perderam na desorientação.
É impossível dispensar a colaboração do tempo para que se
esclareçam as personagens das tragédias humanas e, segundo sabemos, nem mesmo
os apóstolos conseguiram, de pronto, convencer as entidades perturbadas, quanto
ao realismo de sua perigosa situação. Todavia, sem atitudes esterilizantes,
muito pode fazer o discípulo no setor dessas atividades iluminativas. Na
atualidade, companheiros devotados ao serviço ainda sofrem a perseguição dos
adversários da luz, que lhes atribuem sombrio pacto com poderes perversos. O
sectarismo religioso cognomina-os sequazes de Satanás, impondo-lhes torturas e
humilhações.
No entanto, as mesmas objurgatórias e recriminações
descabidas foram atiradas ao Mestre Divino pelo sacerdócio organizado de seu
tempo. Atendendo aos enfermos e obsidiados, entregues a destrutivas forças da
sombra, recebeu Jesus o título de feiticeiro, filho de Belzebu. Isso constitui
significativa recordação que, naturalmente, infundirá muito conforto aos discípulos
novos.
CONTINÚA AMANHÃ
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