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O mundo e o mal
“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do
mal.” – Jesus. (João, 17:15.)
Nos centros religiosos, há sempre grande número de pessoas
preocupadas com a idéia da morte. Muitos companheiros não crêem na paz, nem no
amor, senão em planos diferentes da Terra. A maioria aguarda situações
imaginárias e injustificáveis para quem nunca levou em linha de conta o esforço
próprio.
O anseio de morrer para ser feliz é enfermidade do espírito.
Orando ao Pai pelos discípulos, Jesus rogou para que não
fossem retirados do mundo, e, sim, libertos do mal.
O mal, portanto, não é essencialmente do mundo, mas das
criaturas que o habitam.
A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios de
delicado aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhosos milagres
que se repetem todos os dias.
De nada vale partirmos do planeta, quando nossos males não
foram exterminados convenientemente. Em tais circunstâncias, assemelhamo-nos
aos portadores humanos das chamadas moléstias incuráveis. Podemos trocar de
residência; todavia, a mudança é quase nada se as feridas nos acompanham.
Faz-se preciso, pois, embelezar o mundo e aprimorá-lo, combatendo o mal que
está em nós.
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Coisas mínimas
“Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por
que estais ansiosos pelas outras?” – Jesus. (Lucas, 12:26.)
Pouca gente conhece a importância da boa execução das coisas
mínimas.
Há homens que, com falsa superioridade, zombam das tarefas
humildes, como se não fossem imprescindíveis ao êxito dos trabalhos de maior
envergadura. Um sábio não pode esquecer-se de que, um dia, necessitou aprender
com as letras simples do alfabeto.
Além disso, nenhuma obra é perfeita se as particularidades
não foram devidamente consideradas e compreendidas.
De modo geral, o homem está sempre fascinado pelas situações
de grande evidência, pelos destinos dramáticos e empolgantes.
Destacar-se, entretanto, exige muitos cuidados. Os espinhos
também se destacam, as pedras salientam-se na estrada comum.
Convém, desse modo, atender às coisas mínimas da senda que
Deus nos reservou, para que a nossa ação se fixe com real proveito à vida.
A sinfonia estará perturbada se faltou uma nota, o poema é
obscuro quando se omite um verso.
Estejamos zelosos pelas coisas pequeninas. São parte
integrante e inalienável dos grandes feitos. Compreendendo a importância disso,
o Mestre nos interroga no Evangelho de Lucas: “Pois se nem podeis ainda fazer
as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?”
32
Nuvens
“E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado
Filho, a ele ouvi.” – (Lucas, 9:35.)
O homem, quase sempre, tem a mente absorvida na contemplação
das nuvens que lhe surgem no horizonte. São nuvens de contrariedades, de
projetos frustrados, de esperanças desfeitas.
Por vezes, desespera-se envenenando as fontes da própria
vida. Desejaria, invariavelmente, um céu azul a distância, um Sol brilhante no
dia e luminosas estrelas que lhe embelezassem a noite.
No entanto, aparece a nuvem e a perplexidade o toma, de súbito.
Conta-nos o Evangelho a formosa história de uma nuvem.
Encontravam-se os discípulos deslumbrados com a visão de
Jesus transfigurado, tendo junto de si Moisés e Elias, aureolados de intensa
luz.
Eis, porém, que uma grande sombra comparece. Não mais
distinguem o maravilhoso quadro.
Todavia, do manto de névoa espessa, clama a voz poderosa da
revelação divina: “Este é o meu amado Filho, a ele ouvi!”
Manifestava-se a palavra do Céu, na sombra temporária.
A existência terrestre, efetivamente, impõe angústias
inquietantes e aflições amargosas. É conveniente, contudo, que as criaturas
guardem serenidade e confiança, nos momentos difíceis.
As penas e os dissabores da luta planetária contêm
esclarecimentos profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábia e
amorosa de Deus fala sempre através deles.
CONTINÚA AMANHÃ
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