CONTINUAÇÃO
141
Pior para eles
“Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura
em vossos ouvidos.” – (Lucas, 4:21.)
Tomando lugar junto dos habitantes de Nazaré, exclamou Jesus,
após ler algumas promessas de Isaias: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos
ouvidos.”
Os agrupamentos religiosos são procurados, quase sempre, por
investigadores curiosos que, à primeira vista, parecem vagabundos itinerantes;
todavia, é forçoso reconhecer que há sempre ascendentes espirituais compelindo-lhes
o espírito ao exame e à consulta; eles próprios não saberiam definir essa
convocação sutil e silenciosa que os obriga a ouvir, por vezes, grandes
preleções, longas palestras, exposições e elucidações que, aparentemente, não
os interessam.
Em várias circunstâncias, afirmam tolerar o assunto, em vista
do código de gentileza e do respeito mútuo; entretanto, não é assim. Existe
algo mais forte, além das boas maneiras que os compelem a ouvir. É que soou o
momento da revelação espiritual para eles.
Muitos continuam indiferentes, irônicos, recalcitrantes, mas
a responsabilidade do conhecimento já lhes pesa nos ombros e, se pudessem
sentir a verdade com mais clareza, albergariam a carinhosa admoestação do
Mestre no íntimo da alma: “Hoje se cumpre esta Escritura em vossos ouvidos.”
A misericórdia foi dispensada. Deu Jesus alguma coisa de sua
bondade infinita. Cumpriu-se a divina palavra. Se os interessados não se
beneficiarem com ela, pior para eles.
142
Um só Senhor
“Nenhum servo pode servir a dois senhores.” – Jesus.
(Lucas, 16:13.)
Se os cristãos de todos os tempos encontraram dolorosas situações
de perplexidade nas estradas do mundo, é que, depois dos apóstolos e dos
mártires, a maioria tem cooperado na divulgação de falsos sentimentos, com
respeito ao Senhor a quem devem servir.
Como o Reino do Cristo ainda não é da Terra, não se pode satisfazer
a Jesus e ao mundo, a um só tempo. O vício e o dever não se aliam na marcha
diária.
Que dizer de um homem que pretenda dirigir dois centros de
atividade antagônica, em simultâneo esforço?
Cristo é a linha central de nossas cogitações.
Ele é o Senhor único, depois de Deus, para os filhos da
Terra, com direitos inalienáveis, porquanto é a nossa luz do primeiro dia
evolutivo e adquiriu-nos para a redenção com os sacrifícios de seu amor.
Somos servos dEle. Precisamos atender-lhe aos interesses
sublimes, com humildade. E, para isso, é necessário não fugir do mundo, nem das
responsabilidades que nos cercam, mas, sim, transformar a parte de serviço
confiada ao nosso esforço, nos círculos de luta, em célula de trabalho do
Cristo.
A tarefa primordial do discípulo é, portanto, compreender o
caráter transitório da existência carnal, consagrar-se ao Mestre como centro da
vida e oferecer aos semelhantes os seus divinos benefícios.
143
Legião do mal
“E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? – Ao que ele
respondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos.” – (Marcos, 5:9.)
O Mestre legou inolvidável lição aos discípulos nesta
passagem dos Evangelhos.
Dispensador do bem e da paz, aproxima-se Jesus do Espírito
perverso que o recebe em desesperação.
O Cristo não se impacienta e indaga carinhosamente de seu
nome, respondendo-lhe o interpelado:
“Chamo-me Legião, porque somos muitos.”
Os aprendizes que o seguiam não souberam interpretar a cena,
em toda a sua expressão simbólica.
E até hoje pergunta-se pelo conteúdo da ocorrência com
justificável estranheza.
É que o Senhor desejava transmitir imortal ensinamento aos
companheiros de tarefa redentora.
À frente do Espírito delinqüente e perturbado, Ele era apenas
um; o interlocutor, entretanto, denominava-se “Legião”, representava maioria
esmagadora, personificava a massa vastíssima das intenções inferiores e criminosas.
Revelava o Mestre que, por indeterminado tempo, o bem estaria em proporção
diminuta comparado ao mal em aludes arrasadores.
Se te encontras, pois, a serviço do Cristo na Terra, não te esqueças
de perseverar no bem, dentro de todas as horas da vida, convicto de que o mal
se faz sentir em derredor, à maneira de legião ameaçadora, exigindo funda
serenidade e grande confiança no Cristo, com trabalho e vigilância, até à
vitória final.
CONTINUAÇÃO
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