quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas - Parte 6

CONTINUAÇÃO

- Bom dia vovó. Quando levantei a vi na sala com a mamãe, mas pareceu-me que estavam tão concentradas na conversa que não quis incomodá-las.
- Bom dia meu neto, realmente o assunto era muito interessante, mas a sua presença seria um prazer para nós. Como vai na Faculdade? Espero ter logo um médico de confiança e particular para tratar-me.
- Tudo bem, mesmo sabendo que dependendo de pacientes como a senhora, jovem, forte, bonita e sem doenças morreria de fome, no próximo ano estarei formado e a sua disposição.
Depois do almoço, D. Beatriz despediu-se da nora e do neto, e seguiu para sua residência, onde apanharia as apostilhas que estavam sendo usadas nos cursos ministrados no sábado à tarde, no Centro.
Antes das quatorze horas já estava no Centro para inicio das aulas.
A noite em casa, durante as suas preces, agradeceu a DEUS e a seus mentores espirituais por terem ajudado a sua nora ficar receptiva à Doutrina Espírita e aproveitou para pedir que a tornasse mais crente, para compreender melhor a prioridade que devemos dar a nossa vida espiritual. Tinha certeza que o problema familiar da sua nora era oriundo de reencarnações passadas. Portanto, a solução só poderia ser encontrada na esfera espiritual. Sabia, também, que para chegar a origem do problema e, por conseguinte a sua solução, era necessário que os envolvidos tivessem crença, fé e amor no coração. Sem isso nada poderia ser feito.
Naquela tarde tinha comprado, na Livraria do Centro, o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, que levaria para Cida. Com eles ela aprenderia e tirando algumas dúvidas sobre o Espiritismo.
Na próxima semana, quando começasse a frequentar o Centro, já teria uma pequena noção sobre a Doutrina.
Adormeceu e sonhou com as reencarnações passadas de seu filho, nora e neta. A acordar, pela manhã, pouco lembrava o sonho que tivera. Algumas cenas passavam em sua mente de um modo confuso. Parecia um filme todo cortado, somente aparecendo alguns trechos intercalados, com os quais não conseguia entender uma coisa ficara claro, o problema estava em encarnações passadas. Nada acontece por acaso e sem merecimento. Aquele sonho, além de avisá-la da existência do problema espiritual, avisou, também, da necessidade dos envolvidos acreditarem, terem fé e transformarem os seus conceitos de vida. Essa tarefa era sua e não poderia perder tempo. Já plantara a semente no coração de Cida, reconhecia que não fora muito trabalhoso, mas com o seu filho e sua neta o trabalho seria árduo e penoso. Realmente não poderia perder tempo, arrumou-se e seguiu para a casa do filho.
Ao chegar à casa de Ronaldo, por volta das nove horas da manhã, encontrou todos dormindo, com exceção dos empregados.
D. Glória, uma senhora de sessenta e cinco anos, que trabalhou na casa da tia de Cida, inclusive ajudou-a a cria-la e quando esta se casou a acompanhou, veio abrir à porta.
- Bom dia D. Beatriz.
- Bom dia D. Glória. A Cida já levantou?
- Ainda não. Aliás, os meninos também estão dormindo. Entre, vamos para a sala de refeições - Bom dia D. Beatriz.
- Bom dia D. Glória. A Cida já levantou?
- Ainda não. Aliás, os meninos também estão dormindo. Entre, vamos para a sala de refeições do café da manhã. Vou aceitar o seu convite, hoje é dia de folga da Janete e saí sem tomar café.
D. Beatriz acompanhou aquela senhora que era considerada como uma pessoa da família, aliás, como mãe de criação da Cida, tendo em vista que, desde a morte de seus pais e a sua ida para a cada da tia, ela passou a tomar conta de Cida e dos irmãos, participando efetivamente na educação dos três, desde a infância, adolescência e a maioridade, quando casaram e saíram da casa da tia.
Após tomar o café, D. Beatriz foi para o jardim e sentou-se em um banco sob a sombra de uma árvore e ficou a meditar sobre os acontecimentos que estavam envolvendo a família de seu filho. Envolta em seus pensamentos, assustou-se quando Cida tocou em seu ombro e falou:
- Bom dia D. Beatriz. Reclamei com a Glória por não ter me chamado quando a senhora chegou.
- Bom dia. A D. Glória não tem culpa, eu não deixei que ela a chamasse. Além de chegar muito cedo, precisava ficar só por alguns minutos para colocar os meus pensamentos em ordem.
- Vamos tomar café. Os meninos não vão levantar agora. Aos domingos, quase sempre, eles só levantam para o almoço. Ontem nem vi a hora que eles chegaram. Vou esperar a Carol levantar para ter uma conversa com ela.
- Eu lhe faço companhia, a D. Glória já me serviu um delicioso café. Quanto a Carol, converse com ela como estivesse conversando com uma amiga muito querida. Não a obrigue a dizer onde e com quem estava, até porque, além de aborrecerem-se ela poderá inventar qualquer desculpa para encobrir a verdade. Tratando-a como amiga, ela poderá considera-la da mesma maneira e falar a verdade.
- Até parece que a senhora não conhece a sua neta. Não adianta falar manso e com amor, ela não conhece mais a boa educação.

CONTINUA AMANHÃ

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