66
Como pedes?
“Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi, e
recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.” – Jesus. (João, 16:24.)
Em muitos recantos, encontramos criaturas desencantadas da
oração.
Não prometeu Jesus a resposta do Céu aos que pedissem no seu
nome? Muitos corações permanecem desalentados porque a morte lhes roubou um
ente amigo, porque desastres imprevistos lhes surgiram na estrada comum.
Entretanto, repitamos, o Mestre Divino ensinou que o homem
deveria solicitar em seu nome.
Por isso mesmo, a alma crente, convicta da própria
fragilidade, deveria interrogar a consciência sobre o conteúdo de suas
rogativas ao Supremo Senhor, no mecanismo das manifestações espirituais.
Estará suplicando em nome do Cristo ou das vaidades do mundo?
Reclamar, em virtude dos caprichos que obscurecem os caminhos do coração, é
atirar ao Divino Sol a poeira das inquietações terrenas; mas pedir, em nome de
Jesus, é aceitar-lhe a vontade sábia e amorosa, é entregar-se-lhe de coração
para que nos seja concedido o necessário.
Somente nesse ato de compreensão perfeita do seu amor sublime
encontraremos o gozo completo, a infinita alegria.
Observa a substância de tuas preces. Como pedes? Em nome do mundo
ou em nome do Cristo? Os que se revelam desanimados com a oração confessam a
infantilidade de suas rogativas.
67
Os vivos do Além
“E eis que estavam falando com ele dois varões, que
eram Moisés e Elias.” – (Lucas, 9:30.)
Várias escolas religiosas, defendendo talvez determinados
interesses do sacerdócio, asseguram que o Evangelho não apresenta bases ao
movimento de intercâmbio entre os homens e os espíritos desencarnados que os
precederam na jornada do Mais Além...
Entretanto, nesta passagem de Lucas, vemos o Mestre dos
Mestres confabulando com duas entidades egressas da esfera invisível de que o
sepulcro é a porta de acesso.
Aliás, em diversas circunstâncias encontramos o Cristo em
contacto com almas perturbadas ou perversas, aliviando os padecimentos de
infortunados perseguidos. Todavia, a mentalidade dogmática encontrou aí a manifestação
de Satanás, inimigo eterno e insaciável.
Aqui, porém, trata-se de sublime acontecimento no labor. Não
vemos qualquer demonstração diabólica e, sim, dois espíritos gloriosos em conversação
íntima com o Salvador. E não podemos situar o fenômeno em associação de
generalidades, porquanto os “amigos do outro mundo”, que falaram com Jesus
sobre o monte, foram devidamente identificados. Não se registrou o fato, declarando-se,
por exemplo, que se tratava da visita de um anjo, mas de Moisés e do
companheiro, dando-se a entender claramente que os “mortos” voltam de sua nova
vida.
68
Além-túmulo
“E, se não há ressurreição de mortos, também o Cristo
não ressuscitou.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 15:13.)
Teólogos eminentes, tentando harmonizar interesses temporais
e espirituais, obscureceram o problema da morte, impondo sombrias perspectivas
à simples solução que lhe é própria.
Muitos deles situaram as almas em determinadas zonas de
punição ou de expurgo, como se fossem absolutos senhores dos elementos
indispensáveis à análise definitiva. Declararam outros que, no instante da
grande transição, submerge-se o homem num sono indefinível até o dia derradeiro
consagrado ao Juízo Final.
Hoje, no entanto, reconhece a inteligência humana que a
lógica evolveu com todas as possibilidades de observação e raciocínio.
Ressurreição é vida infinita. Vida é trabalho, júbilo e
criação na eternidade.
Como qualificar a pretensão daqueles que designam vizinhos e
conhecidos para o inferno ilimitado no tempo? como acreditar permaneçam
adormecidos milhões de criaturas, aguardando o minuto decisivo de julgamento,
quando o próprio Jesus se afirma em atividade incessante?
Os argumentos teológicos são respeitáveis; no entanto, não
deveremos desprezar a simplicidade da lógica humana.
Comentando o assunto, portas a dentro do esforço cristão,
somos compelidos a reconhecer que os negadores do processo evolutivo do homem
espiritual, depois do sepulcro, definem-se contra o próprio Evangelho. O Mestre
dos Mestres ressuscitou em trabalho edificante. Quem, desse modo, atravessará o
portal da morte para cair em ociosidade incompreensível? Somos almas, em função
de aperfeiçoamento, e, além do túmulo, encontramos a continuação do esforço e
da vida.
CONTINÚA AMANHÃ
Nenhum comentário:
Postar um comentário