segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ESTAMOS VIVOS - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTE 13

CONTINUAÇÃO

JÚLIO BRASÍLIO MORAES

“Com o raciocínio enfeitado de sonhos”

Querida Mãezinha Eva, abençoe-me.
Associando o papai Jerônimo aos meus votos a Jesus por sua saúde e paz, felicidade e bom-ânimo, venho pedir-lhe fortaleza e fé vigorosa na bondade infinita de Deus.
Querida Mãezinha Eva, aquela minha queda sob o impacto de um projétil disparado sem a intenção de alcançar-me, é o quadro que lhe ficou na memória, como se aí estivesse incrustado em linhas de bronze.
Mãe, não chore mais, nem pense assim.
O autor do disparo não tinha consciência de que as dificuldades no assunto seriam minhas e não da outra pessoa, talvez a pessoa que ele desejava atacar, e isso nos obriga a compadecer-nos dele e a entregá-la a Jesus na enfermaria da oração.
Quando me vi horizontalizado, justamente quando vinha para um estágio temporário com a família, no Brasil, para em seguida regressar à América, onde a irmã Vera Lúcia me aguardava, eis que um projétil me rouba a vida física.
A princípio, senti muita revolta no coração, mas, sem pronunciar palavra, ' quando as minhas últimas energias entravam em exaustão, na penumbra a que me reconhecia atirado, vi que uma senhora se abeirava de mim, impelindo-me a descansar.
Era a Vovó Clotildes, nas afirmações dela própria, aconchegando-me ao peito, qual se eu lhe fosse novamente uma criança.
Não resisti à diminuição de minha resistência e dormi um sono pesado, do qual não despertei senão depois de alguns dias.
A voz era apenas um cochicho em minha garganta, quando a Vó Clotildes me falou que não estranhasse.
Achava-me num posto de socorro espiritual, deixado pelo irmão Ricardo Campos, que era respeitado em Rio Verde por pai espiritual
dos desamparados, e ali recebi tratamento e assistência, até que um dia, considerado portador de melhoras apreciáveis, pude ir vê-los ou revê-los em casa.
Doeu-me o seu suplício de mãe, ao lembrar-me, e roguei a Jesus, em preces, lhe renovasse as forças, porque o que eu experimentara, em Rio Verde, era o retorno de meu próprio passado espiritual.
Contraí aquela dívida e foi justo respeitá-la.
Por iniciativa da Vovó Clotildes, me foram mostrados a mim painéis e retratos do tempo em que eu fizera o mesmo com um rapaz recém-diplomado em Coimbra, e que voltava ao nosso País, com o raciocínio enfeitado de sonhos.
As fotos e os quadros não me enganavam.
Era eu mesmo a perpetrar a barbaridade que me desfigurava, e um sentimento de alívio me penetrou o Espírito ainda rebelde e inconformado.
Compreendi a minha dívida e aceitei-a, e agora venho pedir-lhe esquecer o que sucedeu no sudoeste de Goiás, tanto quanto procura olvidar tudo e começar uma vida nova.
Mãezinha, auxilie-me.
Não se desespere.
Pensemos em Natal e Ano Novo.
Reúna-se com a família, recordando-me a paz.
Deus nos concede sempre o melhor e confio em que receberemos do Céu tudo aquilo de melhor que possamos receber.
Não guarde ressentimentos.
Meditemos no sofrimento moral das mães que lutam ao ver os filhos culpados nas grades da prisão, e note que isso não aconteceu comigo.
Não fui vítima, porque somente liquidei uma dívida que me conturbava; renda graças a Deus pela paz que veio habitar em meu coração.
Tanto quanto possível, peco-lhe para que o assunto não seja lembrado em nossa casa, porque o esquecimento é o melhor recurso para apagar todos aqueles que me recordem caído e amarrotado, quando isso era e foi um benefício de Deus para mim.
Venho desejar-lhes um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo, repletos de bênçãos.
Todos os dias são novas oportunidades de renovação e serviço.
Peço aos queridos irmãos José Carlos, João Bosco e a todos os demais, inclusive os nossos queridos Paulo Estêvão e Victor, para que estejamos todos alegres e esquecidos do episódio infeliz.
A nossa Vera Lúcia, tanto quanto me aconteceu, vinculou-se à comunidade norte-americana, e decerto não voltará ao nosso País, a fim de residir.
E eu, transferido para a Vida Espiritual, sob a proteção dos amigos fiéis que encontrei, passarei à condição de cooperador dos irmãos que se fazem mensageiros do Pai, ao lado de nosso irmão Ricardo Campos e de outros benfeitores.
Querida Mãezinha, tenho recebido as vibrações de paz e entendimento que me buscam em nome do papai Jerônimo, e agradecendo ao seu coração de mãe todos os recursos de renovação e paz que me envia em suas orações, beija-lhe a face querida o filho e servidor de sempre, sempre ao seu lado com todo o meu coração,
Júlio Brasílio Moraes
***
De nossa entrevista com D Eva Lemes Moraes, residente em Goiânia, GO, à Avenida Tocantins, 1121, Edifício Tambaú, Apartamento 903 – CEP 74000, fane: 062-223-0852, na tarde de 27 de julho de 1987, em nosso consultório, em Uberaba, e do material que a sua gentileza nos enviou, por via postal, e que nos chegou as mãos, a17de agosto de 1987, eis o que conseguimos recolher sobre o Autor Espiritual da expressiva mensagem que acabamos de ler, recebida pelo médium Xavier, na noite de 22 de novembro de 1986:
Júlio Brasilio Moraes, filho do Dr. Jerônimo Carmo de Moraes, distinto advogado, e de D. Eva Lemos de Moraes, nasceu em Rio Verde, Estado do Goiás, no dia 9 de junho de 1957, e aí desencarnou, no dia 16 de janeiro de 1986, em decorrência de choque hemorrágico por vários ferimentos por projéteis no tórax, conforme Atestado de óbito, firmado pelo Dr. Eraldo Ribeiro de Moraes, não tendo deixado bens.

1 - “Querida Mãezinha Eva, aquela minha queda sob o impacto de um projétil disparado sem a intenção de alcançar-me,..." – Realmente, quando Júlio entrava num bar, onde dois indivíduos discutiam, um desses elementos, que se encontra desaparecido até hoje, na tentativa de alvejar o seu adversário, atingiu em cheio o tórax do estudante em férias no Brasil, tendo este chegado sem vida física no hospital para onde foi transferido.

2 - “Quando me vi horizontalizado, justamente quando vinha para um estágio temporário com a família, no Brasil, para em seguida regressar à América, onde a irmã Vera Lúcia me aguardava, ...” – De fato, Júlio, há seis anos e meio se encontrava nos Estados Unidos da América do Norte, fazendo um curso de Inglês, e, tão logo terminasse a colheita, no Brasil, passando pela Itália, retornaria a São Francisco da Califórnia, onde reside sua irmã, há cinco anos, completados em dezembro de 1987, a advogada e cidadã norte-americana Dra. Vera Lúcia Moraes Henrique, casada com o Sr. Jadir Henrique, jogador profissional de futebol, natural de Criciúma, Estado de Santa Catarina.

3 - Vovó Clotildes – Avó materna, D. Clotildes Pereira Lemes nasceu em Rio Verde, GO, a 22 de fevereiro de 1909, desencarnando em Goiânia, GO, a 8 de maio de 1984, em conseqüência de acidente vascular cerebral. Muito apegada ao neto, não pôde este vê-la em seus últimos momentos neste mundo, por já se encontrar nos Estados Unidos da América do Norte.

4 - “Achava-me num posto de socorro espiritual, deixado pelo irmão Ricardo Campos, que era respeitado em Rio Verde por pai espiritual dos desamparados,...” – Dr. Ricardo Campos nasceu e desencarnou em Rio Verde, respectivamente, a 27 de setembro de 1891 e 18 de abril de1932, aí exercendo influência na vida pública, na condição de político, advogado e seguidor autêntico do Cristo e de Allan Kardec. Foi casado com D. Placidina Arantes Campos, tendo deixado os seguintes filhos:
a) Dalvanira Campos Cruvinel, já desencarnada;
b) Dr. Paulo Campos, atual presidente do Centro Espírita e ex-político de nomeada;
c) Lauro Campos, já desencarnado;
d) Amanda Campos, presidente do Instituto dos Menores Abandonados de Rio Verde;
e) Luzia Campos, já desencarnada.
Segundo nos informa o Dr. Jerônimo Carmo de nossa entrevista com D. Eva Lemes Moraes, residente em Goiânia, GO, à Avenida Tocantins, 1.121,
Moraes, genitor de Júlio Brasílio de Moraes, Dr. Paulo Campos e o patrono do Edifício do Fórum da cidade de Rio Verde, que tem o seu nome, e do Centro Espírita da cidade de Santa Helena de Goiás.
5-“Contraí aquela dívida e foi justo respeitá-la. Por iniciativa da Vovó Clotildes, me foram mostrados a mim painéis e retratos do tempo em que eu fizera o mesmo com um rapaz recém-diplomado em Coimbra, e que voltava ao nosso País, com o raciocínio enfeitado de sonhos.” – Não nos sendo possível entrar em detalhes a propósito da Lei de Causa e Efeito, de que trata a obra-prima Ação e Reação, recebida pelo médium Xavier e editado pela Federação Espírita Brasileira, em 1957, pedimos vênia ao leitor para transcrever o seguinte trecho do Espírito de Humberto de Campos, a respeito da desencarnação de Joaquim José da Silva Xavier, na obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (págs. 109-110 da 1„ Edição, FEB, 1938), também recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier:
“Tiradentes entrega o espírito a Deus, nos suplícios da forca, a 21 de abril de 1792. Um arrepio de aflitiva ansiedade percorre a multidão, no instante em que o seu corpo balançava, pendente das traves do cadafalso, no campo da Lampadosa.
Mas, nesse momento, Ismael recebia em seus braços carinhosos e fraternais a alma edificada do mártir.

CONTINUA AMANHÃ

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