terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas - Parte 26

CONTINUAÇÃO

as queixas de Cida a respeito da filha ou fosse obrigado a repreendê-la ou castiga-la. Chegando tarde ela já estava dormindo e só ouvia as queixas e lamentações de sua mulher, que eram tantas que chegava a pensar que ela estava inventando tudo aquilo.
Para evitar encontrar-se com a filha nos fins de semana e, como depois que foi promovido a Gerente Geral da filial Brasileira, teria que visitar os representantes, fornecedores e clientes, em diversos Estados do Brasil, programava essas viagens para as sextas feiras, com isso, automaticamente, passava os fins de semana fora de casa. Pensava ele, que desta maneira o problema estaria resolvido. Talvez, considerando-se que o seu encontro com a filha era um problema, essa sua atitude seria a solução. Todavia, mal sabia ele que problemas bem maiores estavam surgindo, ou seja, a desconfiança de Cida sobre a sua fidelidade, a revolte de Carol, julgando-se rejeitada e, por conseguinte, o seu envolvimento com más companhias, o término do seu casamento e, finalmente, a gravidez de Carol.
Chegando em casa não encontrou Cida. D. Glória informou que ela tinha saído logo atrás dele e que o Rodrigo tinha ido à Faculdade. Pensou, todos estão contra mim, só eu que estou preocupado com a fuga da Carol. Resolveu ir para a Empresa, lá teria outros assuntos para tratar e, provavelmente, esqueceria os problemas de casa, pelo menos durante as horas que passaria no serviço. Mas, apesar do acumulo de assuntos a ser resolvidos, não conseguia esquecer a gravidez de sua filha, a reconciliação com Cida e, principalmente, as palavras daquela senhora, através de sua mãe. Tinha certeza que a conhecia, mas não conseguia lembra-se de onde.
Carol conseguiu abrir a janela e pular para a rua, por volta das cinco horas da manhã. Tinha pouco dinheiro na bolsa, pensou em ir para a casa de uma de suas amigas, mas imaginou que sua mãe, tão logo soubesse da sua fuga, iria iniciar as buscas justamente nas casas de suas amigas. Foi até a Rodoviária tentar comprar passagem para o litoral, onde sua avó tinha uma casa. No balcão de venda de passagens pediram a sua carteira de identidade e o atendente constatou que era menor de idade. Só poderia viajar na companhia dos pais ou com autorização do Juizado. Foi até ao posto do Juizado providenciar a Autorização, lá foi informada que só os pais poderiam tirar o documento A expectativa de viajar estava descartada. Ficou andando pela Rodoviária. Não podia voltar para casa, pois, tinha certeza que levaria uma surra bem maior do que a da noite passada, pela fuga e para dizer o nome do pai daquele filho que carregava no ventre. Já tinha quase cinco meses de gravidez e, pelo pouco que sabia a respeito, o seu filho já estava quase totalmente formado, portanto, preferia morrer, a ter que fazer um aborto e, voltando para casa, a sua mãe a obrigaria a fazê-lo. Passava do meio dia quando sentiu fome, não tinha jantado na noite passada e nem tomado café pela manhã. Foi à Lanchonete e tomou café com pão, precisava economizar. O dinheiro era pouco e, ainda, não sabia o fazer ou para onde ia. As horas passavam lentamente, começou a escurecer. As pessoas que trabalhavam na Rodoviária, inclusive os Policiais, a olhavam com desconfiança. A tarde, um Policial perguntara se ela ia viajar e para onde. Respondeu que estava a espera da mãe que vinha do norte. A noite, sentada em um banco, adormeceu. O movimento de pessoas chegando e saindo diminuiu. De madrugada acordou com frio e fome, foi à Lanchonete e tomou mais um café com pão, agora sem leite e manteiga, era mais barato.

CONTINUA AMANHÃ

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