117
Terra proveitosa
“Porque a terra que embebe a chuva, que cai muitas
vezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada,
recebe a bênção de Deus.” – Paulo. (Hebreus, 6:7.)
Os discípulos do Cristo encontrarão sempre grandes lições, em
contacto com o livro da Natureza.
O convertido de Damasco refere-se aqui à terra proveitosa que
produz abundantemente, embebendo-se da chuva que cai, incessante, na sua superfície,
representando o vaso predileto de recepção das bênçãos de Deus.
Transportemos o símbolo ao país dos corações. Somente aqueles
espíritos atentos aos benefícios espirituais, que chovem diariamente do céu,
são suscetíveis de produzir as utilidades do serviço divino, guardando as bênçãos
do Senhor.
Não que o Pai estabeleça prerrogativas injustificáveis. Sua
proteção misericordiosa estende-se a todos, indistintamente, mas nem todos a
recebem, isto é, inúmeras criaturas se fecham no egoísmo e na vaidade, envolvendo
o coração em sombras densas.
Deus dá em todo tempo, mas nem sempre os filhos recebem, de
pronto, as dádivas paternais. Apenas os corações que se abrem à luz espiritual,
que se deixam embeber pelo orvalho divino, correspondem ao ideal do Lavrador
Celeste.
O Altíssimo é o Senhor do Universo, sumo dispensador de bênçãos
a todas as criaturas. No planeta terreno, Jesus é o Sublime Cultivador. O
coração humano é a terra.
Cumpre-nos, portanto, compreender que não se lavra o solo sem
retificá-lo ou sem feri-lo e que somente a terra tratada produzirá erva
proveitosa, alimentando e beneficiando na Casa de Deus, atendendo, destarte, a
esperança do horticultor.
118
O paralítico
“E não podendo aproximar-se dele, por causa da
multidão, destelharam a casa onde Jesus estava e, feita uma abertura, baixaram
o leito em que jazia o paralítico.” – (Marcos, 2:4.)
Muitas pessoas confessam sua necessidade do Cristo, mas
freqüentemente alegam obstáculos que lhes impedem a sublime aproximação.
Uns não conseguem tempo para a meditação, outros experimentam
certas inquietudes que lhes parecem intermináveis.
Todavia, para que nos sintamos na vizinhança do Mestre, como
legítimos interessados em seus benefícios imortais, faz-se imprescindível
estender a capacidade, dilatar os recursos próprios e marchar ao encontro dEle,
sob a luz da fé viva.
Relata-nos o Evangelho de Marcos a curiosa decisão do paralítico
que, localizando a casa em que se achava o Senhor, plenamente sitiada pela
multidão, longe de perder a oportunidade, amparou-se no auxílio dos amigos,
deixando-se resvalar por um buraco, levado a efeito no telhado, de maneira a
beneficiar-se no contacto do Salvador, aproveitando fervorosamente o ensejo
divino.
Recorda o paralítico de Cafarnaum e, na hipótese de
encontrares grandes dificuldades para gozar a presença do Cristo, pelos teus
impedimentos de ordem material, dirige-te para o Alto, com o amparo de teus
amigos espirituais, e deixa-te cair aos seus pés divinos, recebendo forças
novas que te restabeleçam a paz e o bom ânimo.
119
Glória cristã
“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa
consciência.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 1:12.)
Desde as tribos selvagens, que precederam a organização das
famílias humanas, tem sido a Terra grande palco utilizado na exibição das
glórias passageiras.
A concorrência intensificou a procura de títulos honoríficos
transitórios.
O mundo desde muito conhece glórias sangrentas da luta
homicida, glórias da avareza nos cofres da fortuna morta, do orgulho nos
pergaminhos brasonados e inúteis, da vaidade nos prazeres mentirosos que
precedem o sepulcro; a ciência cristaliza as que lhe dizem respeito nas
academias isoladas; as religiões sectaristas nas pompas externas e nas
expressões do proselitismo.
Num plano onde campeiam tantas glórias fáceis, a do cristão é
mais profunda, mais difícil. A vitória do seguidor de Jesus é quase sempre no
lado inverso dos triunfos mundanos. É o lado oculto. Raros conseguem vê-lo com
olhos mortais.
Entretanto, essa glória é tão grande que o mundo não a proporciona,
nem pode subtraí-la. É o testemunho da consciência própria, transformada em
tabernáculo do Cristo vivo.
No instante divino dessa glorificação, deslumbra-se a alma
ante as perspectivas do Infinito. É que algo de estranho aconteceu aí dentro,
na cripta misteriosa do coração: o filho achou seu Pai em plena eternidade.
CONTINUA AMANHÃ
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