sábado, 14 de julho de 2012

SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas


CONTINUAÇÃO


Aos treze anos, não suportando mais a vida que levava, de privações, humilhações, apanhava quase todos os dias, inclusive, quando tinha dez anos fora estuprada por Belizário, resolveu sair de casa. Foram semanas a procura de trabalho decente. Era uma menina com corpo de mulher. Morena, alta, olhos verdes, cabelos pretos e compridos. Quando batia nas portas,  pedindo emprego e era recebida por mulheres, a resposta era não, pois tinham medo da concorrência dentro de casa. Quando eram os homens que atendiam, recebia propostas desonestas. Acabou em um Bordel, onde passou a prostituísse para sobreviver.
     Bruscamente, também, o diálogo do médium Manoel e o obsessor Antônio, foi interrompido por Baltazar, que o puxou, dizendo que o papo tinha terminado. Antônio foi embora, juntamente com os outros.
      D. Beatriz estava muito nervosa com o desenrolar  dos acontecimentos, principalmente, com o comprometimento que seus familiares tinham com o passado e, também, com o domínio que Baltazar tinha sobre os seus comandados. Só ele falava e na hora que resolveu ir, quando percebeu que o Antônio estava falando, todos o acompanharam.
     O Sr. Mário lembrou que o irmão Antônio era o mais maleável e, bem doutrinado, poderia ser muito útil. Acrescentando que o Manoel, antigo colaborador do Centro, era o médium indicado para conseguir mudar o pensamento daquele irmão.
     Manoel disse que, com toda certeza, o irmão Antônio era o mais acessível, porém, achava que, no próximo encontro, o Baltazar não o deixaria falar, como fizera com os outros, que vieram com a única missão de perturbar a sessão. Ou, quem sabe, talvez não permitisse a sua vinda.
     Patrícia concordou com o Manoel, mas disse que amanhã seria outro dia e que tinham do seu lado os Espíritos Benfeitores e os Mentores da Casa, que os trouxeram naquela noite, pois, eles não se apresentaram por livre e espontânea vontade. Portanto, tinha absoluta certeza que na próxima reunião eles seriam novamente trazidos e bem mais calmos e acessíveis.
     Após a prece de encerramento, todos se retiraram para as suas residências, depois daquela reunião muito agitada, exceto D. Beatriz, Patrícia e o Sr. Mário que ficaram comentando sobre os acontecimentos.
     D. Beatriz estava muito aflita, pelo que fora dito sobre a sua neta, que estava nas ruas e pedindo esmolas para sobreviver. Patrícia e o Sr. Mário procuraram tranquiliza-la, dizendo que para uma primeira reunião de um trabalho tão sério e sem a presença dos principais envolvidos, os resultados poderiam ser considerados como bons. Tinham certeza que nas próximas reuniões, os resultados seriam bem melhores. Os obsessores seriam bem doutrinados e, logo teriam a presença de Diogo e Madalena.
     Quanto a Carol, Patrícia iria falar com um amigo, que era Policial, para procura-la pelas ruas do centro da cidade, onde a incidência de pedintes era maior, isto em caráter particular e não oficialmente.
     Despediram-se e D. Beatriz, como de costume, deu carona para Patrícia. Durante o trajeto, não parou de pedir à amiga que orasse por Carol e, se possível, através da sua Entidade, a encontrasse e a encaminhasse à sua casa.
     Durante os cinco dias consecutivos, os trabalhos foram iniciados e encerrados sem a presença de um único do grupo de Baltazar. Apareciam alguns Espíritos enganadores, gozadores, que eram logo descobertos e se retiravam.
     As Entidades Benfeitoras, através do Mentor Espiritual do Centro, o irmão Frei Fabiano, disseram que estavam tendo dificuldades de encontra-los, pois, estavam escondidos no Umbral e muito bem protegidos por uma gang de malfeitores, comandada por Diogo. Disseram, também, que tinham providenciado mais colaboradores, junto ao Departamento de Ajuda aos Obsessores e, acreditavam, com a permissão do Pai, na próxima reunião eles seriam trazidos.
     Mais uma noite de aflições e desespero para D. Beatriz. A neta não tinha sido encontrada e Ronaldo e Cida continuavam em guerra. Já não se falavam, Ronaldo passou a dormir no quarto de hospede. Saia muito cedo e voltava tarde da noite, para não encontrar a esposa. Cida agradecia à DEUS, pois não suportava mais nem ouvir a sua voz.
     A equipe de Diogo estava trabalhando muito bem e com pressa, para concretizar o plano estabelecido, que era a Cida matar o marido, a filha e suicidar-se.
     De inicio, Diogo e Madalena planejaram que o plano seria efetuado lentamente, para Ronaldo e Cida sofrerem aos poucos e eles gozarem mais, dia a dia, o sofrimento daquela família. Todavia, com a interferência dos trabalhos que estavam sendo feitos no Centro Espírita Nossa Casa, com ajuda dos Espíritos Benfeitores, o plano teria que ser acelerado e concretizado de imediato. Até porque, ele estava achando que a sua equipe estava fraquejando. Até o Baltazar estava mais vigilante. Ele sabia que todo o seu bando estava em suas mãos. Todos tinham medo dele e sabiam que só ele era capaz de fornecer as drogas, bebidas e mulheres, que eles precisavam para satisfazer os seus instintos.
     Diogo conseguiu prender toda a equipe, durante vários dias, com festa, drogas, bebidas e muitas mulheres. Todos foram, aos poucos, ficando exausto, inclusive ele que, juntamente com Madalena, se retirou para descansar. Vendo o chefe ausente, os vigias aproveitaram para entrar na festa e aproveitarem aquela fartura.
     A equipe de socorro que estava a espreita aproveitou a oportunidade e retirou Baltazar e seus comandados, levando-os para longe daquele 

CONTINUA AMANHÃ

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