domingo, 13 de maio de 2012

CRÔNICA DOMINICAL

PARA SEMPRE

 Por que Deus permite
 que as mães vão-se embora?
 Mãe não tem limite,
 é tempo sem hora,
 luz que não apaga
 quando sopra o vento
 e chuva desaba,
 veludo escondido
 na pele enrugada,
 água pura, ar puro,
 puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade. 
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca, 
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora
será pequenino
feito grão de milho.

 Carlos Drummond de Andrade

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