segunda-feira, 25 de junho de 2012

SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas

CONTINUAÇÃO 

Ronaldo pensara até em separação, mas amava a esposa e era fiel. 
Nunca tivera uma aventura fora de casa, por mais simples que fosse. 
Oportunidades não faltavam, principalmente durante as viagens.
Na solidão dos quartos de hotéis, ficava pensando o que e porque daquela situação. 
O seu casamento estava, praticamente, acabado. 
No princípio, com as dificuldades que passaram eram felizes. 
Agora, com sua vida profissional estabilizada, boa posição social, econômica e financeira, a felicidade acabara. 
Não conseguia mais passar um fim de semana em casa com a família, preferia ficar solitário, nos quartos de hotéis, para evitar ouvir cobranças e discutir com Cida e Carol. 
Já pedira conselhos à D. Beatriz, mas ao invés de conselhos, recebia convite para participar de uma sessão espírita, no Centro que sua mãe frequentava. 
Ela dizia que os problemas que estavam aparecendo em sua casa eram motivados por dívidas contraídas em encarnações passadas. 
D. Beatriz, assim como toda família, sempre fora católica de não perder a missa aos domingos. 
Após a morte do marido, a convite de uma amiga, passou a frequentar o Centro Espírita Nossa Casa, onde encontrou todas as respostas para as suas dúvidas sobre a vida antes e depois da morte do corpo físico. Depois de alguns anos de estudos e desenvolvimento da mediunidade, tornara-se uma das colaboradoras do Centro. 
Além dos trabalhos de organização e assistência social aos mais necessitados, fazia palestras e trabalhava como médium incorporadora, nas seções mediúnicas. 
Nunca forçara o filho e sua família a seguirem a Doutrina Espírita, pois, sabia que, como ela, um dia eles a descobririam. 
 Infelizmente, na sua maioria, essa descoberta é feita na ocasião de dores e desesperos. 
Achava que a hora tinha chegado para seu filho. 
Se as coisas continuassem como estavam, o final, que estava próximo, seria a separação e o esfacelamento da família. 
Ronaldo continuava católico e sempre que podia ia à missa aos domingos. 
Não acreditava no Espiritismo, principalmente, em reencarna-ção. 
Era contra a atitude de sua mãe, ao trocar o Catolicismo pela Doutrina Espírita e, todas as vezes que conversavam sobre o assunto, procurava convencê-la a voltar para a Igreja Católica. 
D. Beatriz fora aconselhada, pelos mentores espirituais, a fazê-lo participar de uma reunião mediúnica, pois, a sua casa estava cheia de Espíritos Obsessores, cuja finalidade era fazer a separação do casal e destruição de toda a família. 
Vendo que era muito difícil, ou melhor, impossível fazê-lo mudar de ideia, resolveu falar abertamente com Cida e convidá-la a participar de uma sessão mediúnica. 
Talvez, com a participação de Cida nas sessões, pudesse levar o Ronaldo e Carol para o Centro.
 No sábado, pela manhã, D. Beatriz foi a casa do filho. 
- Bom dia Cida. O Ronaldo está em casa? 
- Bom dia D. Beatriz. Há muito tempo o seu filho não passa os finais de semana em casa. Arruma uma viagem na sexta feira e só volta na segunda ou terça feira, aliás, já falei com a senhora sobre isso. 
- Já falou sim. Porém, vim falar com você e, é bom que ele não esteja.
- Aconteceu alguma coisa? Vamos para a sala. 
- Vamos. Os meninos estão dormindo? 
- O Rodrigo está, mas a Carol saiu cedo, dizendo que ia estudar na casa de uma amiga. Agora, conte-me o que tão importante a fez vir visitar-me em uma manhã de sábado? 
- Você sabe que sou Espírita e a muito tempo venho tentando levar o Ronaldo para participar de uma reunião, porém, sem sucesso. Ultimamente, quando começo a falar ele se aborrece e chega ao ponto de dizer, caso eu voltasse ao assunto ele deixaria de ir em casa. 
- Isso prova como está difícil dialogar com o seu filho. Quando o assunto não é do seu interesse, ele encerra a conversa, ameaçando sair de casa.
 - Você não acha que está havendo alguma coisa estranha interferindo em suas atitudes? 
Ele sempre foi um bom filho, um bom esposo e um excelente pai. Não é possível que, de uma hora para outra, uma pessoa possa se transformar dessa maneira, a não ser ocasionado por uma força superior.
 - D. Beatriz acho que ele arrumou outra m-lher e, para não ser o vilão da história, está fazendo tudo para eu abandonar a casa. Mas, isso ele não vai conseguir, até porque, ainda o amo muito e não abandonarei a minha casa e os meus filhos. 
- Não acho que o problema seja outra mulher. Quando ele vai lá em casa e fala sobre vocês, diz que não sabe o que está acontecendo, pois, apesar de amá-la muito, o relacionamento entre vocês, desde o nascimento de Carol, piora dia a dia. Diz, ainda, que esperava ver, com o crescimento da Carol, tudo voltasse ao normal, mas, quando mais ela cresce mais a vida de vocês torna-se um inferno. 
 - Isso é verdade. Esperava com o nascimento da Carol uma maior união de nossa família, mas aconteceu o contrário. Parece até que o nascimento de Carol foi castigo de DEUS. 
- Cida não deixe que os acontecimentos a faça falar blasfêmias. 
Tudo acontece com a permissão de DEUS e, para o nosso bem, para o nosso aprimoramento moral e para a nossa elevação espiritual. DEUS não castiga ninguém. 
Nós é que erramos e pedimos para reparar os nossos erros e, Ele, com justiça e bondade, 

CONTINUA AMANHÃ

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