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Glória ao bem
“Glória, porém, e honra e paz a qualquer que obra o
bem.” – Paulo (Romanos, 2:10.)
A malícia costuma conduzir o homem a falsas apreciações do
bem, quando não parta da confissão religiosa a que se dedica, do ambiente de
trabalho que lhe é próprio, da comunidade familiar em que se integra.
O egoísmo fá-lo crer que o bem completo só poderia nascer de
suas mãos ou dos seus. Esse é dos característicos mais inferiores da personalidade.
O bem flui incessantemente de Deus e Deus é o Pai de todos os
homens. E é através do homem bom que o Altíssimo trabalha contra o sectarismo
que lhe transformou os filhos terrestres em combatentes contumazes, de ações
estéreis e sanguinolentas.
Por mais que as lições espontâneas do Céu convoquem as
criaturas ao reconhecimento dessa verdade, continuam os homens em atitudes de
ofensiva, ameaça e destruição, uns para com os outros.
O Pai, no entanto, consagrará o bem, onde quer que o bem esteja.
É indispensável não atentarmos para os indivíduos, mas, sim,
observar e compreender o bem que o Supremo Senhor nos envia por intermédio
deles. Que importa o aspecto exterior desse ou daquele homem? que interessam a
sua nacionalidade, o seu nome, a sua cor? Anotemos a mensagem de que são
portadores. Se permanecem consagrados ao mal, são dignos do bem que lhes
possamos fazer, mas se são bons e sinceros, no setor de serviço em que se
encontram, merecem a paz e a honra de Deus.
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Consultas
“E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam
apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” – (João, 8:5.)
Várias vezes o espírito de má fé cercou o Mestre, com interrogações,
aguardando determinadas respostas pelas quais o ridicularizasse. A palavra
dEle, porém, era sempre firme, incontestável, cheia de sabor divino.
Referimo-nos ao fato para considerar que semelhantes
anotações convidam o discípulo a consultar sempre a sabedoria, o gesto e o
exemplo do Mestre.
Os ensinamentos e atos de Jesus constituem lições espontâneas
para todas as questões da vida.
O homem costuma gastar grandes patrimônios financeiros nos
inquéritos da inteligência. O parecer dos profissionais do direito custa, por
vezes, o preço de angustioso sacrifício.
Jesus, porém, fornece opiniões decisivas e profundas, gratuitamente.
Basta que a alma procure a oração, o equilíbrio e a quietude. O Mestre
falar-lhe-á na Boa Nova da Redenção.
Freqüentemente, surgem casos inesperados, problemas de
solução difícil. Não ignora o homem o que os costumes e as tradições mandam
resolver, de certo modo; no entanto, é indispensável que o aprendiz do Evangelho
pergunte, no santuário do coração:
– Tu, porém, Mestre, que me dizes a isto?
E a resposta não se fará esperar como divina luz no grande silêncio.
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O cego de Jericó
“Dizendo: Que queres que te faça? E ele respondeu: –
Senhor, que eu veja.” – (Lucas, 18:41.)
O cego de Jericó é das grandes figuras dos ensinamentos evangélicos.
Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo
caminho, mendigando... Sentindo a aproximação do Mestre, põe-se a gritar, implorando
misericórdia.
Irritam-se os populares, em face de tão insistentes
rogativas. Tentam impedi-lo, recomendando-lhe calar as solicitações. Jesus,
contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e interroga com amor:
– Que queres que te faça?
À frente do magnânimo dispensador dos bens divinos, recebendo
liberdade tão ampla, o pedinte sincero responde apenas isto:
Senhor, que eu veja!
O propósito desse cego honesto e humilde deveria ser o nosso
em todas as circunstâncias da vida.
Mergulhados na carne ou fora dela, somos, às vezes, esse
mendigo de Jericó, esmolando às margens da estrada comum. Chama-nos a vida, o
trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do conhecimento, mas permanecemos
indecisos, sem coragem de marchar para a realização elevada que nos compete
atingir. E, quando surge a oportunidade de nosso encontro espiritual com o
Cristo, além de sentirmos que o mundo se volta contra nós, induzindo-nos à
indiferença, é muito raro sabermos pedir sensatamente.
Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do pobrezinho
mencionado no versículo de Lucas, porquanto não é preciso compareçamos diante
do Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Basta lhe peçamos o dom de ver,
com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o
Senhor, portanto, nos faça enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e
coisas, com amor e justiça, e possuiremos o necessário à nossa alegria imortal.
CONTINÚA AMANHÃ
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