15
Conversão
“E tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.” –
Jesus. (Lucas, 22:32.)
Não é tão fácil a conversão do homem, quanto afirmam os
portadores de convicções apressadas.
Muitos dizem “eu creio”, mas poucos podem declarar “estou
transformado”.
As palavras do Mestre a Simão Pedro são muito simbólicas.
Jesus proferiu-as, na véspera do Calvário, na hora grave da última reunião com
os discípulos. Recomendava ao pescador de Cafarnaum confirmasse os irmãos na
fé, quando se convertesse.
Acresce notar que Pedro sempre foi o seu mais ativo companheiro
de apostolado. O Mestre preferia sempre a sua casa singela para exercer o
divino ministério do amor. Durante três anos sucessivos, Simão presenciou
acontecimentos assombrosos. Viu leprosos limpos, cegos que voltavam a ver,
loucos que recuperavam a razão; deslumbrara-se com a visão do Messias transfigurado
no labor, assistira à saída de Lázaro da escuridão do sepulcro, e, no entanto,
ainda não estava convertido.
Seriam necessários os trabalhos imensos de Jerusalém, os sacrifícios
pessoais, as lutas enormes consigo mesmo, para que pudesse converter-se ao
Evangelho e dar testemunho do Cristo aos seus irmãos.
Não será por se maravilhar tua alma, ante as revelações espirituais,
que estarás convertido e transformado para Jesus. Simão Pedro presenciou essas
revelações com o próprio Messias e custou muito a obter esses títulos.
Trabalhemos, portanto, por nos convertermos. Somente nessas condições estaremos
habilitados para o testemunho.
16
Endireitai os caminhos
“Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta
Isaías.” – João Batista. (João, 1:23.)
A exortação do Precursor permanece no ar, convocando os
homens de boa-vontade à regeneração das estradas comuns.
Em todos os tempos observamos criaturas que se candidatam à
fé, que anseiam pelos benefícios do Cristo. Clamam pela sua paz, pela presença
divina e, por vezes, após transformarem os melhores sentimentos em inquietação
injusta, acabam desanimadas e vencidas.
Onde está Jesus que não lhes veio ao encontro dos rogos sucessivos?
em que esfera longínqua permanecerá o Senhor, distante de suas amarguras? Não
compreendem que, através de mensageiros generosos do seu amor, o Cristo se
encontra, em cada dia, ao lado de todos os discípulos sinceros.
Falta-lhes dedicação ao bem de si mesmos. Correm ao encalço
do Mestre Divino, desatentos ao conselho de João: “endireitai os caminhos”.
Para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é
preciso retificar a estrada em que tem vivido. Muitos choram em veredas do
crime, lamentam-se nos resvaladouros do erro sistemático, invocam o céu sem o
desapego às paixões avassaladoras do campo material. Em tais condições, não é
justo dirigir-se a alma ao Salvador, que aceitou a humilhação e a cruz sem
queixas de qualquer natureza.
Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades,
endireita os caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as
sombras que te rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu lado, com a sua bênção.
17
Por Cristo
“E se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe
isso à minha conta.” – Paulo. (Filemon, 1:18.)
Enviando Onésimo a Filemon, Paulo, nas suas expressões
inspiradas e felizes, recomendava ao amigo lançasse ao seu débito quanto lhe
era devido pelo portador.
Afeiçoemos a exortação às nossas necessidades próprias.
Em cada novo dia de luta, passamos a ser maiores devedores do
Cristo.
Se tudo nos corre dificilmente, é de Jesus que nos chegam as
providências justas. Se tudo se desenvolve retamente, é por seu amor que
utilizamos as dádivas da vida e é em seu nome que distribuímos esperanças e consolações.
Estamos empenhados à sua inesgotável misericórdia.
Somos dEle e nessa circunstância reside nosso título mais alto.
Por que, então, o pessimismo e o desespero, quando a calúnia
ou a ingratidão nos ataquem de rijo, trazendo-nos a possibilidade de mais vasta
ascensão? Se estamos totalmente empenhados ao amor infinito do Mestre, não será
razoável compreendermos pelo menos alguma particularidade de nossa dívida
imensa, dispondo-nos a aceitar pequenina parcela de sofrimento, em memória de
seu nome, junto de nossos irmãos da Terra, que são seus tutelados igualmente?
Devemos refletir que quando falamos em paz, em felicidade, em
vida superior, agimos no campo da confiança, prometendo por conta do Cristo,
porquanto só Ele tem para dar em abundância.
Em vista disso, caso sintas que alguém se converteu em
devedor de tua alma, não te entregues a preocupações inúteis, porque o Cristo é
também teu credor e deves colocar os danos do caminho em sua conta divina,
passando adiante.
CONTINUA AMANHÃ
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