domingo, 18 de março de 2012

ALMA E LUZ - Livro de CHICO XAVIER - Parte 03

CONTINUAÇÃO

10 - O Maior Mandamento

"Ama a Deus, com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento! - eis o maior mandamento", proclamou o Senhor. Entretanto, perguntarás, como amarei a Deus que se encontra longe de mim?
Cala, porém, as tuas indagações e recorda que, se os pais e as mães do mundo vibram na experiência dos filhos, se o artista está invisível em suas obras, também Deus permanece em suas criaturas.
Lembra que, se deves esperar por Deus onde te encontras, Deus igualmente espera por ti em todos os ângulos do caminho.
Ele é o Todo em que nos movemos e existimos.
Escuta a Lei Sublime do Bem e vê-Lo-ás sofrendo no irmão enfermo, esperando por tuas mãos; necessitado, no coração ignorante que te pede um raio de luz; aflito, na criancinha sem lar que te estende os braços súplices, rogando abrigo e consolação; ansioso, no companheiro agonizante que te implora a bênção de uma prece que o acalente para a viagem enorme; inquieto, no coração das mães que te pedem proteção para os filhinhos infelizes e expectante, nas páginas vivas da Natureza, aguardando a tua piedade para as árvores despejadas, para as fontes poluídas, para as aves sem ninho ou para os animais desamparados e doentes.
Amemos ao próximo com toda a alma e com todo o coração e estaremos amando ao Senhor com as forças mais nobres de nossa vida.
Compreende e auxilia sempre...
Serve e passa...
Quem se faz útil, auxilia a construção do Reino Divino na Terra e quem realmente ama a Deus, sacrifica-se pelo próximo, fazendo a vida aperfeiçoar-se e brilhar.

11 - Nos Grandes Momentos

“E todos os seus conhecidos e as mulheres estavam de longe, vendo estas cousas.”
Que juntamente O haviam seguido desde a Galiléia,  -Lucas, 23: 49.
A solidão de Jesus no Calvário é uma lição viva aos discípulos do Evangelho, em todos os tempos. Quase sempre os aprendizes procuram impor ao próximo o seu modo de sentir.
Às vezes, quando menos avisados, raiam pela imprudência, ansiosos pela renovação imediata de amigos, de conhecidos, de familiares.
Suas atividades se convertem num conjunto de inquietações indevidas.
Andam esquecidos de que cada um será compelido ao testemunho nos grandes momentos.
E, quando chegado o ensejo, devem contar, acima de tudo, com Deus e consigo próprios.
Jesus, no Apostolado da Luz e do Bem, junto ao espírito popular, formara compacta legião de amigos.
Todos os beneficiários de Sua Obra seguiam-No em admiração constante.
Volteavam-Lhe em torno dos passos, não só os admiradores, os aprendizes, os curiosos, mas também os doentes da véspera, reintegrados no tesouro da saúde, à força de Sua Dedicação Divina.
Mas no grande momento, quando as sombras do martírio Lhe amortalhavam o coração, todos os participantes de Suas caminhadas se recolheram à distância da Cruz, contemplando de longe.
Não se ouviu a voz de nenhum beneficiado, ao pé do Calvário. Ninguém Lhe recordou, no extremo instante, as Obras Generosas, perante os algozes que O acompanhavam.
E o ensinamento ficou para que cada aprendiz, no decurso do tempo, não esquecesse a necessidade do próprio valor.

12 - Mortos

Há sempre numerosos mortos em nossa luta de cada dia, convocando-nos às preces da diligência e da bondade em favor de cada um.
Mortos que sofrem muito mais que os outros- aqueles que julgais sentenciados à cinza e à separação.
Há usurários que se sustentam, inermes, em túmulos de ouro.
Há dominadores do mundo que se mostram distraídos em seus imponentes sarcófagos de orgulho falaz.
Há juízes inumados em covas de lama.
Há legisladores mumificados em terríveis enganos da alma.
Há sacerdotes enterrados sob o catafalco adornado da simonia e administradores encerrados em urnas infernais de inconfessáveis compromissos.
Há jovens mortos no vício e velhos amortalhados no frio da negação.
Há sábios enrijecidos no gelo da indiferença e heróis paralíticos sobre a essa de fantasias e ilusões.
Há impulsos em sepulturas de espinhos e preguiçosos em sepulcros de miséria.
Se proclamardes a verdade perante todos eles, almas cadaverizadas no esquecimento da Divina
Lei, decerto, responder-vos-ão com a inércia, com a ironia e com a imobilidade.
Para eles, pronunciou o Senhor as antigas palavras:- “Que os mortos enterrem os seus mortos”.
Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do Bem Infinito...
Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a
eterna libertação.

13 - Pilatos

“Mas entregou Jesus à vontade deles.” - Lucas, 23:25.
Pilatos hesitava. Seu coração era um pêndulo entre duas forças poderosas...
De um lado, era a consciência transmitindo-lhe a vontade superior dos Planos Divinos, de outro,
era a imposição da turba ameaçadora, encaminhando-lhe a vontade inferior das esferas baixas do mundo.
O infortúnio do juiz romano foi entregar o Senhor aos desígnios da multidão mesquinha.
Na qualidade de homem, Pôncio Pilatos era portador de defeitos naturais que nos caracterizam a quase todos na experiência em que o nobre patrício se encontrava, mas como juiz naquele instante, seu imenso desejo era de acertar.
Queria ser justo e ser bom no processo do Messias Nazareno, entretanto, fraquejou pela vontade enfermiça, cedendo à zona contrária ao bem.
Examinando o fenômeno, todavia, não nos move outro desejo senão de analisar nossa própria fragilidade.
Quantas vezes agimos até ontem, ao modo de Pilatos, nas estradas da vida? Imaginemos o tribunal de Jerusalém transportado ao nosso foro íntimo.
Jesus não se punha contra o nosso exame, mas, esperando pela nossa decisão, aí permanece conosco a Sua idéia Divina e Salvadora.
Qual aconteceu ao juiz, nosso coração transforma-se em pêndulo, entre as exortações da consciência eterna e as requisições dos desejos inferiores.

CONTINUA AMANHÃ

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