segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

VIDA E CAMINHO - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTE 02

CONTINUAÇÃO

AOS  MÉDIUNS
Bezerra de Menezes

         Que a paz do Senhor nos felicite os corações.
       Mediunidade com Jesus é serviço aos semelhantes.
       Desenvolver esse recurso é, sobretudo, aprender a servir.
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     Aqui, alguém fala em nome dos espíritos desencarnados; ali, um companheiro aplica energias curadoras; além, um cooperador ensina o roteiro da verdade; acolá, outrem enxuga as lágrimas do próximo, semeando consolações.
     Contudo, é o mesmo poder que opera em todos.  É a divina inspiração do Cristo, dinamizada através de mil modos diferentes por reeguer-nos na condição de inferioridade ou de sofrimento ao titulo de herdeiros do Eterno Pai.
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     E nessa movimentação bendita de socorro e esclarecimento, não se reclama o titulo convencional do mundo qualquer que seja, porque a mediunidade cristã, em si, não colide com nenhuma posição social, constituindo fonte do Céu a derramar benefícios na Terra, por intermédio dos corações de boa vontade.
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     Em razão disso, antes de qualquer sondagem das forças psíquicas, no sentido de se lhes apreciar o desdobramento, vale a consagração do trabalhador à caridade legítima, e cujo exercício todas as realizações sublimes da alma podem ser encontradas.
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     Quem desejar a verdadeira felicidade, há de improvisar a felicidade dos outros; quem procure a consolação, para encontrá-la, deverá reconfortar os mais desditosos da humana experiência.
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     Dar para receber.
     Auxiliar para ser amparado.
     Esclarecer para conquistar a sabedoria e devotar-se ao bem do próximo para alcançar a divindade do amor.
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     Eis a lei que impera igualmente no campo mediúnico, sem cuja observação, o colaborador da Nova Revelação não atravessa os pórticos das rudimentares noções de Vida Eterna.
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     Espírito algum construirá a escada de ascensão sem atender às determinações do auxilio mútuo.
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     Nesse terreno, portanto, há muito que fazer nos círculos da Doutrina Cristã rediviva, porque não basta ser médium para honrar-se alguém com as bênçãos da luz, tanto quanto não vale possuir uma charrua perfeita, sem a sua aplicação no esforço da sementeira.
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     A tarefa pede fortaleza no serviço com ternura no sentimento.
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     Sem um raciocínio amadurecido para superar a desaprovação provisória da ignorância e da incompreensão e sem as fibras harmoniosas do carinho fraterno, para socorrê-las, com espírito de solidariedade real, é quase impraticável a jornada para a frente.
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     Os golpes da sombra martelam o trabalho iluminativo da mente por todos os flancos e imprescindível se torna ao instrumento humano das Verdades Divinas armar-se convenientemente na fé viva e na boa vontade incessante, a fim de satisfazer aos imperativos do ministério a que foi convocado.
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     Age, assim, com isenção de ânimo, sem desalento e sem inquietação, em teu apostolado de curar.
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     Estende as tuas mãos sobre os doentes que te busquem o concurso de irmão dos infortunados convicto de que o Senhor é o Manancial de todas as Bênçãos.
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     O lavrador semeia, mas é a Bondade Divina que faz desabrochar a flor e preparar-se o fruto. É indispensável marchar de alma erguida para o Alto, vigiando, embora as serpentes e os espinhos que povoam o chão.
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     Diversos amigos se revelam interessados em tua tarefa de fraternidade e luz e não seria justo que a hesitação te paralisasse os impulsos mais nobres, tão somente porque a opinião do mundo te não entende os propósitos, nem os objetivos da esfera espiritual, de maneira imediata.
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     Não importa que o templo seja humilde e que os mensageiros compareçam na túnica de extrema simplicidade.
     O Mestre Divino ensinava a verdade à frente de um lago e costumava administrar os dons celestiais sob um teto emprestado; além disso, encontrou os companheiros mais abençoados e fiéis entre pescadores anônimos, integrados na vida singela da natureza.
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     Não te apoquentes, meu irmão, e segue com serenidade.
     Claro está que ainda não temos seguidores leais do Senhor sem a cruz do sacrifício.
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      Mediunidade é um madeiro de espinhos dilacerantes, mas com o avanço da subida, calvário acima, os acúleos se transformam em flores e os braços da cruz se convertem em asas de luz para a alma livre na Eternidade.
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     Não desprezes a tua oportunidade de servir e prossegue de esperança robusta.
     A carne é uma estrada breve.
     Aproveitemo-la sempre que possível na sublime sementeira da caridade perfeita.
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     Em suma, ser médium no roteiro cristão é dar de si mesmo em nome do Divino Mestre, e foi Ele que nos descerrou a realidade de que somente alcançam a vida verdadeira aqueles que sabem perder a existência em favor de todos os que se constituem seus tutelados e filhos de Deus na Terra.
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     Segue, assim, amando e servindo.
     Não nos deve preocupar a ausência da alheia compreensão.
     Antes de cogitarmos do problema de sermos amados, busquemos amar, conforme o Amigo Celeste nos ensinou,
     Que Ele nos proteja, nos fortifique e abençoe.

APELO  FRATERNAL
Emmanuel

Quanto possas, assim, ainda que seja por algumas horas de um dia em cada sete, na equipe dos irmãos de ideal ou simplesmente sozinho, atende ao culto semanal da caridade como dever.
Faze-o, porém, com amor e humildade, porque somente através da humildade e do amor, o teu gesto de fraternidade e carinho não se transformará em fel da vaidade constrangedora.
É imprescindível sejamos entendidos no ato de auxiliar, para que não tenhamos em troca a desconfiança e a amargura daqueles que nos esperam ternura e cooperação.
Há companheiros em lutas expiatórias tão extensas e tão complexas que não dispensam o apoio incessante, enquanto atravessam as faixas da vida física.
Lembra-te, no entanto, do pão e da luz, com que Deus te socorre, todos os dias e auxilia sempre.
O olvido temporário na carne, enquanto é hoje, não te deixa perceber a medida dos próprios débitos.
Se agora é o teu momento de dar, amanhã pode surgir a tua hora de receber.
Não te faças representar por outrem, ao lado de quem padece.
Dinheiro e autoridade convencional, respeitáveis embora, não compram na vida os talentos do coração.
Doarás alimento e remédio, reconforto e carinho aos que jazem nas algemas da angústia, mas, em troca, todos eles dar-te-ão coragem e esperança, fortaleza e consolo, valorizando-te, no corpo terrestre, a responsabilidade de agir e viver.
Deixarás a tenda dos tristes, diminuindo a própria tristeza, deixarás os cegos louvando os próprios olhos, contemplarás o paralítico, sentindo a graça do movimento, e despedir-te-ás dos enfermos e dos loucos, dos fracos e infelizes, agradecendo ao Senhor a aventura de poder ajudar.
Não esperes, desse modo, pelo concurso dos outros para sustentar a fonte do bem.
Concedeu-te Jesus no espiritismo que te abençoa a porta de trabalho e esperança para o acesso à Vida Maior.
Ora e estuda, aprende e ensina a verdade, mas não olvides a leitura do amor no livro das almas.
Observa as Leis da Vida, entendendo e auxiliando aos corações que te cercam para que te não emaranhes na sombra, ante o esplendor do Grande Caminho...
E, confiando-te à solidariedade como simples dever, perceberás, junto de cada aflição, a presença do Cristo, o divino Benfeitor, que resumiu todo o seu Evangelho de Luz, no mandamento inesquecível:
- "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".

ASSISTÊNCIA  COMO DEVER
Emmanuel

      É indispensável o culto da solidariedade como simples dever.
      Todos possuímos algo para dar.
      O níquel da assistência consoladora...
      A roupa esquecida ou imprestável...
      O pão que sobra à mesa...
      A frase reconfortante...
      O livro renovador...
      A benção de uma prece...
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     Não nos reportamos, porém, à esmola suplicada. Dizemos da ação espontânea e constante do amor fraterno que procura os companheiros menos felizes para socorrê-los nas provas difíceis e deprimentes, copiando a Infinita Bondade Celestial que não nos aguarda atitudes mendicantes para doar-nos a luz do sol.
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     Se recolhemos a benção do Senhor, em cada instante da estrada, é justo saibamos estendê-la aos que nos cercam,em nome do Cristo Vivo que não nos desampara.
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    Precisamos da lídima caridade uns para com os outros, como, necessitamos doar que nos sustenta.
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     Caridade sem tributos de gratidão.
     Caridade sem orientação de virtude.
     Caridade como saúde da alma.
     Caridade como hábito justo.
     Caridade como inalienável obrigação.

BEM  AVENTURADO  OS  POBRES  DE  ESPÍRITO
Emmanuel


     Quando Jesus reservou bem aventuranças aos pobres de espírito, não menosprezava a inteligência, nem categorizava o estudo e a habilidade por resíduos inúteis.
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     O Senhor, aliás, vinha enriquecer a Terra com Espírito e Vida.
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     O Divino Mestre, ante a dominação da iniqüidade no mundo, honrava acima de tudo, a humildade, a disciplina e a tolerância.
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     Louvando os corações sinceros e simples, exaltava Ele os que se empobrecem de ignorância, os que arrojam para longe de si mesmos o manto enganoso da vaidade, os que olvidam o orgulho cristalizado, os que se afastam de caprichos tirânicos, os que se ocultam para que os outros recebam a coroa do estímulo no imediatismo da luta material, os que renunciam à felicidade própria, a fim de que a verdadeira alegria reine entre as criaturas, os que se sacrificam no altar da bondade, cultivando o silêncio e o carinho, a generosidade e a elevação, nos domínios da gentileza fraterna, para que o entendimento e a harmonia dirijam as relações comuns, no santuário doméstico ou na vida social e que se apagam, a fim de que a glória de Jesus e de seus mensageiros fulgure para os homens.
*
     Aquele, assim, que souber fazer-se pequenino, embora seja grande pelo conhecimento e pela virtude, convertendo-se em instrumento vivo da Vontade do Senhor, em todos os instantes da jornada redentora, guardando-se pobre de preguiça e egoísmo, de astúcia e maldade, será realmente o detentor das bem aventuranças Divinas na Terra e no Reino Celestial, desde agora.


CONTINUA AMANHÃ

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