quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

VIDA\ ALÉM DA VIDA - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTE 03

CONTINUAÇÃO

SEGUNDA MENSAGEM

Querido papai Lineu e querida mãezinha Elza:

Peço a Jesus fortalecer-nos e abençoar-nos.
Pai, é tão grande a minha alegria ao abraçá-lo que a emoção me constringe a garganta, transmitindo-se aos meus dedos, obrigando-me a escrever com certa dificuldade.
Mãezinha Elza, muito grata por haver insistido com o papai para virem até aqui hoje.
As minhas saudades eram muito grandes e quem não consegue tocas as pessoas queridas, qual me acontece agora, contenta-se com a possibilidade de se desinibir escrevendo, dando expansão aos sentimentos de amor e saudade que nos pressionam o coração.
Meu pai, agradeço a sua disposição de defender-me contra as opiniões dos que me supuseram inerte, incapaz de me movimentar contra o fogo que vinha de fora. (15) Compreendo a extensão da luta de que fui o causador involuntário. Sucede que a filha dos veículos à espera do sinal de passagem crescera muito e, sempre na expectativa de que o movimento se normalizasse, tomei os impactos que me lezaram as veias do cérebro.
Pouco a pouco, estou sendo conscientizado de que o acontecimento infeliz viria a se concretizar naquele dia de mais uma primavera de gente moça (1).
Importante é que eu tive a intuição de que a mãezinha Elza e a nossa Sandra Maria poderiam preparar a nossa mesa de meu aniversário, a fim de esperar a sua chegada depois do meio dia. (3) Preparei-me. Creia que o senhor era o meu personagem central para a festa. Nunca me vira de tal modo alegre e otimista, mal sabendo o que me esperava.
Do que se realizou em matéria de sofrimento já lhes dei as minhas notícias. Agora desejo falar de meus agradecimentos aos pais queridos, que me abençoaram e me fizeram feliz durante a minha vida toda.
Desejo, com o meu reconhecimento, falar de minhas saudades da terra de que o seu paternal carinho me fez presente para ter um pedaço de chão a cultivar e um pedaço de céu azul para ver com exclusividade (16).
Sinto saudades de minha soja, cujo verde me impressionava e do gado que me habituei a querer bem; tenho saudades da Sandra Maria, do Saturnino e dos meus sobrinhos pequenos, que se achegavam a meu colo. (13) Tenho muitas saudades da vovó Joana, (17) sempre compreensiva e prestimosa, abraçando todos que chegassem à sua casa em Ituverava; tenho saudades de Luciana (11), principalmente quando líamos juntos algum texto espiritual que nos fazia pensar muito mais no futuro além da Terra do que nos bens da Terra mesma. (11) Lemos juntos algumas páginas inesquecíveis que me prepararam para esta vida nova que estou vivendo com esperança e otimismo e, vezes várias, era ela que me favorecia com a cessão de livros espíritas e outros, que me serviram com eficiência, porque, ao que julgo, os que chegam por aqui sem qualquer conhecimento espiritual, se me figuram pessoas analfabetas, encontrando grandes embaraços para compreender a renovação compulsória a que foram induzidas pela desencarnação (18)
Devo muito a Ituverava e à namorada que, afinal consubstanciava as qualidades que eu desejava surpreender numa jovem para me casar, de futuro.
Vovó Joana está sempre em minha memória.
Aqui, a nossa querida bisavó me lembra sempre aquele carinho irradiante e constante. A propósito, desejo contar-lhes que passei a não chamar minha bisavó por bisavó Filhinha, (6) porque o tempo lhe refez a beleza. A chamada bisavó Filhinha é uma senhora de nobre juventude espiritual que se lhe derrama de todos os gestos.
Falando nisso a ela, eis que ela me disse: “Lineuzinho, ficarei contente se você me chamar por vovó Telva, um nome que me agrada.” Pois em companhia da vovó Telva, tenho tido belos momentos, que somente não são completos porque me faltam aos pais queridos e a Sandra Maria com os meninos, para completarem a paisagem doméstica iluminada de espiritualidade que a vovó Telva nos proporciona.
Em vista de minha liberação, considerada aqui muito recente, vejo-me ainda no instituto de tratamento a que fui conduzido por meu avô Aristides (4).
A vida aqui prossegue repleta de encantos para quem trouxe a vontade de trabalhar e o espírito de aceitação dos desígnios de Deus (19).
Há poucos dias o vovô Aristides me buscou para receber, com ele e vovó Alayde, (20) uma visita confortadora.
Fui até à moradia cercada de gerânios e rosas que o vovô Aristides faz questão de cultivar e esperei alguns momentos.
A visita era de um casal cuja bondade criava um ambiente de paz e tranquilidade . Ele já era meu conhecido – o benfeitor Aristides Nery (5) e a senhora que o acompanhava era a esposa dele, que eu não conhecia, Dona Agripina Nery.
Fiquei encantado com o carinho de meus avós na recepção íntima em que todos os assuntos foram de interesse espiritual, sem a menor parcela de curiosidade ou lembrança de lutas da terra.
Tudo isso me reconforta e espero, um dia, ser mais precioso e mais claro em minhas notícias, não para criar qualquer fascínio a favor da desencarnação e sim ampliar a nossa convicção de como é útil e belo poder trabalhar e servir na terra para encontrar tanta alegria e paz no Grande Além.
Mãezinha Elza, perdoe-me se me excedi nos comentários.
Desejo fazer-lhes um pedido, à mãezinha e a meu pai. Não conservem objetos e utilidades que me pertenceram. Ficarei satisfeito se a Sandra Maria selecionar algumas lembranças para os meus sobrinhos, a fim de guardarem alguma lembrança do tio quando crescerem e, a maior parte, estimaria que a vovó Joana se incumbisse de distribuir com os rapazes amigos de Ituverava, a critério dela mesma (21).
Mãezinha perdoe-me se formulo esta solicitação; desejo apenas que conserve os nossos retratos, porque eles são as imagens de nossos momentos mais belos e mais felizes.
Se estou a contrariá-los, desculpem a minha infantilidade de gente ainda verde.
Meu pai, mais uma vez lhe agradeço por todo o seu devotamento de pai e amigo.
Mãezinha Elza, mais uma vez reafirmo-lhe o reconhecimento que reina no coração de seu filho.
O vovô Aristides, que me faz companhia, julga que devo encerrar esta carta do coração.
Recebam os pais queridos, com a nossa Sandra Maria e o nosso Saturnino, com as crianças, com a querida vovó Joana e com a estimada Luciana, todo o coração do filho reconhecido, que agradece a Deus o privilégio de lhes haver sido filho e companheiro, ontem e hoje – no hoje que desejo ser o sempre de nossa feliz união.
Lineu de Paula Leão Junior
01 de março de 1986.

TERCEIRA MENSAGEM

Querido papai Lineu
E querida mãezinha Elza:

Não posso me retirar sem lhes falar do meu carinho e reconhecimento.
Tenho mantido a minha situação de estudante da vida, buscando com meus avós e com os amigos de que disponho as informações exatas do meu novo plano de vivência espiritual.
Hoje para mim é um dia de graças porque me reconheço concentrado nas melhoras do papai Lineu, que resistiu valorosamente à implantação das pontes de safena para continuar sendo o nosso apoio e a nossa alegria.
Rendo valores à bondade infinita de Deus que no-lo devolveu nas melhores condições orgânicas. (22)
Papai refletiu tanto em mim que não conseguiu afastar de si o percurso coronariano que o deprimia.
Pai, é necessário viver e suportar as atribulações com que sejamos visitados. Tenho estado consigo nas suas meditações, especialmente da fazenda, em vista do seu amor à natureza. Pense nos corações que se nos ligam ao espírito e fique tranqüilo. (23)
Durante a intervenção de que foi objeto, formamos na própria sala em que foi cirurgiado um grupo de orações em prece com o desejo de inflar-lhe energias renovadoras. Éramos nós os amigos e familiares de sempre: o Aristides Waldomiro e esposa, Dª Agripina (5); o vovô Aristides de Paula (4) e a vovó Alayde Silveira (20); a nossa querida Etelvina Augusta (6) e eu mesmo. Explicou-nos o irmão Aristides que as nossas orações teriam fins bactericidas para a limpeza completa do ambiente hospitalar em que encontraria as medidas providenciais de que necessitava. Até então, não sabia que, carregadas pelas forças de nossos desejos reunidos, as preces que iríamos formular em silêncio, atuariam no âmago do estabelecimento, afastando os corpúsculos negativos suscetíveis de interferir em sua posição orgânica. Aprendi mais essa lição: que a prece funciona como recurso preservativo, garantindo a higienização integral do meio ambiente em que nos reunimos ao seu lado, com o firme propósito de extinguir quaisquer focos ambulantes de bactérias que não se harmonizavam com as suas necessidades de cura.
Sensibilizado, registrei igualmente as petições de mãezinha Elza e de nossa Sandra Maria (7) que torciam por sua volta à saúde. Agora papai, é preciso proteger-se, o que sempre se lhe faz difícil, porque o seu coração abnegado palpita em nosso auxílio, com o esquecimento de si mesmo.
Sei que a vovó Joana e os nossos de Ituverava se nos associaram ao movimento socorrista e vemo-lo novamente em forma para a continuidade de nossas tarefas.
Peço-lhe dizer ao nosso amigo Saturnino (13) que espero seja ele o protetor da minha terra que, em princípio, consagrei à soja, como ocorreu com tanta gente, que largou da cultura do café e de outros agentes mantenedores da vida para o cultivo de canaviais, que lhes melhorassem os rendimentos com o álcool, agora mais assentado, com o preço moderado da gasolina. Sempre pensei na soja porque vejo nela um grande futuro para os nossos irmãos brasileiros.
Não renunciei à sua doação da terra a que me referi e é por isso que rogo ao nosso irmão Saturnino que auxilie a garantir a propriedade em atividade plena, até mesmo refletindo com otimismo nas exigências da chamada reforma agrária.
Penso hoje em minha própria renovação para a vida maior, mas não perco a oportunidade de fazer o Saturnino e a Sandra Maria esboçarem os melhores sorrisos, diante de meus cuidados.
Afinal, estou entre dois mundos: o mundo físico e o mundo espiritual e não posso esquecer de ambos. Peço a mãezinha Elza, se possível, dizer à Sandra Maria que, neste ano, o desejo dela de me ver aniversariando num sábado, ao que me parece, será satisfeito, de vez que, recordando os dias próximos, creio que o meu natalício será mesmo num sábado. Não desejo que façam da tristeza a supervisora de nossa festa em família, porque já sabem que vivo e estou atuante em nossos caminhos. Nada de pensamentos dedicados à morte porque não podemos crer na grande ilusão em que caminham na terra milhões de pessoas. A Sandra Maria com a mãezinha Elza serão as autoras das novidades culinárias que, no mundo, são sempre os enfeites nas comemorações de aniversário.
Pai peço-lhe atender às sugestões médicas, sem adotar qualquer improvisação. Andar sem pressa e evitar a barra dos pesos realmente pesados. Tantas exigências para que sobrevivamos aí! Em verdade, isso é indispensável.
Todos os nossos daqui se rejubilam com as suas melhoras e estamos felizes ao sabê-lo com o pensamento em descanso, depois de muitos dias com as atribuições das extra-sístoles.
Termino aqui, enviando muitas lembranças à querida irmã, ao cunhado amigo e os queridos sobrinhos em Campo Grande.
Muito carinho à vovó Joana (17), e à Luciana (7) em Ituverava (8) e para os queridos pais todo amor e muitas saudades do filho que lhes pertence pelo coração.

Lineu de Paula Leão Junior
04 de julho de 1986

CONTINUA AMANHÃ

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