sábado, 17 de março de 2012

ALMA E LUZ - Livro de CHICO XAVIER - PARTE 02

CONTINUAÇÃO

Círculos Intercessórios

“Ajudando-nos também vós com orações por nós, para que pela mercê, que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito”. Paulo- II Coríntios, 1:11.
O mal empreende o ataque, o bem organiza a defesa. O primeiro, movimenta a agressão, estabelece o terror, espalha ruínas. O segundo mobiliza o direito, cria energias novas, eleva sentimentos e consciências.
Os povos pacíficos da atualidade encontram problemas de solução imediata, cuja equação requer ânimo sadio. Como interpretar o assédio de força? Como receber as novas modalidades de tirania?
O ataque do mal vem à sombra da noite, o golpe traiçoeiro não espera declarações diplomáticas, nem a invasão generalizada obedece a protocolos políticos.
Muitas nações mantiveram-se à margem dos grandes conflitos, guardando a neutralidade e as tradições do direito internacional.
Nem por isso, todavia, tornaram-se respeitadas.
A onda de barbarismo envolve países, coletividades, continentes.
É necessário que o bem organize a defesa.
Muita gente pergunta:- Combater por quê? Estamos com Jesus que ensinou o bem e a paz.
Entretanto, é indispensável não esquecer que existem padrões de pacifismo e padrões de passividade.
O Mestre é o Príncipe da Paz. Contudo, é imprescindível raciocinar quanto ao que seria o
cristianismo se Jesus houvesse entrado em acordo com os fariseus do templo...
A batalha do Calvário iniciou o movimento de defesa do Evangelho. Continuaram, então, as batalhas cristãs, desde os circos romanos até aos campos sangrentos da atualidade.
Eis que o Brasil, generoso e pacífico, foi convocado às lutas da defesa.
Nesta hora grave, recordemos a exortação confiante de Paulo:- “Fundemos círculos intercessórios para a cooperação ativa junto às vanguardas vigilantes”.
Organizemos ligas de orações nos templos, nas instituições e nos lares, compadecendo, espiritualmente no esforço defensivo, auxiliando também nós, no valoroso combate do bem.

Círculos Cooperadores

"E rogo-vos irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus." Paulo - Romanos, 15:30.
Que será do mundo se o tenebroso movimento do mal, que atualmente o envolve, terminar em comédia diplomática, dilatando mentiras e encorajando agressões novas? * Que será dos povos trabalhadores se a luta paralisar em mistificação que reforce a tirania e restaure o cativeiro?
Escrevendo aos romanos, relativamente aos seus esforços no serviço áspero, Paulo de Tarso oferece uma fórmula sagrada aos tempos atuais...
O apóstolo não recomenda rogativas pela cessação da luta, não reclama o término dos testemunhos, não alude à parte final de trabalhos e sacrifícios...
Pede, simplesmente, aos irmãos que combatam em orações, na sua companhia.
O grande trabalhador conhecia a força do pensamento e não ignorava que toda luta se processa através de linhas e círculos.
Jesus fazia excursões nas localidades palestinenses, mas voltava ao círculo de Cafarnaum em casa de Pedro.
Os apóstolos dilatavam cruzeiros de pregação, mas não dispensavam o círculo das igrejas.
O homem vai às frentes do trabalho, diariamente, todavia, não prescinde do círculo do lar.
Não há linhas de serviço sem os círculos de preparação eficiente.
Neste momento difícil dos povos, quando se recorre à organização de vanguardas valorosas, é justo não esquecer as fortalezas morais da retaguarda.
Os discípulos do Evangelho, em todo o mundo, passam por experimentação necessária.
Cultivar a fé, não significa adorar somente.
Seguir o Mestre não é incensar-Lhe o nome apenas.
É tomar a cruz deste testemunho, sem desdenhar sacrifícios.
Não esqueçamos que Paulo se refere a combater.
Em horas tão graves quanto estas, quando o direito e o bem, a paz e a verdade reclamam linhas de defesa, organizemos também os círculos espirituais de cooperação.
Ninguém deve esquecer que o esforço cristão há de ser total para a vitória total do Evangelho.
Mensagem psicografada na época da II Guerra Mundial.

Com Um Beijo

"E logo que chegou, aproximou-se Dele e disse-lhe: - Rabi, Rabi. E beijou-O". Marcos, 14:45.
Ninguém pode turvar a fonte doce da afetividade em que todas as criaturas se dessedentam sobre o mundo.
A amizade é a sombra amiga da árvore do amor fraterno. Ao bálsamo de sua suavidade, o tormento das paixões atenua os rigores ásperos. É pela realidade do amor que todas as forças celestes trabalham.
Com isso, reconhecemos as manifestações de fraternidade como revelações dos traços sublimes da criatura.
Um homem estranho à menor expressão de afeto é um ser profundamente desventurado. Mas, aprendiz algum deve olvidar quanta vigilância é indispensável nesse capítulo.
Jesus, nas horas derradeiras, deixa uma lição aos discípulos do futuro.
Não são os inimigos declarados de Sua Missão Divina que vêm buscá-Lo em Gethsemani. É um companheiro amado. Não é chamado à angústia da traição com violência. Sente-se envolvido na grande amargura por um beijo. O Senhor conhecia a realidade amarga. Conhecera previamente a defecção de Judas: "É assim que me entregas"? - falou ao discípulo. O companheiro frágil perturba-se e treme.
E a lição ficou gravada no Evangelho, em silêncio, atravessando os séculos.
É interessante que não se veja um sacerdote do templo, adversário franco de Cristo, afrontando-lhe o olhar sereno ao lado das oliveiras contemplativas.
É um amigo que lhe traz o veneno amargo.
Não devemos comentar o quadro, em vista de que, quase todos nós, temos sido frágeis, mais que Judas, mas não podemos esquecer que o Mestre foi traído com um beijo.

Como Lês?

“E Ele lhe disse:- Que está escrito na lei? Como lês?” - Lucas, 10:26.
A interrogação do Mestre ao doutor de Jerusalém dá idéia do interesse de Jesus pela nossa maneira de penetração da leitura.
Sem nos referirmos ao círculo vasto de pessoas ainda indiferentes às lições do Evangelho, podemos reconhecer, mesmo entre os aprendizes, as mais diversas tendências no que se refere ao problema dos livros.
Os leitores distanciam-se uns dos outros pelas expressões mais heterogêneas.
Uns pedem consolação, outros procuram recreio.
Há os que buscam motivos tristes por cultivar a dor, tanto quanto os que se arvoram em caçadores de gargalhadas.
Surgem os que reclamam tóxicos intelectuais, os que andam em busca de fantasias, os que insistem por incentivos à polêmica envenenada.
Raros leitores pedem iluminação.
Sem isto, entretanto, podem ler muito, saturando o pensamento de teorias as mais estranhas.
Chega ao dia em que reconhecem a pouca substancialidade de seus esforços, porque, sem luz, o conforto pode induzir à preguiça, ao entretenimento, à aventura menos digna, à tristeza, ao isolamento, ao riso e ao deboche.
Com a iluminação espiritual, todavia, cada cousa permanece em seu lugar, orientada no sentido
de utilidade justa.
Lembra que quando te aproximes de uma livro estás sempre pedindo alguma cousa. Repara, com atenção, o que fazes.
Que procuras? Emoções, consolo, entretenimento? Não olvides que o Mestre pode também interrogar-te:-“Como lês?”

Jesus e Renúncia

Estudando a renúncia que o Evangelho nos traça por senda de ascensão, examinemos como se fazia a renúncia na conduta de Cristo para que a nossa exibição de virtude não se converta em falta de caridade.
Porque as portas do vilarejo em que surgiu entre os homens se Lhe fechassem à necessidade de socorro e refúgio, não se esquivou ao propósito de auxiliar às criaturas da Terra e valeu-se da estrebaria para começar o Seu Divino Apostolado de Redenção.
Porque os doutores de Jerusalém Lhe furtassem concurso intelectual na divulgação da Boa Nova,
não abandonou a idéia de iluminar lhes o passo com a luz da Revelação Sublime e aceitou a colaboraçao de pescadores singelos para ofertar-lhes o ensinamento.
Porque sentisse Judas transtornado pela tentação de domínio, não desistiu de auxiliá-lo, é o instante em que o próprio discípulo desertasse da preciosa tarefa de que se achava investido.
Porque Pedro O negasse na extrema hora, não lhe recusa mão firme no reajuste.
E porque os homens O tivessem crucificado, impondo-Lhe injuria e morte, em retribuição de Sua Ternura e Devotamento, não se afasta da Terra em definitivo, a pretexto de glorificar-Se no Céu, reaparecendo aos companheiros, plenamente redivivo, esquecendo assombras e ofensas, a recompor os serviços da Sua Bandeira de Aperfeiçoamento das Almas, prometendo-lhes cooperação e amor até o fim dos séculos.
Lembremo-nos de que Jesus renunciou sempre felicidade de ser compreendido para melhor compreender e de ser amado para amar com mais amplos recursos de entendimento.
Faze, assim, semelhante renuncia ao pé daqueles que a vida te confiou, permanecendo sempre em teu posto de sacrifício para melhor servi-los no campo da evolução e terás aprendido que renunciar com o Senhor é trocar o prazer efêmero da superfície para construir no imo da própria alma a Soberana Alegria da Vida Eterna.

A Luz Do Evangelho

Empobreçamo-nos de vaidade e orgulho, de ambição e egoísmo e, certamente, a verdade nos impelirá aos planos mais altos da vida.
Ilusões e exigências são adensamento de névoas em torno de nossa visão espiritual.
Jesus, no ensinamento evangélico, não exaltava os indigentes de educação ou de energia!
Salientava a triste condição das almas que amontoam, ao redor dos próprios passos, ouro e títulos convencionais no exclusivo propósito de dominação entre os homens, acabando emparedadas em pergaminhos dourados e cintilantes molduras, à maneira de cadáveres em mausoléus de alto preço.
É justo usar os patrimônios de inteligência e reconforto que o mundos nos oferece à solução dos nossos problemas evolutivos, mas é indispensável saber distribuir com espontâneo amor as facilidades que a Terra situa em nossas mãos a fim de que a fé não brilhe debalde em nossa rota.
O Senhor, em surgindo na manjedoura, estava pobre de bens materiais, mas sumamente rico de luz.
Mais tarde, no madeiro infamante, encontrava-se pobre de garantias humanas, mas infinitamente rico de Vida Eterna.
Empobreçamo-nos de exclusivismo e enriqueçamo-nos de serviço edificante! Nessa estrada de sintonia com o Alto, atingiremos, em breve tempo, os tesouros da Vida Eterna!...

CONTINUA AMANHÃ

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