48
Guardai-vos
“Estes, porém, dizem mal do que ignoram; e, naquilo que
naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem.” – (Judas, 1:10.)
Em todos os lugares, encontramos pessoas sempre dispostas ao
comentário desairoso e ingrato relativamente ao que não sabem. Almas levianas e
inconstantes, não dominam os movimentos da vida, permanecendo subjugadas pela
própria inconsciência.
E são essas justamente aquelas que, em suas manifestações
instintivas, se portam, no que sabem, como irracionais. Sua ação particular
costuma corromper os assuntos mais sagrados, insultar as intenções mais
generosas e ridiculizar os feitos mais nobres.
Guardai-vos das atitudes dos murmuradores irresponsáveis.
Concedeu-nos o Cristo a luz do Evangelho, para que nossa
análise não esteja fria e obscura.
O conhecimento com Jesus é a claridade transformadora da
vida, conferindo-nos o dom de entender a mensagem viva de cada ser e a
significação de cada coisa, no caminho infinito.
Somente os que ajuízam, acerca da ignorância própria,
respeitando o domínio das circunstâncias que desconhecem, são capazes de
produzir frutos de perfeição com as dádivas de Deus que já possuem.
49
Saber e fazer
“Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.”
– Jesus. (João, 13:17.)
Entre saber e fazer existe singular diferença. Quase todos
sabem, poucos fazem. Todas as seitas religiosas, de modo geral, somente ensinam
o que constitui o bem. Todas possuem serventuários, crentes e propagandistas,
mas os apóstolos de cada uma escasseiam cada vez mais.
Há sempre vozes habilitadas a indicar os caminhos. É a palavra
dos que sabem.
Raras criaturas penetram valorosamente a vereda, muita vez em
silêncio, abandonadas e incompreendidas. É o esforço supremo dos que fazem.
Jesus compreendeu a indecisão dos filhos da Terra e, transmitindo-lhes
a palavra da verdade e da vida, fez a exemplificação máxima, através de
sacrifícios culminantes.
A existência de uma teoria elevada envolve a necessidade de
experiência e trabalho. Se a ação edificante fosse desnecessária, a mais
humilde tese do bem deixaria de existir por inútil.
João assinalou a lição do Mestre com sabedoria. Demonstra o
versículo que somente os que concretizam os ensinamentos do Senhor podem ser
bem-aventurados. Aí reside, no campo do serviço cristão, a diferença entre a
cultura e a prática, entre saber e fazer.
50
Conta de si
“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a
Deus.” – Paulo. (Romanos, 14:12.)
É razoável que o homem se consagre à solução de todos os
problemas alusivos à esfera que o rodeia no mundo; entretanto, é necessário
saiba a espécie de contas que prestará ao Supremo Senhor, ao termo das obrigações
que lhe foram cometidas.
Inquieta-se a maioria das criaturas com o destino dos outros,
descuidadas de si mesmas. Homens existem que se desesperam pela impossibilidade
de operar a melhoria de companheiros ou de determinadas instituições.
Todavia, a quem pertencerão, de fato, os acervos patrimoniais
do mundo? A resposta é clara, porque os senhores mais poderosos
desprender-se-ão da economia planetária, entregando-a a novos operários de Deus
para o serviço da evolução infinita.
O argumento, contudo, suscitará certas perguntas dos cérebros
menos avisados. Se a conta reclamada refere-se ao círculo pessoal, que tem o
homem a ver pelas contas de sua família, de sua casa, de sua oficina? Cumpre-nos,
então, esclarecer que os companheiros da intimidade doméstica, a posse do lar,
as finalidades do agrupamento em que se trabalha, pertencem ao Supremo Senhor,
mas o homem, na conta que lhe é própria, é obrigado a revelar sua linha de
conduta para com a família, com a casa em que se asila, com a fonte de suas
atividades comuns. Naturalmente, ninguém responderá pelos outros; todavia, cada
espírito, em relacionando o esforço que lhe compete, será compelido a esclarecer
a sua qualidade de ação nos menores departamentos da realização terrestre, onde
foi chamado a viver.
CONTINÚA AMANHÃ
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