CONTINUAÇÃO
daquele
local que estava infestado de malfeitores.
No Centro Espírita Nossa Casa a equipe coordenado
pelo Sr. Mário, depois de trinta minutos de concentração e preces, iniciou os
trabalhos daquela noite, na expectativa que as Entidades Superiores
conseguissem convencer o irmão Baltazar e seus comandados a comparecerem à
reunião.
Carol continuava com a sua vivencia pelas
ruas. Durante o dia pedindo esmolas nos semáforos. Já não se preocupava em
esconder o seu rosto, pois, maltrapilha, suja, magra e com a gravidez amostra,
dificilmente seria reconhecida por alguém, talvez só a sua avó a reconhecesse.
À noite, protegida pelo Velho da Rua, dormia no chão daquele beco fedido. Quase
não dormia, tinha medo de ser estuprada e morta pelo seu protetor, que não
expirava confiança, ou por outro morador
da rua. As lembranças da sua vida passavam em sua mente, como uma tela de
cinema. A vida que levava em sua casa, com todo o conforto que alguém poderia
imaginar. Tinha tudo que queria, do bom e do melhor. Dinheiro não lhe faltava e
em quantidade. Só lhe faltava o amor, isso não conseguia encontrar o motivo.
Eles amavam o Rodrigo e a tratavam como uma inimiga, mas, também, não
compreendia porque não os amava. Teria que haver algum motivo, mas qual poderia
justificar essa falta de amor entre pais e filhos. Quando estava em casa não se
preocupara com este assunto, queria que eles se danassem e procurava sempre um
meio para enervá-los, ainda, mais e expressar a sua revolta.
Quantas vezes dizia para si mesma, eles
são meus pais tenho o dever de amá-los, mas, logo vinha uma força estranha, uma
voz dizendo, eles não te amam e não são teus pais. Agora, na rua, esses
pensamentos não a deixavam dormir. Pensava em suicidar-se, porém, logo sentia
um toque em sua barriga e lembrava-se do filho que tinha no ventre. Pensava,
será que é ele que não quer morrer e ao sentir a minha vontade de suicidar-me,
se desespera e chuta a minha barriga? Não, estou ficando louca. Amanhã resolvo
tudo isso de uma vez. Antes das seis horas, o Velho da Rua a acordava e mandava
que fosse, imediatamente, para o semáforo, sem tomar café, para chegar primeiro
no ponto e aproveitar, estando só, arrecadar mais.
A reunião no Centro continuava normalmente,
até o inicio da evocação do irmão Baltazar e seus amigos. Aos poucos eles foram
incorporando nos médiuns. Baltazar foi o primeiro a falar. Reclamou por o terem
tirado de uma festa, que estava muito boa e já duravam cinco dias.
- Vocês não têm o direito de, além de me
tirarem da festa, me trazer a força para este lugar que só têm velhas. Espera
um pouco, estou vendo uma jovem. Claro que não chega nem aos pés daquelas que
estavam conosco, mas, dá para quebrar o galho. Será que ela aceita participar
da nossa festa? O que vocês acham? Vamos leva-la?
- Meu querido irmão - disse o doutrinador
que estava ao lado da irmã Ivete.
- Querido irmão uma ova. Vocês nos tiraram
do paraíso e nos trouxeram para este lugar e, vem você me chamar de querido.
Isto é uma brincadeira de mau gosto.
- Para nós, vocês todos são muito queridos
e foram trazidos para este lugar, uma das muitas casas de DEUS, para que
pudéssemos orientá-los para o bem e para que possam, através da Justiça e
Bondade do nosso Pai Celestial, alcançar o verdadeiro paraíso, a verdadeira felicidade.
- Vá falando as suas besteiras, com o sono
que estou, estão chegando aos meus ouvidos como música. Não o ritmo alucinante
da nossa festa, mas, como estamos exaustos, logo dormiremos.
- Irmão querido, ainda que vocês adormeçam,
continuaremos a orientá-los para o bem e para o amor. Não há obstáculos que
impeçam a palavra de DEUS chegar até os seus filhos, ainda que estejamos
dormindo, até porque, o corpo físico adormece, mas o Espírito não.
Baltazar, através do médium, adormeceu o
que não impedia que o Sr. Mário e os doutrinadores, encarnados e desencarnados
presentes, continuassem a doutrina-los. Tão logo Baltazar adormeceu, o irmão
Antônio incorporou dizendo:
- Tenho confiança em vocês. Sei que estão
fazendo este trabalho para salvar a família da D. Beatriz, mas, também, sei que
com isso nós seremos beneficiados, talvez, até mais do que eles. Acho que deste
grupo do Baltazar só eu penso assim e, se vocês prometerem me proteger, eu
largo esta vida de bandido. Ainda estou com o bando do Diogo por não ter para
onde ir, a onde me esconder e ficar longe do seu domínio. Quando encarnado era
cigano e pertencia a uma tribo que foi dominada pela família do Diogo. Era
jovem, tinha vinte e dois anos e não aceitava, de uma hora para outra, viver
sob o domínio de uma pessoa que roubava e matava para ficar com os bens
materiais de suas vítimas. Obrigava todos a participar de seus atos infames e
quando alguém se negava, ele mandava matar, o que aconteceu com o meu pai. Não
suportando mais viver naquele inferno e com a morte de meu pai, suicidei-me e
fui para no Vale dos Suicidas. Não tenho a mínima ideia do tempo que ali
fiquei, até ser encontrado por Baltazar, que tinha sido morto em tiroteio com a
Policia. Ele convidou-me para acompanha-lo, dizendo que estava arrependido,
tinha mudado e vivia em uma Colônia, juntamente com muitos amigos, onde eles podiam
ir e vir livremente. Disse, ainda, que nesta Colônia, todos eram felizes e
trabalhavam para o bem da coletividade. Ele falava de uma maneira humilde e
amorosa. Não impunha, deixou-me livre para aceitar ou não, o seu convite. Não
tive escolha, na minha ignorância,
CONTINUA AMANHÃ
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