sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CAMINHO, VERDADE E VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO



105 
Nem todos

“E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar.” – (Lucas, 9:28.)
Digna de notar-se a atitude do Mestre, convidando apenas Simão e os filhos de Zebedeu para presenciarem a sublime manifestação do monte, quando Moisés e outro emissário divino estariam em contacto direto com Jesus, aos olhos dos discípulos.
Por que não convocou os demais companheiros? Acaso Filipe ou André não teriam prazer na sublime revelação? Não era Tomé um companheiro indagador, ansioso por equações espirituais? No entanto, o Mestre sabia a causa de suas decisões e somente Ele poderia dosar, convenientemente, as dádivas do conhecimento superior.
O fato deve ser lembrado por quantos desejem forçar a porta do plano espiritual.
Certo, o intercâmbio com esse ou aquele núcleo de entidades do Além é possível, mas nem todos estão preparados, a um só tempo, para a recepção de responsabilidades ou benefícios.
Não se confia, imprudentemente, um aparelho de produção preciosa, cujo manejo dependa de competência prévia, ao primeiro homem que surja, tomado de bons desejos. Não se atraiçoa impunemente a ordem natural. Nem todos os aprendizes e estudiosos receberão do Além, num pronto, as grandes revelações. Cada núcleo de atividade espiritualizante deve ser presidido pelo melhor senso de harmonia, esforço e afinidade. Nesse mister, além das boas intenções é indispensável a apresentação da ficha de bons trabalhos pessoais. E, no mundo, toda gente permanece disposta a querer isso ou aquilo, mas raríssimas criaturas se prontificam a servir e a educar-se.

 106 
Dar

“E dá a qualquer que te pedir; e, ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir.” – Jesus. (Lucas, 6:30.)
O ato de dar é dos mais sublimes nas operações da vida; entretanto, muitos homens são displicentes e incompreensíveis na execução dele.
Alguns distribuem esmolas levianamente, outros se esquecem da vigilância, entregando seu trabalho a malfeitores.
Jesus é nosso Mestre nas ocorrências mínimas. E se ouvimo-lo recomendando estejamos prontos a dar “a qualquer” que pedir, vemo-lo atendendo a todas as criaturas do seu caminho, não de acordo com os caprichos, mas segundo as necessidades.
Concedeu bem-aventuranças aos aflitos e advertências aos vendilhões. Certo, os mercadores de má-fé, no íntimo, rogavam-lhe a manutenção do “status quo”, mas sua resposta foi eloqüente. Deu alegrias nas bodas de Caná e repreensões em assembléias dos discípulos. Proporcionou a cada situação e a cada personalidade o que necessitavam e, quando os ingratos lhe tomaram o direito da própria vida, aos olhos da Humanidade, não voltou o Cristo a pedir-lhes que o deixassem na obra começada.
Deu tudo o que se coadunava com o bem. E deu com abundância, salientando-se que, sob o peso da cruz, conferiu sublime compreensão à ignorância geral, sem reclamação de qualquer natureza, porque sabia que o ato de dar vem de Deus e nada mais sagrado que colaborar com o Pai que está nos céus.

107 
Vinda do Reino

“O reino de Deus não vem com aparência exterior.” – Jesus. (Lucas, 17:20.)
Os agrupamentos religiosos no mundo permanecem, quase sempre, preocupados pelas conversões alheias. Os crentes mais entusiastas anseiam por transformar as concepções dos amigos. Em vista disso, em toda parte somos defrontados por irmãos aflitos pela dilatação do proselitismo em seus círculos de estudo.
Semelhante atividade nem sempre é útil, porquanto, em muitas ocasiões, pode perturbar elevados projetos em realização.
Afirma Jesus que o Reino de Deus não vem com aparência exterior. É sempre ruinosa a preocupação por demonstrar pompas e números vaidosamente, nos grupos da fé. Expressões transitórias de poder humano não atestam o Reino de Deus. A realização divina começará do íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno. Não surge à comum apreciação, porque a maioria dos homens transitam semicegos, através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo.
A carne é digna e venerável, pois é vaso de purificação, recebendo-nos para o resgate preciso; entretanto, para os espíritos redimidos significa “morte” ou “transformação permanente”. O homem carnal, em vista das circunstâncias que lhe governam o esforço, pode ver somente o que está “morto” ou aquilo que “vai morrer”. O Reino de Deus, porém, divino e imortal, escapa naturalmente à visão dos humanos.



CONTINÚA AMANHÃ

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