39
Entra e coopera
“E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres
que eu faça? Respondeu-lhe o Senhor: – Levanta-te e entra na cidade e lá te
será dito o que te convém fazer.” – (Atos, 9:6.)
Esta particularidade dos Atos dos Apóstolos reveste-se de
grande beleza para os que desejam compreensão do serviço com o Cristo.
Se o Mestre aparecera ao rabino apaixonado de Jerusalém, no
esplendor da luz divina e imortal, se lhe dirigira palavras diretas e
inolvidáveis ao coração, por que não terminou o esclarecimento,
recomendando-lhe, ao invés disso, entrar em Damasco, a fim de ouvir o que lhe
convinha saber? É que a lei da cooperação entre os homens é o grande e generoso
princípio, através do qual Jesus segue, de perto, a Humanidade inteira, pelos
canais da inspiração.
O Mestre ensina os discípulos e consola-os através deles
próprios. Quanto mais o aprendiz lhe alcança a esfera de influenciação, mais
habilitado estará para constituir-se em seu instrumento fiel e justo.
Paulo de Tarso contemplou o Cristo ressuscitado, em sua
grandeza imperecível, mas foi obrigado a socorrer-se de Ananias para iniciar a
tarefa redentora que lhe cabia junto dos homens.
Essa lição deveria ser bem aproveitada pelos companheiros que
esperam ansiosamente a morte do corpo, suplicando transferência para os mundos
superiores, tão-somente por haverem ouvido maravilhosas descrições dos
mensageiros divinos. Meditando o ensinamento, perguntem a si próprios o que
fariam nas esferas mais altas, se ainda não se apropriaram dos valores
educativos que a Terra lhes pode oferecer. Mais razoável, pois, se levantem do
passado e penetrem a luta edificante de cada dia, na Terra, porquanto no
trabalho sincero da cooperação fraternal receberão de Jesus o esclarecimento
acerca do que lhes convém fazer.
40
Tempo de confiança
“E disse-lhes: Onde está a vossa fé?” – (Lucas, 8:25.)
A tempestade estabelecera a perturbação no ânimo dos discípulos
mais fortes. Desorientados, ante a fúria dos elementos, socorrem-se de Jesus,
em altos brados.
Atende-os o Mestre, mas pergunta depois:
– Onde está a vossa fé?
O quadro sugere ponderações de vasto alcance. A interrogação
de Jesus indica claramente a necessidade de manutenção da confiança, quando
tudo parece obscuro e perdido. Em tais circunstâncias, surge a ocasião da fé,
no tempo que lhe é próprio.
Se há ensejo para trabalho e descanso, plantio e colheita,
revelar-se-á igualmente a confiança na hora adequada.
Ninguém exercitará otimismo, quando todas as situações se
conjugam para o bem-estar. É difícil demonstrar-se amizade nos momentos
felizes.
Aguardem os discípulos, naturalmente, oportunidades de luta
maior, em que necessitarão aplicar mais extensa e intensivamente os ensinos do
Senhor. Sem isso, seria impossível aferir valores.
Na atualidade dolorosa, inúmeros companheiros invocam a
cooperação direta do Cristo. E o socorro vem sempre, porque é infinita a
misericórdia celestial, mas, vencida a dificuldade, esperem a indagação:
– Onde está a vossa fé?
E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a
dominar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as lições recebidas.
41
A Regra Áurea
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” – Jesus.
(Mateus, 22:39.)
Incontestavelmente, muitos séculos antes da vinda do Cristo
já era ensinada no mundo a Regra Áurea, trazida por embaixadores de sua
sabedoria e misericórdia. Importa esclarecer, todavia, que semelhante princípio
era transmitido com maior ou menor exemplificação de seus expositores.
Diziam os gregos: “Não façais ao próximo o que não desejais
receber dele.”
Afirmavam os persas: “Fazei como quereis que se vos faça.”
Declaravam os chineses: “O que não desejais para vós, não
façais a outrem.”
Recomendavam os egípcios: “Deixai passar aquele que fez aos
outros o que desejava para si.”
Doutrinavam os hebreus: “O que não quiserdes para vós, não
desejeis para o próximo.”
Insistiam os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é
amar os membros da sociedade como a si mesmo.”
Na antigüidade, todos os povos receberam a lei de ouro da
magnanimidade do Cristo.
Profetas, administradores, juizes e filósofos, porém,
procederam como instrumentos mais ou menos identificados com a inspiração dos
planos mais altos da vida. Suas figuras apagaram-se no recinto dos templos
iniciáticos ou confundiram-se na tela do tempo em vista de seus testemunhos
fragmentários.
Com o Mestre, todavia, a Regra Áurea é a novidade divina,
porque Jesus a ensinou e exemplificou, não com virtudes parciais, mas em
plenitude de trabalho, abnegação e amor, à claridade das praças públicas,
revelando-se aos olhos da Humanidade inteira.
CONTINÚA AMANHÃ
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