6
Esforço e oração
“E, despedida a multidão, subiu ao monte a fim de orar,
à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” – (Mateus, 14:23.)
De vez em quando, surgem grupos religiosos que preconizam o
absoluto retiro das lutas humanas para os serviços da oração.
Nesse particular, entretanto, o Mestre é sempre a fonte dos
ensinamentos vivos. O trabalho e a prece são duas características de sua
atividade divina.
Jesus nunca se encerrou a distância das criaturas, com o fim
de permanecer em contemplação absoluta dos quadros divinos que lhe iluminavam o
coração, mas também cultivou a prece em sua altura celestial.
Despedida a multidão, terminado o esforço diário, estabelecia
a pausa necessária para meditar, à parte, comungando com o Pai, na oração
solitária e sublime.
Se alguém permanece na Terra, é com o objetivo de alcançar um
ponto mais alto, nas expressões evolutivas, pelo trabalho que foi convocado a
fazer. E, pela oração, o homem recebe de Deus o auxílio indispensável à
santificação da tarefa.
Esforço e prece completam-se no todo da atividade espiritual.
A criatura que apenas trabalhasse, sem método e sem descanso,
acabaria desesperada, em horrível secura do coração; aquela que apenas se
mantivesse genuflexa, estaria ameaçada de sucumbir pela paralisia e ociosidade.
A oração ilumina o trabalho, e a ação é como um livro de luz
na vida espiritualizada.
Cuida de teus deveres porque para isso permaneces no mundo,
mas nunca te esqueças desse monte, localizado em teus sentimentos mais nobres,
a fim de orares “à parte”, recordando o Senhor.
7
Tudo novo
“Assim é que, se alguém está em Cristo, nova criatura
é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” – Paulo. (2ª
Epístola aos Coríntios, 5:17.)
É muito comum observarmos crentes inquietos, utilizando
recursos sagrados da oração para que se perpetuem situações injustificáveis
tão-só porque envolvem certas vantagens imediatas para suas preocupações egoísticas.
Semelhante atitude mental constitui resolução muito grave.
Cristo ensinou a paciência e a tolerância, mas nunca determinou
que seus discípulos estabelecessem acordo com os erros que infelicitam o mundo.
Em face dessa decisão, foi à cruz e legou o último testemunho de não-violência,
mas também de não-acomodação com as trevas em que se compraz a maioria das
criaturas.
Não se engane o crente acerca do caminho que lhe compete.
Em Cristo tudo deve ser renovado, O passado delituoso estará
morto, as situações de dúvida terão chegado ao fim, as velhas cogitações do
homem carnal darão lugar a vida nova em espírito, onde tudo signifique sadia reconstrução
para o futuro eterno.
É contra-senso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação
de antigos erros.
Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas
sem o íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de
cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela
sinceridade das intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no
santuário de seu amor.
8
Jesus veio
“Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo-se semelhante aos homens.” – Paulo. (Filipenses, 2:7.)
Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por
estabelecer boas obras nos serviços de confraternização evangélica, alegando o
estado infeliz de ignorância em que se compraz imensa percentagem de criaturas
da Terra.
Entretanto, tais reclamações não são justas.
Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contou com
a colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoados e compreensivos e, sim,
“aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens”.
Não podíamos ir ter com o Salvador, em sua posição sublime;
todavia, o Mestre veio até nós, apagando temporariamente a sua auréola de luz,
de maneira a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo.
O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição
demasiado profunda.
Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sentimentais como
razão para desentendimento com os irmãos da Terra.
Homem algum dos que passaram pelo orbe alcançou as culminâncias
do Cristo. No entanto, vemo-lo à mesa dos pecadores, dirigindo-se
fraternalmente a meretrizes, ministrando seu derradeiro testemunho entre
ladrões.
Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em que
te encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da
iluminação, sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade.
Recorda a demonstração do Mestre Divino.
Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressando no mundo
como filho sem berço e ausentando-se do trabalho glorioso, como servo
crucificado.
CONTINUA AMANHÃ
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