sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

VIDA ALEM DA VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTE 04

CONTINUAÇÃO

QUARTA MENSAGEM


Querido papai Lineu
E querida mãezinha Elza:

Estou presente com o meu avô Aristides, (4) como quem assina o livro de ponto da saudade.
Estamos sempre juntos, no entanto as palavras escritas guardam a função de materializar-nos na união de sempre.
O tempo corre mas os nossos sentimentos se assemelham às pirâmides, que não se transfiguram com o vento forte.
Tenho estado sempre que possível na fazenda, onde os benfeitores da vida maior me consentem agora permanências mais longas, já que o meu restabecimento geral caminha para o final em passos rápidos. Ali posso rejubilar-me com os espetáculos da natureza sempre mais linda, onde a aflição urbana ainda não chegou com as inquietações que lhes são características. O céu na fazenda é mais azul, o campo é mais rico e meu pedaço, dedicado especialmente à soja, me faz pensar no devotamento de nosso prezado Saturnino(13) que tudo faz, com o papai Lineu, para que os meus desejos, expressos há muito tempo, sejam cumpridos.
Pai, tenho motivos para imaginar que a soja alcançara posição especial em nosso país e no mundo. Posso conscientemente registrar uma experiência pessoal que realizei, procurando fatores nutrientes na soja, através do olfato, havendo encontrado, em mim próprio, sensações de reconforto e saciedade que me fizeram grande bem. Imagine, para logo, o que não fará a ciência de amanhã dessa planta preciosa, que se fará uma central de alimentos diversos para o homem do futuro..Do que tenho visto na terra, mesmo com a minha inexperiência em botânica, vejo a soja com o sendo uma preciosidade, que o nosso século apenas começou a descobrir.
Tenho ido a Ituverava, sempre que as circunstâncias me favorecem e desejo contar-lhes que em companhia do meu avô Aristides, num passeio a dois, para sentirmos de perto a grandeza do Salto Belo, (24) fomos ambos até lá, encontrando dois amigos que a avô Aristides me apresentou com alegria. Amigos de tempos passados, mas presentemente vivos; no presente que consubstancia a vida em si mesma, nos seus movimentos próprios. Estavam ali, qual ocorria a meu avô e a mim, contemplando a queda límpida e brilhante. O vovô mencionou-lhes os nomes, depois de abraçá-los: coronel Augusto Sempliciano Barbosa (25) e Capitão Antônio Jacinto de Freitas(26).
O Coronel fixou-me com bondade e explicou:
“— Meu filho, não se atenha aos títulos, que não mais nos pertencem. Isso já passou. Somos apenas seus irmãos.”
Meu avô sorriu mas declinou-lhes a posição de fundadores de nossa cidade, em visita de crinho e admiração pelo progresso que a cidade hoje ostenta.
A nossa conversação foi amena e longa e, ao retirar-me, muito grande foi o meu anseio de comentar o encontro com a vovó Joana e com a nossa estimada Luciana, mas isso foi obviamente impossível, porque não seria eu quem poderia quebrar as dimensões vibratórias em que vivemos atualmente.
Tenho porém a satisfação de dar-lhes ciência do acontecido porque o papai Lineu poderá arrancar dos arquivos os nomes dos cavalheiros a que me referi.
Mãezinhas Elza, pedem-lhe dizer a vovó Joana e à Luciana, tanto quanto aos amigos de Ituverava, quanta saudade experimento em relação a eles todos.
Falando em lembranças aos corações queridos, peço-lhes permissão para encerrar estas minhas notícias, atentos que devemos estar à festividade que esta casa amiga realiza, em homenagem a um jovem, o jovem augusto Cezar(27), que se fez um herói de compreensão e bondade humana, depois de sua volta da vida física para a vida espiritual. Admiro a plêiade entusiasta de jovens que temos pela frente e, ao sentir-lhes os ideais de evangelismo e renovação, creio no Brasil melhor que se encontra em abençoada gestação.
Queridos pais: com muito carinho aos nossos de Ituverava e Campo Grande, peço-lhes receber as saudades do filho reconhecido,

Lineu de Paula Leão Junior
28 de setembro de 1986

CONTINUA AMANHÃ

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