quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

CAMINHO, VERDADE E VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER



CONTINUAÇÃO

141 
Pior para eles

“Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” – (Lucas, 4:21.)
Tomando lugar junto dos habitantes de Nazaré, exclamou Jesus, após ler algumas promessas de Isaias: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.”
Os agrupamentos religiosos são procurados, quase sempre, por investigadores curiosos que, à primeira vista, parecem vagabundos itinerantes; todavia, é forçoso reconhecer que há sempre ascendentes espirituais compelindo-lhes o espírito ao exame e à consulta; eles próprios não saberiam definir essa convocação sutil e silenciosa que os obriga a ouvir, por vezes, grandes preleções, longas palestras, exposições e elucidações que, aparentemente, não os interessam.
Em várias circunstâncias, afirmam tolerar o assunto, em vista do código de gentileza e do respeito mútuo; entretanto, não é assim. Existe algo mais forte, além das boas maneiras que os compelem a ouvir. É que soou o momento da revelação espiritual para eles.
Muitos continuam indiferentes, irônicos, recalcitrantes, mas a responsabilidade do conhecimento já lhes pesa nos ombros e, se pudessem sentir a verdade com mais clareza, albergariam a carinhosa admoestação do Mestre no íntimo da alma: “Hoje se cumpre esta Escritura em vossos ouvidos.”
A misericórdia foi dispensada. Deu Jesus alguma coisa de sua bondade infinita. Cumpriu-se a divina palavra. Se os interessados não se beneficiarem com ela, pior para eles.

142 
Um só Senhor

“Nenhum servo pode servir a dois senhores.” – Jesus. (Lucas, 16:13.)
Se os cristãos de todos os tempos encontraram dolorosas situações de perplexidade nas estradas do mundo, é que, depois dos apóstolos e dos mártires, a maioria tem cooperado na divulgação de falsos sentimentos, com respeito ao Senhor a quem devem servir.
Como o Reino do Cristo ainda não é da Terra, não se pode satisfazer a Jesus e ao mundo, a um só tempo. O vício e o dever não se aliam na marcha diária.
Que dizer de um homem que pretenda dirigir dois centros de atividade antagônica, em simultâneo esforço?
Cristo é a linha central de nossas cogitações.
Ele é o Senhor único, depois de Deus, para os filhos da Terra, com direitos inalienáveis, porquanto é a nossa luz do primeiro dia evolutivo e adquiriu-nos para a redenção com os sacrifícios de seu amor.
Somos servos dEle. Precisamos atender-lhe aos interesses sublimes, com humildade. E, para isso, é necessário não fugir do mundo, nem das responsabilidades que nos cercam, mas, sim, transformar a parte de serviço confiada ao nosso esforço, nos círculos de luta, em célula de trabalho do Cristo.
A tarefa primordial do discípulo é, portanto, compreender o caráter transitório da existência carnal, consagrar-se ao Mestre como centro da vida e oferecer aos semelhantes os seus divinos benefícios.

143 
Legião do mal

“E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? – Ao que ele respondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos.” – (Marcos, 5:9.)
O Mestre legou inolvidável lição aos discípulos nesta passagem dos Evangelhos.
Dispensador do bem e da paz, aproxima-se Jesus do Espírito perverso que o recebe em desesperação.
O Cristo não se impacienta e indaga carinhosamente de seu nome, respondendo-lhe o interpelado:
“Chamo-me Legião, porque somos muitos.”
Os aprendizes que o seguiam não souberam interpretar a cena, em toda a sua expressão simbólica.
E até hoje pergunta-se pelo conteúdo da ocorrência com justificável estranheza.
É que o Senhor desejava transmitir imortal ensinamento aos companheiros de tarefa redentora.
À frente do Espírito delinqüente e perturbado, Ele era apenas um; o interlocutor, entretanto, denominava-se “Legião”, representava maioria esmagadora, personificava a massa vastíssima das intenções inferiores e criminosas. Revelava o Mestre que, por indeterminado tempo, o bem estaria em proporção diminuta comparado ao mal em aludes arrasadores.
Se te encontras, pois, a serviço do Cristo na Terra, não te esqueças de perseverar no bem, dentro de todas as horas da vida, convicto de que o mal se faz sentir em derredor, à maneira de legião ameaçadora, exigindo funda serenidade e grande confiança no Cristo, com trabalho e vigilância, até à vitória final.



CONTINUAÇÃO

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