sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

REENCONTRO - LIVRO DE CHICO XAVIER - CAPÍTULO 05

CONTINUAÇÃO

MERITÓRIA E ABENÇOADA PREMONIÇÃO


- Estão aqui algumas fotos históricas do Instituto, que tenho comigo há muitos anos, e peço-lhes guardá-la, porque poderão ser úteis no futuro – disse-nos o dileto amigo Ítalo, entregando-nos, logo após uma reunião doutrinária, um envelope com dezenas de fotografias.
- Como? Eu guardar as fotos, após tantos anos em seu poder, com tanto carinho? – respondemos de pronto, surpreendido com aquela atitude do companheiro.
Com voz pausada e serena, que lhe era habitual, insistiu com o seguinte esclarecimento:
- Solicito-lhe receber, pois estou fazendo um acerto geral em meus papéis, e como você é o secretário, elas ficarão melhor em suas mãos.
Diante desse argumento o atendemos, nunca passando pela nossa mente que o incansável confrade Ítalo Scanavini, Diretor-Tesoureiro do Instituto de Difusão Espírita, de Araras, São Paulo, desde a sua fundação, estava se despedindo de todos nós – na atual romagem terrena -, colocando a sua documentação particular em tal ordem, como alguém que pretendesse ausentar-se por longo tempo...
De fato, uns trinta dias depois de nosso diálogo, ele partiria rumo ao Mais Alto, a 8 de março de 1979, deixando uma irreparável lacuna em todas as áreas de sua afetuosa, fraterna e dinâmica atuação, principalmente familiar, espírita e maçônica.
Ítalo, nascido em Araras, SP, a 29 de setembro de 1916, era filho do casal: José Scanavini – Joana Chignolli Scanavini.
Comprovando a premonição de nosso companheiro, sua família contou-nos o interessante fato:
Aproximadamente um mês antes do desenlace, fugindo completamente da rotina, Ítalo começou a trabalhar no seu lar, todas as noites, acertando as escritas de sua loja, com o auxílio de máquinas de escrever e de somar. A esposa e filhos estranharam esse trabalho extra, mas ele apenas explicava que precisava pôr os seus papéis em ordem, sem outros esclarecimentos...
A 2 de março, após o jantar, fortes dores precordiais provocariam a sua hospitalização de emergência. E, no dia seguinte, embora estando melhor, sob tratamento intensivo, afirmou à esposa: - “Velha, vai acontecer o pior, eu não vou voltar para casa”.
De fato, com a vestimenta carnal, Ítalo não mais regressaria ao seu ninho familiar.
As suas atitudes, indicativas de uma preparação para a Grande Viagem, só podem ser explicadas por abençoada e meritória premonição, isto é, um aviso dos Benfeitores Espirituais, muito discreto, mas capaz de induzi-lo a um comportamento mental introspectivo e levá-lo, com a motivação de uma pequena dor torácica, à relativa certeza de final de caminhada terrena. Nessa época, Ítalo não apresentava sinais de enfermidade, nem submetia-se a qualquer tratamento médico.
Somente mais tarde, por via mediúnica, ele esclareceria: “Os tempos últimos haviam sido para mim de muita reflexão. Meditava nas experiências da vida, até que percebi um ponto de dor que se abria em meu peito, à maneira de um aviso discreto de que o tempo na vida terrestre estava a terminar. Comecei atualizando nossas escritas e revisando tudo o que pudesse impor cuidados maiores ao seu coração de esposa e mãe, e, em verdade, acertei...
Você se lembrará de que havia dito no Hospital a minha convicção de que não mais regressaria à nossa casa...”

Homenagem do “Anuário Espírita”

O Anuário Espírita 1980 publicou, em suas primeiras páginas, expressiva e carinhosa homenagem ao nosso inesquecível amigo e confrade Ítalo, sob o título: “Mais um anuarista retorna ao Mundo Maior”, que a seguir transcreveremos:
“No dia 8 de março de 1979, em Araras/SP, nosso querido companheiro de lutas doutrinárias, Ítalo Scanavini, regressou ao Mundo Maior, sob os efeitos de um enfarte que, em poucos dias, lhe desorganizou o veículo físico.
Foi um dos fundadores, em 1958, do Grupo Espírita Sayão, entidade espírita que, além das suas atividades doutrinárias, mantinha programa assistencial, através da assistência alimentar (sopa diária), serviço odontológico e albergue noturno. E que, no início da década de 70, instalou oficina gráfica para impressão de livros espíritas. Sempre foi seu Tesoureiro.
Fez parte, também, do elenco de confrades que fundaram o Instituto de Difusão Espírita, em 1963, cujo programa de atividades tinha seu núcleo na edição de livros espíritas, especialmente o Anuário Espírita. Em muitas gestões foi seu Tesoureiro.
Em 1o. se setembro de 1974 as duas instituições se fundiram, permanecendo o nome de Instituto de Difusão Espírita, enfeixando todas as atividades exercidas por ambas e, desde então e até a sua desencarnação, foi seu Diretor-Tesoureiro.
Homem humilde e zeloso no cumprimento do dever, sempre foi muito respeitado e querido por quantos lhe desfrutaram a convivência.
Fora das lides doutrinárias, foi membro ativo da Loja Maçônica “Fraternidade Ararense”, onde sempre conviveu com desmedido entusiasmo e dedicação, tendo ocupado muitos cargos de direção.
Foi um dos fundadores da Associação Atlética Ararense, de cujo Conselho Consultivo fez parte por longo tempo.
Profissionalmente, foi conceituado comerciante.
Espírito disciplinado, seu zelo chegava aos detalhes, sempre procurando o melhor em todas as atividades que participava emprestando seu concurso.
Nós, seus amigos mais íntimos, pelos laços profundos de afeição e de trabalho, não podemos regatear elogios à sua atuação ao longo de duas décadas de atividades espíritas, e o amigo leitor talvez não pudesse entrever nesse extravazamento afetivo, o que representou realmente a vida de nosso saudoso confrade na comunidade ararense, assim também as qualidades pessoais desse Espírito valoroso.
A Câmara Municipal de Araras, já em 26 de março de 1979, por iniciativa do vereador José Pedro Fernandes, aprovou por unanimidade indicação para que fosse dado o nome de Ítalo Scanavini, para uma via pública. A medida se concretizou através do Decreto editado pelo Prefeito Municipal, Dr. Valdemir Gesuíno Zuntini, que tomou o n 2127, em 6 de abril de 1979.
(...) Mas, amigo leitor, o que poderá fazer transparecer melhor a personalidade do nosso querido e saudoso irmão, é a mensagem que endereçou aos seus familiares, já em 14 de julho de 1979, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba/MG, que temos o júbilo de transcrever em seguida(*):
No seio da comunidade em que viveu, a memória de nosso irmão está perpetuada pela via pública à qual emprestou o nome.
Em nossos corações, nos corações daqueles que lhe partilharam as lutas terrenas, está perpetuada pelo carinho da sua amizade e pela dureza e desprendimento do seu Espírito, sempre pronto a calar, ajudar e perdoar.”

(*) Esta mensagem foi incluída no Capítulo seguinte.

CONTINUA AMANHÃ

Nenhum comentário: