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As cartas do Cristo
“Porque já é manifesto que sois a carta do Cristo,
ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo,
não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.” – Paulo. (2ª
Epístola aos Coríntios, 3:3.)
É singular que o Mestre não haja legado ao mundo um compêndio
de princípios escritos pelas próprias mãos.
As figuras notáveis da Terra sempre assinalam sua passagem no
planeta, endereçando à posteridade a sua mensagem de sabedoria e amor, seja em
tábuas de pedra, seja em documentos envelhecidos.
Com Jesus, porém, o processo não foi o mesmo.
O Mestre como que fez questão de escrever sua doutrina aos
homens, gravando-a no coração dos companheiros sinceros. Seu testamento espiritual
constitui-se de ensinos aos discípulos e não foram grafados por ele mesmo.
Recursos humanos seriam insuficientes para revelar a riqueza
eterna de sua Mensagem. As letras e raciocínios, propriamente humanos, na
maioria das vezes costumam dar margem a controvérsias. Em vista disso, Jesus
gravou seus ensinamentos nos corações que o rodeavam e até hoje os aprendizes
que se lhe conservam fiéis são as suas cartas divinas dirigidas à Humanidade.
Esses documentos vivos do santificante amor do Cristo
palpitam em todas as religiões e em todos os climas. São os vanguardeiros que
conhecem a vida superior, experimentam o sublime contacto do Mestre e transformam-se
em sua mensagem para os homens.
Podem surgir muitas contendas em torno das páginas mais célebres
e formosas; todavia, perante a alma que se converteu em carta viva do Senhor,
quando não haja vibrações superiores da compreensão, haverá sempre o divino
silêncio.
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Embaixadores do Cristo
“De sorte que somos embaixadores da parte do Cristo.” –
Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 5:20.)
Na catalogação dos valores sociais, todo homem de trabalho
honesto é portador de determinada delegação.
Se os políticos e administradores guardam responsabilidades
do Estado, os operários recebem encargos naturais das oficinas a que emprestam
seus esforços.
Cada homem de bem é mensageiro do centro de realizações onde
atende ao movimento da vida, em atividade enobrecedora.
As ruas estão cheias de emissários das repartições, das
fábricas, dos institutos, dos órgãos de fiscalização, produção, amparo e
ensino, cujos interesses conjugados operam a composição da harmonia social.
É necessário, contudo, não esquecermos que os valores da vida
eterna não permaneceriam no mundo sem representantes.
Cristo possui embaixadores permanentes em seus discípulos
sinceros.
Importa considerar que na presente afirmativa de Paulo de
Tarso não vemos alusão ao sacerdócio presunçoso.
Todos os colaboradores leais de Jesus, em qualquer situação
da vida e no lugar mais longínquo da Terra, são conhecidos na sede espiritual
dos serviços divinos. É com eles, cooperadores devotados e muita vez desconhecidos
dos beneficiários do mundo, que se movimenta o Mestre, cada dia, estendendo o
Evangelho aplicado entre as criaturas terrestres, até à vitória final.
Entendendo esta verdade, consulta as próprias tendências,
atos e pensamentos. Repara a quem serves, porque, se já recebeste a Boa Nova da
Redenção, é tempo de te tornares embaixador de sua luz.
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Agir de acordo
“Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as
obras, sendo abomináveis e desobedientes, e reprovados para toda boa obra.” –
Paulo. (Tito, 1:16.)
O Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, tem
papel muito mais alto que o de simples campo para novas observações técnicas da
ciência instável do mundo.
A Terra, até agora, no que se refere às organizações
religiosas, tem vivido repleta dos que confessam a existência de Deus,
negando-O, porém, através das obras individuais.
O intercâmbio dos dois mundos, visível e invisível, de
maneira direta objetiva esse reajustamento sentimental, para que a luz divina
se manifeste nas relações comuns dos homens.
Como conciliar o conhecimento de Deus com o menosprezo aos
semelhantes?
As antigas escolas religiosas, à força de se arregimentarem
como agrupamentos políticos do mundo, sob o controle do sacerdócio, acabaram
por estagnar os impulsos da fé, em exterioridades que aviltam as forças vivas
do espírito.
A doutrina consoladora da sobrevivência e da comunicação
entre os habitantes da Terra e do Infinito, com bases profundas e amplas no
Evangelho, floresce entre as criaturas com características de nova revelação,
para que o homem seja, nas atividades vulgares, real afirmação do bem que nasce
da fé viva.
CONTINUA AMANHÃ
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