o desejo de
vê-la morta e terminou contando que D. Beatriz recebera uma denuncia dizendo
que a Cida iria ao Hospital, naquela manhã, para envenená-la, depois mataria o
marido e se suicidava. O Dr. Adilson pediu que ele desse o nome do denunciante,
para que pudesse ter base para chamar a Policia. Manoel não poderia contar que
a denuncia fora feita em uma sessão Espírita, além de não ter valor jurídico,
provavelmente, o Dr. Adilson não aceitaria e, ainda, poderia desacreditar de
toda a realidade. Resolveu assumir a responsabilidade, dizendo que o
denunciante era ele e que escutara uma conversa da Cida com uma amiga, na qual,
dizia o que ia fazer com a vagabunda da filha e com o marido infiel.
O Dr. Adilson estava em dúvida. Achava
anormal o comportamento de Cida, porém, as acusações de Manoel não tinham
provas concretas. Manoel, vendo o dilema do médico e com receio que ele agisse
pela lógica, ou seja, dá razão à mãe, jogou a última cartada.
- Doutor, vamos fazer o seguinte: o senhor
manda revistar a bolsa da Cida e se não for encontrado algo que comprove a
minha acusação, eu assumo toda responsabilidade. Assino uma declaração dizendo
que tudo foi invenção minha e que queria que a D. Beatriz se afastasse da
família, para que eu pudesse ficar com os bens dela.
Ainda indeciso, o Dr. Adilson perguntou:
- No caso de D. Cida ser inocente,
resolver processar o Hospital e você se negar a assumir a culpa, o que posso
fazer, a não ser me demitir e responder inquérito Judicial e do Conselho
Médico, podendo ser preso e ter o Diploma cassado.
- Doutor, tome os meus documentos e me dê
uma folha de papel em branco, para eu assinar.
Vendo tanta convicção em Manoel, deu uma
folha em branco para ser assinada, conferiu a assinatura, acertou como iria
agir e disse:
- Vamos lá Manoel e seja feita a Vontade e
a Justiça de DEUS.
Manoel agradeceu a confiança dizendo que
ele não se arrependeria.
Chegando à sala onde as duas estavam a sua
decisão, falou:
- Minhas senhoras, já tomei uma decisão,
espero que seja aceita sem tumulto, porque, em caso contrário, a segurança do
Hospital tomará as providências cabíveis. Ouvi o Sr. Manoel, que embora fosse
muito detalhista em narrar os fatos, não me convenceu e resolvi, dentro da
lógica, dá razão à mãe, que é soberana sobre os filhos, até prova em contrário
e, como neste caso não foram apresentadas provas visuais e concretas, a D. Cida
está autorizada a visitar à filha e conforme solicitação da mesma, A D. Beatriz
está proibida de visitar a neta, em quanto aqui ela estiver internada.
- Isso é um absurdo. A Cida vai matar a
filha. Manoel não deixe que este crime, anunciado, seja cometido. Você, mais
que qualquer um, sabe a verdade. Ontem a noite...
Manoel tampou a boca de D. Beatriz com a
mão e falou baixinho:
- Calma D. Beatriz, acredite na Justiça de
DEUS. Eu e o Dr. Adilson combinamos tudo, aguarde o final. A sua nora terá uma
grande surpresa.
- Que emocionante, os dois pombinhos
abraçados. A velha descarada e o jovem gigolô. Doutor retire daqui esses dois
vigaristas, como o senhor bem disse, eles não têm motivos para permanecerem no
Hospital.
- Calma D. Cida, eles já vão se retirar. A
senhora está autorizada a subir até o apartamento da sua filha, que já deve ter
sido transferida da UTI.
- Muito obrigada Doutor e para vocês tchauzinho.
Os fortes sempre vencem.
- Um momento D. Cida. Como é norma do
Hospital, os visitantes precisam ter os seus pertences verificados antes de
adentrarem à ala dos enfermos. A senhora sabe como é, as vezes, até comida e
tóxicos são encontrados nas revistas. Por gentileza entregue a sua bolsa à
segurança.
- Era só o que faltava. Eu uma mulher honesta,
de bem e da Alta Sociedade Paulistana, ser revistada em uma espelunca. Jamais
consentirei essa barbaridade. Estou subindo e não ouse me impedir. Processo
vocês por danos morais.
O Dr. Adilson mandou o Segurança segurá-la
e revistar a sua bolsa.
Cida tentou correr, mas foi dominada e
quando a sua bolsa foi aberta, encontraram uma Pistola e um frasco cheio de pó
branco, que depois de analisado, foi constatado ser estricnina.
A Policia foi chamada e Cida foi conduzida
à Delegacia. O Dr. Adilson, D. Cida e o Manoel, também, foram à Delegacia, em
carro particular, para prestarem depoimento.
Lá encontraram o Ronaldo, que foi avisado
por sua mãe.
Depois de tudo esclarecido e com os pedidos
de D. Beatriz e do Manoel e a retirada da queixa pelo Dr. Adilson, o Delegado,
que era Espírita e entendia do assunto de obsessão, resolveu depois das partes
assinarem um Termo de Ajustamento e Conduta, não registrar a ocorrência como
tentativa de homicídios e, sim, como desentendimento familiar.
Particularmente, aconselhou o Ronaldo a
frequentar um Centro Espírita, juntamente com a sua esposa, pois, lá era o
único lugar que poderia solucionar aquele problema, que quase se tornara uma
tragédia.
CONTINUA AMANHÃ
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