24
O tesouro enferrujado
“O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram.” – (Tiago,
5:3.)
Os sentimentos do homem, nas suas próprias idéias
apaixonadas, se dirigidos para o bem, produziriam sempre, em conseqüência, os
mais substanciosos frutos para a obra de Deus. Em quase toda parte, porém,
desenvolvem-se ao contrário, impedindo a concretização dos propósitos divinos,
com respeito à redenção das criaturas.
De modo geral, vemos o amor interpretado tão-somente à conta
de emoção transitória dos sentidos materiais, a beneficência produzindo
perturbação entre dezenas de pessoas para atender a três ou quatro doentes, a
fé organizando guerras sectárias, o zelo sagrado da existência criando egoísmo
fulminante. Aqui, o perdão fala de dificuldades para expressar-se; ali, a
humildade pede a admiração dos outros.
Todos os sentimentos que nos foram conferidos por Deus são
sagrados. Constituem o ouro e a prata de nossa herança, mas como assevera o
apóstolo, deixamos que as dádivas se enferrujassem, no transcurso do tempo.
Faz-se necessário trabalhemos, afanosamente, por eliminar a
“ferrugem” que nos atacou os tesouros do espírito. Para isso, é indispensável
compreendamos no Evangelho a história da renúncia perfeita e do perdão sem
obstáculos, a fim de que estejamos caminhando, verdadeiramente, ao encontro do
Cristo.
25
Tende calma
“E disse Jesus: Mandai assentar os homens.” – (João, 6:10.)
Esta passagem do Evangelho de João é das mais significativas.
Verifica-se quando a multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de
pão, no isolamento da natureza.
Os discípulos estão preocupados.
Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para
atender à dificuldade imprevista.
André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães
de cevada e dois peixes.
Todos discutem.
Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua
preciosa significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que
se faça harmonia. E distribuí o recurso com todos, maravilhosamente.
A grandeza da lição é profunda.
Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo.
Falam nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem,
todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos
celestes. Misturam Jesus com as suas imprecações, suas ansiedades loucas e seus
desejos criminosos. Naturalmente se desesperam, cada vez mais desorientados,
porquanto não querem ouvir o convite à calma, não se assentam para que se faça
a ordem, persistindo em manter o próprio desequilíbrio.
26
Padecer
“Nada temas das coisas que hás de padecer.” – (Apocalipse,
2:10.)
Uma das maiores preocupações do Cristo foi alijar os
fantasmas do medo das estradas dos discípulos.
A aquisição da fé não constitui fenômeno comum nas sendas da
vida. Traduz confiança plena.
Afinal, que significará “padecer”?
O sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante
ao do menino que perdeu seus brinquedos.
Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por
não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes
atendeu aos caprichos perniciosos.
A fim de prestar a devida cooperação ao Evangelho, é justo
nos incorporemos à caravana fiel que se pôs a caminho do encontro com Jesus, compreendendo
que o amigo leal é o que não procura contender e está sempre disposto à
execução das boas tarefas.
Participar do espírito de serviço evangélico é partilhar das
decisões do Mestre, cumprindo os desígnios divinos do Pai que está nos Céus.
Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer.
Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui
padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa.
CONTINUA AMANHÃ
Nenhum comentário:
Postar um comentário