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Prometer
“Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da
corrupção – (2ª Epístola de Pedro, 2:19.)
É indispensável desconfiar de todas as promessas de facilidades
sobre o mundo.
Jesus, que podia abrir os mais vastos horizontes aos olhos assombrados
da criatura, prometeu-lhe a cruz sem a qual não poderia afastar-se da Terra
para colocar-se ao seu encontro.
Em toda parte, existem discípulos descuidados que aceitam o
logro de aventureiros inconscientes. É que ainda não aprenderam a lição viva do
trabalho próprio a que foram chamados para desenvolver atividade particular.
Os fazedores de revoluções e os donos de projetos absurdos
prometem maravilhas. Mas, se são vítimas da ambição, servos de propósitos
inferiores, escravos de terríveis enganos, como poderão realizar para os outros
a liberdade ou a elevação de que se conservam distantes?
Não creias em salvadores que não demonstrem ações que
confirmem a salvação de si mesmos.
Deves saber que foste criado para gloriosa ascensão, mas que
só é fácil descer. Subir exige trabalho, paciência, perseverança, condições
essenciais para o encontro do amor e da sabedoria.
Se alguém te fala em valor das facilidades, não acredites; é
possível que o aventureiro esteja descendo. Mas quando te façam ver
perspectivas consoladoras, através do suor e do esforço pessoal, aceita os
alvitres com alegria. Aquele que compreende o tesouro oculto nos obstáculos e
dele se vale para enriquecer a vida, está subindo e é digno de ser seguido.
100
Auxílios do invisível
“E, depois de passarem a primeira e segunda guarda,
chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si
mesma; e, tendo saído, percorreram uma rua e logo o anjo se apartou dele.” –
(Atos, 12:10.)
Os homens esperam sempre ansiosamente o auxílio do plano
espiritual. Não importa o nome pelo qual se designe esse amparo. Na essência é
invariavelmente o mesmo, embora seja conhecido entre os espiritistas por
“proteção dos guias” e nos círculos protestantes por “manifestações do Espírito
Santo”.
As denominações apresentam interesse secundário. Essencial é
considerarmos que semelhante colaboração constitui elemento vital nas atividades
do crente sincero.
No entanto, a contribuição recebida por Pedro, no cárcere, representa
lição para todos.
Sob cadeias pesadíssimas, o pescador de Cafarnaum vê
aproximar-se o anjo do Senhor, que o liberta, atravessa em sua companhia os
primeiros perigos na prisão, caminha ao lado do mensageiro, ao longo de uma
rua; contudo, o emissário afasta-se, deixando-o novamente entregue à própria
liberdade, de maneira a não desvalorizar-lhe as iniciativas.
Essa exemplificação é típica.
Os auxílios do invisível são incontestáveis e jamais falham
em suas multiformes expressões, no momento oportuno; mas é imprescindível não
se vicie o crente com essa espécie de cooperação, aprendendo a caminhar
sozinho, usando a independência e a vontade no que é justo e útil, convicto de
que se encontra no mundo para aprender, não lhe sendo permitido reclamar dos instrutores
a solução de problemas necessários à sua condição de aluno.
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Tudo em Deus
“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma.” –
Jesus. (João, 5:30.)
Constitui ótimo exercício contra a vaidade pessoal a
meditação nos fatores transcendentes que regem os mínimos fenômenos da vida.
O homem nada pode sem Deus.
Todos temos visto personalidades que surgem dominadoras no
palco terrestre, afirmando-se poderosas sem o amparo do Altíssimo; entretanto,
a única realização que conseguem efetivamente é a dilatação ilusória pelo sopro
do mundo, esvaziando-se aos primeiros contactos com as verdades divinas. Quando
aparecem, temíveis, esses gigantes de vento espalham ruínas materiais e
aflições de espírito; todavia, o mesmo mundo que lhes confere pedestal
projeta-os no abismo do desprezo comum; a mesma multidão que os assopra
incumbe-se de repô-los no lugar que lhes compete.
Os discípulos sinceros não ignoram que todas as suas possibilidades
procedem do Pai amigo e sábio, que as oportunidades de edificação na Terra, com
a excelência das paisagens, recursos de cada dia e bênçãos dos seres amados,
vieram de Deus que os convida, pelo espírito de serviço, a ministérios mais
santos; agirão, desse modo, amando sempre, aproveitando para o bem e
esclarecendo para a verdade, retificando caminhos e acendendo novas luzes,
porque seus corações reconhecem que nada poderão fazer de si próprios e
honrarão o Pai, entrando em santa cooperação nas suas obras.
CONTINÚA AMANHÃ
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