terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

segundo as conclusões daquele templo de justiça, e o interpelado respondeu com humor que principiávamos o interrogatório manejando inesperada proposição. Elucidou, afirmando que em apontamentos fiscalizados de quase oitenta anos consecutivos, a média de irrepreensibilidade não excedia de cinco em mil, não obstante surgirem fichas honrosas de muitos que atingiam até mais de noventa por cem na matéria de distinção absoluta, o que, no “Almas Irmãs”, representa elevado grau de mérito.
Articulando novas inquirições, Amantino aclarou que, apesar da eqüidade nos julgamentos, prevalece o rigor no registro de todas as culpas e defecções dos reencarnados, para que não se afrouxe a disciplina; no entanto, os limites da tolerância, na Espiritualidade Superior, são mais amplos. Isso porque os árbitros e mentores não se valem exclusivamente dos textos, mas também dos princípios de compreensão humana que lhes palpitam nas consciências e, usando a própria consciência, o executor da lei não ignora as dificuldades que se antepõem às criaturas para que se conduzam em medidas de correção integral, no dédalo dos próprios sentimentos, quase sempre ainda tisnados pela eiva da
animalidade primitiva.
Aproveitei o assunto e indaguei sobre o divórcio.
O juiz atendeu. Em se reconhecendo que todos os matrimônios terrestres, entre as pessoas de evolução respeitável, se efetuam na base dos programas de trabalho, previamente estabelecidos, seja em questões de benefício geral ou de provas legítimas, o divórcio é dificultado, nas esferas superiores, por todos os meios lícitos; contudo, em muitos casos, é permitido ou prestigiado, sob pena de transformar-se a justiça em prepotência contra vítimas de crueldades sociais que a legislação na Terra, por enquanto, não consegue remediar, nem prever. Surgido o problema, o companheiro ou a companheira, responsável pela ruptura da confiança e da estabilidade da união conjugal, passa à condição de julgado. A vítima é induzida à generosidade e à benevolência, através de recursos que a Espiritualidade Superior consiga veicular, a fim de que não se frustrem planos de serviço, sempre importantes para a comunidade, compreendendo-se dentro dela os Espíritos encarnados e os desencarnados, cujas vantagens são recíprocas com a humildade e a benemerência de qualquer dos seus membros. Em razão disso, alcançam a Pátria Espiritual, na condição de enobrecidos filhos de Deus, as grandes mulheres e os grandes homens, justificadamente considerados grandes, diante da Providência, quando suportam, sem queixa, as infidelidades e as violências do parceiro ou da parceira de reduto doméstico, esquecendo incompreensões e ultrajes recebidos, por amor às tarefas que os Desígnios do Senhor lhes colocaram nos corações e nas mãos, seja no amparo moral à família consangüínea ou na sustentação das boas obras. Os que possuem semelhante comportamento dignificam todos os grupos espirituais a que se entrosam e venham dessa ou daquela religião, desse ou daquele clima do mundo, são acolhidos sob galardões de heróis verdadeiros, por haverem abraçado sem revolta os que lhes espancavam a alma, sem repelir-lhes a afeição e a presença. No entanto, os que patenteiam incapacidade de perdoar as afrontas, conquanto se lhes lastime a ausência de grandeza íntima, são igualmente amparados, no desejo de separação conjugal que revelem, adiando-se-lhes os débitos para resgates futuros e concedendo-se-lhes as modificações que requeiram.
Chegados a esse ponto, o homem ou a mulher continuam recolhendo o apoio espiritual que lhes seja preciso, segundo o merecimento e a necessidade de cada um, atribuindo-se tanta liberdade e tanto respeito ao homem quanto à mulher, no que tange à renovação de companhia e caminho, com as responsabilidades naturais que lhes decorram das decisões.
Assim acontece, ajuntou Amantino compreensivo, porque a Divina Providência manda exaltar as virtudes dos que amam sem egoísmo, sem desconsiderar o acatamento que se deve às criaturas de vida reta espoliadas no patrimônio afetivo. Os Executores das Leis Universais, agindo em nome de Deus, não aprovam a escravidão de ninguém e, em qualquer sítio cósmico, se propõem levantar consciências livres e responsáveis, que se elevem para a Suprema Sabedoria e para o Amor Supremo, veneradas e dignas, ainda mesmo que para isso escolham multimilenárias experiências de ilusão e de dor.
Impressionado, inquiri sobre a moral nos países terrestres, onde um homem guarda o direito de possuir várias esposas. Amantino, porém, destacou que a poligamia, mesmo aparentemente legalizada entre os homens, é uma herança animal que desaparecerá da face do mundo e que, em nos achando numa estância inspirada pelos ensinamentos do Cristo, não nos cabia olvidar que, perante o Evangelho, basta um homem para uma mulher e basta uma mulher para um homem. Ponderou que há provações e circunstâncias difíceis em que o homem ou a mulher são chamados à abstenção sexual, no interesse da tranqüilidade e da elevação daqueles que os cercam, situação essa que não modificam sem alterar ou agravar os próprios compromissos.
Perguntei se a Casa providenciava auxílio, conforme a extensão dos erros. Ele redargüiu, bem-humorado, que o auxílio se verifica justamente pela extensão dos acertos. Quanto mais exato o Espírito reencarnado, na prática dos deveres que lhe competem, mais amparo recolhe nos dias obscuros em que resvale no desatino. Qualquer pedido de ajuda ali formulado, antes de tramitar, é analisado à luz de contabilidade segura, pelo documentário pertencente ao candidato para quem se requisita favor. Acertos como haveres, desacertos por débitos. Somados uns e outros, verificase, de imediato, até que ponto será possível ou aconselhável o atendimento, determinando-se a média do auxilio atribuível a cada petitório individual. Salientou, entretanto, que, nessa clara aplicação do direito, muitos requerimentos de socorro, nas diligências

CONTINUA AMANHÃ

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