terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CAMINHO, VERDADE E VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO


117 
Terra proveitosa

“Porque a terra que embebe a chuva, que cai muitas vezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus.” – Paulo. (Hebreus, 6:7.)
Os discípulos do Cristo encontrarão sempre grandes lições, em contacto com o livro da Natureza.
O convertido de Damasco refere-se aqui à terra proveitosa que produz abundantemente, embebendo-se da chuva que cai, incessante, na sua superfície, representando o vaso predileto de recepção das bênçãos de Deus.
Transportemos o símbolo ao país dos corações. Somente aqueles espíritos atentos aos benefícios espirituais, que chovem diariamente do céu, são suscetíveis de produzir as utilidades do serviço divino, guardando as bênçãos do Senhor.
Não que o Pai estabeleça prerrogativas injustificáveis. Sua proteção misericordiosa estende-se a todos, indistintamente, mas nem todos a recebem, isto é, inúmeras criaturas se fecham no egoísmo e na vaidade, envolvendo o coração em sombras densas.
Deus dá em todo tempo, mas nem sempre os filhos recebem, de pronto, as dádivas paternais. Apenas os corações que se abrem à luz espiritual, que se deixam embeber pelo orvalho divino, correspondem ao ideal do Lavrador Celeste.
O Altíssimo é o Senhor do Universo, sumo dispensador de bênçãos a todas as criaturas. No planeta terreno, Jesus é o Sublime Cultivador. O coração humano é a terra.
Cumpre-nos, portanto, compreender que não se lavra o solo sem retificá-lo ou sem feri-lo e que somente a terra tratada produzirá erva proveitosa, alimentando e beneficiando na Casa de Deus, atendendo, destarte, a esperança do horticultor.

118 
O paralítico

“E não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, destelharam a casa onde Jesus estava e, feita uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.” – (Marcos, 2:4.)
Muitas pessoas confessam sua necessidade do Cristo, mas freqüentemente alegam obstáculos que lhes impedem a sublime aproximação.
Uns não conseguem tempo para a meditação, outros experimentam certas inquietudes que lhes parecem intermináveis.
Todavia, para que nos sintamos na vizinhança do Mestre, como legítimos interessados em seus benefícios imortais, faz-se imprescindível estender a capacidade, dilatar os recursos próprios e marchar ao encontro dEle, sob a luz da fé viva.
Relata-nos o Evangelho de Marcos a curiosa decisão do paralítico que, localizando a casa em que se achava o Senhor, plenamente sitiada pela multidão, longe de perder a oportunidade, amparou-se no auxílio dos amigos, deixando-se resvalar por um buraco, levado a efeito no telhado, de maneira a beneficiar-se no contacto do Salvador, aproveitando fervorosamente o ensejo divino.
Recorda o paralítico de Cafarnaum e, na hipótese de encontrares grandes dificuldades para gozar a presença do Cristo, pelos teus impedimentos de ordem material, dirige-te para o Alto, com o amparo de teus amigos espirituais, e deixa-te cair aos seus pés divinos, recebendo forças novas que te restabeleçam a paz e o bom ânimo.

119 
Glória cristã

“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 1:12.)
Desde as tribos selvagens, que precederam a organização das famílias humanas, tem sido a Terra grande palco utilizado na exibição das glórias passageiras.
A concorrência intensificou a procura de títulos honoríficos transitórios.
O mundo desde muito conhece glórias sangrentas da luta homicida, glórias da avareza nos cofres da fortuna morta, do orgulho nos pergaminhos brasonados e inúteis, da vaidade nos prazeres mentirosos que precedem o sepulcro; a ciência cristaliza as que lhe dizem respeito nas academias isoladas; as religiões sectaristas nas pompas externas e nas expressões do proselitismo.
Num plano onde campeiam tantas glórias fáceis, a do cristão é mais profunda, mais difícil. A vitória do seguidor de Jesus é quase sempre no lado inverso dos triunfos mundanos. É o lado oculto. Raros conseguem vê-lo com olhos mortais.
Entretanto, essa glória é tão grande que o mundo não a proporciona, nem pode subtraí-la. É o testemunho da consciência própria, transformada em tabernáculo do Cristo vivo.
No instante divino dessa glorificação, deslumbra-se a alma ante as perspectivas do Infinito. É que algo de estranho aconteceu aí dentro, na cripta misteriosa do coração: o filho achou seu Pai em plena eternidade.



CONTINUA AMANHÃ

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