sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

CAMINHO, VERDADE E VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

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Esforço e oração

“E, despedida a multidão, subiu ao monte a fim de orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” – (Mateus, 14:23.)
De vez em quando, surgem grupos religiosos que preconizam o absoluto retiro das lutas humanas para os serviços da oração.
Nesse particular, entretanto, o Mestre é sempre a fonte dos ensinamentos vivos. O trabalho e a prece são duas características de sua atividade divina.
Jesus nunca se encerrou a distância das criaturas, com o fim de permanecer em contemplação absoluta dos quadros divinos que lhe iluminavam o coração, mas também cultivou a prece em sua altura celestial.
Despedida a multidão, terminado o esforço diário, estabelecia a pausa necessária para meditar, à parte, comungando com o Pai, na oração solitária e sublime.
Se alguém permanece na Terra, é com o objetivo de alcançar um ponto mais alto, nas expressões evolutivas, pelo trabalho que foi convocado a fazer. E, pela oração, o homem recebe de Deus o auxílio indispensável à santificação da tarefa.
Esforço e prece completam-se no todo da atividade espiritual.
A criatura que apenas trabalhasse, sem método e sem descanso, acabaria desesperada, em horrível secura do coração; aquela que apenas se mantivesse genuflexa, estaria ameaçada de sucumbir pela paralisia e ociosidade.
A oração ilumina o trabalho, e a ação é como um livro de luz na vida espiritualizada.
Cuida de teus deveres porque para isso permaneces no mundo, mas nunca te esqueças desse monte, localizado em teus sentimentos mais nobres, a fim de orares “à parte”, recordando o Senhor.

7   

Tudo novo

“Assim é que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 5:17.)
É muito comum observarmos crentes inquietos, utilizando recursos sagrados da oração para que se perpetuem situações injustificáveis tão-só porque envolvem certas vantagens imediatas para suas preocupações egoísticas.
Semelhante atitude mental constitui resolução muito grave.
Cristo ensinou a paciência e a tolerância, mas nunca determinou que seus discípulos estabelecessem acordo com os erros que infelicitam o mundo. Em face dessa decisão, foi à cruz e legou o último testemunho de não-violência, mas também de não-acomodação com as trevas em que se compraz a maioria das criaturas.
Não se engane o crente acerca do caminho que lhe compete.
Em Cristo tudo deve ser renovado, O passado delituoso estará morto, as situações de dúvida terão chegado ao fim, as velhas cogitações do homem carnal darão lugar a vida nova em espírito, onde tudo signifique sadia reconstrução para o futuro eterno.
É contra-senso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros.
Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela sinceridade das intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seu amor.

8 
Jesus veio

“Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” – Paulo. (Filipenses, 2:7.)
Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por estabelecer boas obras nos serviços de confraternização evangélica, alegando o estado infeliz de ignorância em que se compraz imensa percentagem de criaturas da Terra.
Entretanto, tais reclamações não são justas.
Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contou com a colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoados e compreensivos e, sim, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”.
Não podíamos ir ter com o Salvador, em sua posição sublime; todavia, o Mestre veio até nós, apagando temporariamente a sua auréola de luz, de maneira a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo.
O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição demasiado profunda.
Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sentimentais como razão para desentendimento com os irmãos da Terra.
Homem algum dos que passaram pelo orbe alcançou as culminâncias do Cristo. No entanto, vemo-lo à mesa dos pecadores, dirigindo-se fraternalmente a meretrizes, ministrando seu derradeiro testemunho entre ladrões.
Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em que te encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da iluminação, sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade.
Recorda a demonstração do Mestre Divino.
Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressando no mundo como filho sem berço e ausentando-se do trabalho glorioso, como servo crucificado.

CONTINUA AMANHÃ

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