63
Quem sois?
“Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus
e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” – (Atos, 19:15.)
Qualquer expressão de comércio tem sua base no poder aquisitivo.
Para obter, é preciso possuir.
No intercâmbio dos dois mundos, terrestre e espiritual, o
fenômeno obedece ao mesmo princípio.
Nas operações comerciais de César, requerem-se moedas ou
expressões fiduciárias com efígies e identificações que lhes digam respeito.
Nas operações de permuta espiritual requisitam-se valores individualíssimos,
com os sinais do Cristo.
O dinheiro de Jesus é o amor. Sem ele, não é lícito aventurar-se
alguém ao sagrado comércio das almas.
O versículo aqui nomeado constitui benéfica advertência a
quantos, para o esclarecimento dos outros, invocam o Mestre, sem títulos vivos
de sua escola sacrificial.
Mormente no que se refere às relações com o plano invisível,
mantendo cuidado por evitar afirmativas a esmo, não vos aventureis ao
movimento, sem o poder aquisitivo do amor de Jesus.
O Mestre é igualmente conhecido de seus infelizes
adversários. Os discípulos sinceros do Senhor são observados por eles também.
Os inimigos da luz reconhecem-lhes o sublime valor.
Quando vos dispuserdes, portanto, a esse gênero de trabalho,
não olvideis vossa própria identificação, porque, provavelmente, sereis
interpelados pelos representantes do mal, que vos perguntarão quem sois.
64
O tesouro maior
“Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará
também o vosso coração.” – Jesus. (Lucas, 12:34.)
No mundo, os templos da fé religiosa, desde que consagrados à
Divindade do Pai, são departamentos da casa infinita de Deus, onde Jesus
ministra os seus bens aos corações da Terra, independentemente da escola de
crença a que se filiam.
A essas subdivisões do eterno santuário comparecem os
tutelados do Cristo, em seus diferentes graus de compreensão. Cada qual,
instintivamente, revela ao Senhor onde coloca seu tesouro.
Muitas vezes, por isso mesmo, nos recintos diversos de sua
casa, Jesus recebe, sem resposta, as súplicas de inúmeros crentes de
mentalidade infantil, contraditórias ou contraproducentes.
O egoísta fala de seu tesouro, exaltando as posses precárias;
o avarento refere-se a mesquinhas preocupações; o gozador demonstra apetites
insaciáveis; o fanático repete pedidos loucos.
Cada qual apresenta seu capricho ferido como sendo a dor
maior.
Cristo ouve-lhes as solicitações e espera a oportunidade de
dar-lhes a conhecer o tesouro imperecível. Ouve em silêncio, porque a erva
tenra pede tempo destinado ao processo evolutivo, e espera, confiante,
porquanto não prescinde da colaboração dos discípulos resolutos e sinceros para
a extensão do divino apostolado. No momento adequado, surgem esses, ao seu
influxo sublime, e a paisagem dos templos se modifica. Não são apenas crentes
que comparecem para a rogativa, são trabalhadores decididos que chegam para o
trabalho. Cheios de coragem, dispostos a morrer para que outros alcancem a
vida, exemplificam a renúncia e o desinteresse, revelam a Vontade do Pai em si
próprios e, com isso, ampliam no mundo a compreensão do tesouro maior, sintetizado
na conquista da luz eterna e do amor universal, que já lhes enriquece o
espírito engrandecido.
65
Pedir
“Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que
pedis.” – (Mateus, 20:22.)
A maioria dos crentes dirige-se às casas de oração, no
propósito de pedir alguma coisa.
Raros os que aí comparecem, na verdadeira atitude dos filhos
de Deus, interessados nos sublimes desejos do Senhor, quanto à melhoria de conhecimentos,
à renovação de valores íntimos, ao aproveitamento espiritual das oportunidades
recebidas de Mais Alto.
A rigor, os homens deviam reconhecer nos templos o lugar
sagrado do Altíssimo, onde deveriam aprender a fraternidade, o amor, a
cooperação no seu programa divino. Quase todos, porém, preferem o ato de
insistir, de teimar, de se imporem ao paternal carinho de Deus, no sentido de
lhe subornarem o Poder Infinito. Pedinchões inveterados, abandonam, na maior
parte das vezes, o traçado reto de suas vidas, em virtude da rebeldia suprema
nas relações com o Pai. Tanto reclamam, que lhes é concedida a experiência
desejada.
Sobrevêm desastres. Surgem as dores. Em seguida, aparece o
tédio, que é sempre filho da incompreensão dos nossos deveres.
Provocamos certas dádivas no caminho, adiantamo-nos na
solicitação da herança que nos cabe, exigindo prematuras concessões do Pai, à
maneira do filho pródigo, mas o desencanto constitui-se em veneno da imprevidência
e da irresponsabilidade.
O tédio representará sempre o fruto amargo da precipitação de
quantos se atiram a patrimônios que lhes não competem.
Tenhamos, pois, cuidado em pedir, porque, acima de tudo,
devemos solicitar a compreensão da vontade de Jesus a nosso respeito.
CONTINÚA AMANHÃ
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