terça-feira, 20 de março de 2012

ALMA E LUZ - Livro de CHICO XAVIER - Parte 05

CONTINUAÇÃO

18 - Tolerância Divina

"E dizia Jesus: - Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." - Lucas, 23:34

Ouvem-se as opiniões mais disparatadas no que concerne ao perdão e à tolerância de Deus.
Aprendizes levianos, a todo instante, referem-se ao problema, com mais infantilidade que espírito de observação e obediência.
São raros os que se compenetram da magnitude do assunto.
O perdão divino jamais será entendido no quadro da preguiça, do egoísmo pessoal ou da inconstância da criatura.
As palavras do Mestre, na cruz, oferecem um roteiro de pensamentos profundos, nesse sentido: -
"Perdoa-lhes, meu Pai, porque não sabem o que fazem", representa uma sentença básica da responsabilidade que o assunto envolve em si mesmo.
Num momento, qual o do Calvário, em que a dor se lhe impunha ao Espírito Divino, Jesus roga o perdão de Deus para as criaturas, mas não esquece de assinalar o porquê de Sua solicitação.
Seu motivo profundo era o da ignorância em que os homens se mergulhavam.
O Mestre compreendia que não se deve invocar a tolerância de Deus sem razão justa, como nunca se abusa de um Pai abnegado e carinhoso.
Tornava-se preciso explicar que o drama do Gólgota era forma de animalidade de quantos o rodeavam.
E a expressão do Cristo foi guardada no Evangelho, a fim de que todos os aprendizes venham a compreender que tolerância e perdão de Deus não são forças que se reclamam a esmo.

19 - A Torre

“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos para ver se tem com que a acabar?” - Jesus- Lucas, 14:28.
Constitui objeto de observação singular as circunstâncias do Mestre se referir, à essa altura dos ensinamentos evangélicos, à uma torre, quando deseja simbolizar o esforço de elevação espiritual por parte da criatura.
A torre e a casa são construções muito diversas entre si.
A primeira é fortaleza, a segunda é habitação.
A casa proporciona aconchego, a torre dilata a visão.
Um homem de bem, integrado no conhecimento espiritual e praticando-lhe os princípios sagrados está em sua casa, edificando a torre divina da iluminação, ao mesmo tempo.
Em regra vulgar, porém, o que se observa no mundo é o número espontâneo de pessoas que nem cuidaram ainda da construção da casa interior e já falam calorosamente sobre a torre, de que se acham tão distantes.
Não é fácil o serviço profundo da elevação espiritual, nem é justo apenas pintar projetos sem intenção séria de edificação própria.
É indispensável refletir nas contas, nos dias ásperos de trabalho, de autodisciplina.
Para atingir o sublime desiderato, o homem precisará gastar o patrimônio das velhas arbitrariedades e só realizará esses gastos com um desprendimento sincero da vaidade humana e com excelente disposição para o trabalho da elevação de si mesmo, a fim de chegar ao término, dignamente.
Queres construir uma torre de luz divina?
É justo. Mas não comeces o esforço, antes de haver edificado a própria casa íntima.


20 - Trabalhando

Quando estudamos a lição dos trabalhadores da última hora, nas páginas divinas do Evangelho, recordamos que, realmente, trabalhando, é possível alcançar todas as realizações que nos propomos atingir.
Trabalhando, o coração empolgado pelo desânimo, pode converter, de imediato, as trevas da amargura em claridades imperecíveis de alegria e esperança.
Trabalhando a criatura frágil, se fortifica, pouco a pouco, dominando o campo em que respira, vive e cresce.
Trabalhando, a mente atacada pelo veneno do ódio ou da desesperação, encontra recursos para compreender as próprias lutas, com mais clareza, aprendendo a transformar revolta e fel em paciência e perdão.
Trabalhando, a alma isolada pela discórdia, pode surpreender a abençoada luz da harmonia e da paz, depois de longas noites de conflito e agonia.
Trabalhando, o mau se faz bom, o adversário se transforma em amigo, o infeliz atinge a casa invisível e brilhante do eterno júbilo.
Guardemos a palavra de Jesus e trabalhemos sempre na extensão do bem.
O livro ou o tribunal, a enxada ou a semente aguardam nossos braços, tanto quanto os sábios e os ignorantes esperam por nossa cooperação cada dia.
Fujamos às sombras densas e guerras escuras do nosso próprio “eu”, devotando-nos ao serviço de Deus, na pessoa e nos círculos dos nossos semelhantes.
Plantando a felicidade dos outros, encontraremos a nossa própria felicidade.
Um anjo que se ponha a dormir num vale, tentado pelo perfume das flores efêmeras, pode repousar indefinidamente nas trevas, enquanto que o aleijado que se disponha a arrastar-se, sangrando o corpo e cobrindo-se de suor, na subida do monte, pode alcançar a glória do cimo e banhar-se de sublimes clarões, antes dos que dormem, com a graça divina da gloriosa alvorada...
Os últimos serão os primeiros- disse o Senhor!
Em verdade, será difícil a compreensão de semelhante ensino para a nossa lógica habitual, entretanto, se vives servindo, compreenderás que o trabalho realmente pode operar o divino milagre

Alma e Luz
Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

FIM

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