sexta-feira, 11 de novembro de 2011

ESTAMOS VIVOS - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTES 9 E 10

CONTINUAÇÃO

CARLOS NORMANDO DE ASSIS

“Tudo está certo nas resoluções da providência divina”
Querida esposa Fernanda e querida Mamãe Antônia, estou presente, mentalizando a imagem de meu pai e dos filhinhos ausentes, para alegrarmos, todos juntos, a data do nosso reencontro.
Estou, assim, abilolado de vê-Ias aqui, pensando em mim.
Estou em dificuldades para escrever, transmitindo-lhes as minhas notícias, porque eu nunca poderia pensar que sairiam da nossa Paraíba distante, a fim de recolherem alguns traços de minha presença.
Admiro-lhes a coragem, vindo de Pombal até aqui, arquitetando a possibilidade de me recolherem as palavras.
Mamãe Antônia, abençoe-me e continue pedindo a Jesus por seu filho.
A nossa Fernanda, que estava em minha companhia no acidente de que fomos vítimas, está qual eu mesmo, sem palavras para descrever o acontecimento.
Lembro-me apenas de que um corpo pesado me alcançou a cabeça, e desmaiei.
Mais nada.
Tenho a convicção de que a Bondade de Deus cobre a desencarnação com muitos agentes da Natureza, que resultam no esquecimento em que somos mergulhados, para não acrescentar sofrimentos maiores ao sofrimento de demissão da vida física a que somos obrigados.
Querida Fernanda, agradeço a coragem e a paciência.
Compreendo as expectativas amargas a que você se viu repentinamente exposta.
Os meses últimos provaram, porém, que você está apta a conduzir o nosso filho para a existência de homens prestativos e honestos, que nós ambos lhe desejamos.
Fui amparado pela vó Noí Medeiros; pelo menos é assim que ela me solicita chamá-la em quaisquer circunstancias.
E quanto se me faca possível, estarei com ela, cooperando com você e com meus pais, a Mamãe Antônia e o papai Medeiros, de modo a que tudo se processe em paz, no ambiente do nosso ninho domestico.
Todos os três Carlos serão convenientemente amparados: Carlos Agripino, Carlos José e Carlos Fernando.
Não têm obstáculos e provações.
Deus promove alimentos em favor dos passarinhos, por que deixaria meus filhos órfãos de socorro?
Recordo a nossa união com lágrimas a me caírem dos olhos.
Eu que me habituara a guiar o volante, quando necessário, em todo aquele mundo, de Pombal a João Pessoa, desde as cidades do sertão às grandes cidades do litoral, acostumado a viajar sem qualquer preocupação, fui encontrar a morte juntamente em sua companhia, sem possibilidade de estender-lhe proteção.
Aprendemos, no entanto, com a fé, que tudo está certo nas resoluções da Providência Divina, e peço-lhe não esmorecer.
Observe a Mamãe Antônia, enfibrada no valor que lhe conhecemos, e sigamos em frente, com a certeza de que Jesus não nos abandonará.
Envio muito amor aos meus filhos queridos, que espero venham a crescer no clima de bons exemplos, estudando quanto possível e, ao mesmo tempo, trabalhando sempre, a fim de que aprendam a viver para o bem.
Querida Mamãe e querida Fernanda, aqui vou terminar; não posso abusar dos amigos, que nos recebem aqui com tanta generosidade.
Lembre-se de que estou vivo para amá-las e ser-lhes útil cada vez mais.
Mãe querida, para o seu coração amoroso e para o coracão de nossa Fernanda, sempre voltados para o bem de nós todos, beijo-as com muita saudade e carinho, dedicação e reconhecimento.
O filho e esposo que não as esquece e que continuará vivendo para resgatar a dívida de amor que lhes deve, sempre o filho e esposo muito grato,
Carlos Normando de Assis
Uberaba, 17/01/1987.
***
Do jornal Tribuna Espírita (Ano Vl – João Pessoa, Paraíba, Brasil – Jan/Fev/87 – Nº 33), sob o título “Bancário Paraibano que „morreu‟ envia Mensagem”, transcrevamos para estas páginas os seguintes apontamentos, a propósito da missiva mediúnica sob nossa análise:
“Carlos Normando de Assis, brasileiro, casado, nasceu em Catingueira, cidade da Paraíba, no dia 23/07Í 1950. Ocupava a gerência do Banco do Brasil S.A., em Pombal, no sertão paraibano, onde desempenhava com responsabilidade as suas funções, sendo muito estimado pelos seus colegas e amigos. Tinha, em Fernanda Rocha, a dona de seu lar e mãe extremosa do seu terceiro filho. Dois outros são do seu primeiro casamento. O casal muito jovem, principalmente ela, tinha em mente os seus planos para o futuro e a felicidade do filho pequeno. Nos seus dias de folga, Carlos Normando gostava de viajar, em seu automóvel, acompanhado da família a outras cidades; mas, aconteceu que, no dia 13 de setembro de 1986, num sábado, à tarde, quando empreendia um desses passeios, com destino à cidade de Patos (PB), em companhia da mulher e do filho caçula, Carlos Fernando, de um ano e meio de idade, apos haver percorrido 3km do percurso, numa estrada que bem conhecia, asfaltada e sinalizada, num trecho em descida reta, perde a direção e o transporte desgovernado é jogado para fora do caminho, num despenhadeiro, de 40 metros de profundidade.
Foi um acidente doloroso. Logo no impacta da primeira virada, D. Fernanda e o filhinho foram lançados fora, e Carlos Normando, no segundo lance, foi também projetado do veículo, tendo morte
instantânea. Mãe e filho apresentaram leves escoriações tendo, apenas, a primeira uma costela fraturada; tudo sem maior gravidade.
D. Fernanda ficou muito abalada com o quadro chocante do desastre e da morte violenta do companheiro. Viu, assim, desfeitos todos os sonhos dourados formulados por eles para o futuro da família; porém, como tinha adquirido certa noção acerca do Espiritismo – que demonstra, na teoria e na prática que a vida continua depois da morte, não fraquejou. Bem amparada, por parentes que professam esta Doutrina, foi levada ao Centro Espírita Leopoldo Cirne, localizado no Jardim 13 de Maio (Rua Prefeito José de Carvalho, 179), nesta Capital, encontrando ali muita ajuda espiritual para ela e para o espírito desencarnado do seu marido.
Em parte, já refeita do grande abalo sofrido, viajou a Brasília (DF), à casa da sogra, Dona Antônia de Oliveira Assis; lá, sentindo como uma inspiração, convidou aquela senhora para irem até Uberaba, (MG), a fim de se encontrarem com Chico Xavier, buscando maior conforto. Tiveram a felicidade de encontrar o grande e bondoso médium, na ocasião em que realizava uma das suas costumeiras reuniões “à sombra do abacateiro”, onde fornece alimentos, do corpo e da alma, a inúmeras pessoas necessitadas. É tanta gente a querer falar com Chico, que às vezes torna-se inconveniente e impossível aproximar-se dele. Contudo, ela conseguiu e entregou um envelope com o retrato do marido, que ele só teve tempo de colocar no bolso sem olhar, da maneira como fazia com outras papéis. Muita gente dizia que era muito difícil uma resposta, com todos querendo a mesma coisa. Dona Fernanda, novamente, não se deu por vencida, até que chegou a falar de novo, lembrando:
“– Irmão Francisco, eu entreguei o retrato do meu marido e o Senhor colocou no bolso, não vá esquecer...”
“– Ah, minha filha, não é o neto de Dona Noí?
Espere mais tarde, deixe ver se o telefone toca de “lá” para cá...”, respondeu com aquela entonação de sempre, cordial e fraterna.
Ela ficou sem saber quem era a pessoa a quem ele se referiu, e, somente quanto voltou para junto da sogra, Dona Antônia, foi que
ficou sabendo que Dona Noí, era a avó paterna do “morto”. Finalmente, a noite, na reunião pública de 17/01/87, no Grupo Espírita da Prece, Francisco Cândido Xavier, autor de quase 300 livros, muitos dos quais traduzidos para vários idiomas, recebe através da mediunidade psicográfica, várias mensagens endereçadas às pessoas presentes, como há muitos anos vem fazendo, e, entre elas, a segunda veio assinada por Carlos Normando de Assis, para sua companheira, sua mãe e seus filhos queridos, que é a seguinte:...”
Depois de transcrita a “Mensagem do „Morto‟”, eis as “Notas de esclarecimento:
Carlos Normando de Assis – ex-gerente do Banco do Brasil em Pombal (PB), desencarnado em desastre automobilístico, no dia 13/9/1986.
Fernanda Rocha – esposa, atualmente residente à Av. Epitácio Pessoa, 4648 - Apto. 103 - Edifício Marcella - Bairro Cabo Branco - João Pessoa, PB.
José Medeiros – seu pai.
Antônia de Oliveira Assis – sua mãe.
Noí Medeiros – Avó paterna, desencarnada em 18/01/1928.
Citou os três filhos, pelos nomes e pela ordem decrescente de idades.
O médium não sabia que Carlos Normando desencarnara no acidente de carro, que D. Fernanda estava com ele na hora, e o fato ocorreu na estrada de Pombal (PB). Também que a vítima às vezes gostava de dizer que estava “abilolado”, como força de expressão.
Agora quem agradece, é dona Antônia Medeiros, com uma curta e bem sentida prece:
“– Divino Mestre, nós te agradecemos.
Ao querido Chico Xavier, exemplo de humildade e resignação, carinho e amor, nossos eternos agradecimentos por termos recebido esta mensagem, através de suas mãos abençoadas. Deus o abençoe.
Normando (meu filho), que Jesus, o Divino Mestre, o abençoe e ilumine, para que possa continuar despertando-nos a consciência e o coração para a Vida Maior.”

EMÍDIO MANUEL PEREIRA DE ARAÚJO

“Caminho de libertação”
Querida tia Edna, mãezinha pelo coração, estou passando melhor.
Sei quanto vem sofrendo com o nosso adeus involuntário.
Não queira mal aos companheiros que me ofereciam lealdade e interesse pela vida.
Basta-nos, tia Edna, a saudade em que vivemos presentemente, esperando que o tempo volte atrás, embora saibamos que isso não pode acontecer.
Estou internado num Parque Hospital de Recuperação Espiritual, e já consigo suportar muitas horas sem os remédios de cuja aplicação não estive muito certo.
Deus me auxiliará para que lhe dê pelo menos uma fatia de felicidade, neste seu caminho em que me fez viver.
Peco-lhe não chore mais com desconsolo e creia que a Divina Providência traça um caminho de libertação para os seus tutelados, que somos nós, todos os filhos do Céu na Terra.
A vovó Escolástica, o vovô Emídio e o vovô Manuel são aqui verdadeiros pais para mim, e tenho esperança de que em breve estarei em plena sanidade espiritual.
Querida tia e mãe pelo coração, minha querida tia Edna, com o seu coração generoso e bom continua palpitando o coração do seu sobrinho e filho espiritual,
Emídio
Emídio Manuel
***
Emídio Manuel Pereira de Araújo nasceu e desencarnou em Salvador, Bahia, respectivamente, a 24 de setembro de 1960 e 14 de maio de 1982.
Sobre a mensagem que titulamos “Caminho da Libertação”, recebida a 4 de fevereiro de 1983, ouçamos o que nos tem a dizer a Sra. Edna Pereira, tia-mãezinha pelo coração do comunicante, no folheto organizado por ela, com o Prefácio: “Tua infância foi a nossa alegria e tua vida a nossa esperança / Rita – mãe / Edna – tia-mãe”, a mensagem e a foto do filho, além dos esclarecimentos sobre os nomes citados na referida página mediúnica:
“Meu encontro com Francisco Xavier
Vi Francisco Cândido Xavier, pela primeira vez, no dia 4 de fevereiro de 1983, às 16 horas, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais.
Naquele momento, eu me enchia de amor-ternura por ele.
Tinha eu a expressão da dor – da dor mais doída, a que se manifesta com a vontade de rasgar a alma e de torcer o coração.
Meus cabelos estavam desgrenhados.
Tinha as lágrimas volumosas que não obedeciam ao comando das mãos que, em vão, iam à face, tentando sufocá-las.
Via tudo embaçado, meus olhos molhados me impediam enxergar com brilho.
Era, pois, a tristeza maior incontida, que me absorvia e me fazia brotar o pranto, o mais pranteado.
Meu pranto parecia juntar-se a todos os prantos deste mundo.
Foi, então, chegada a minha vez de falar com Chico. (....)
Agora, era então Chico que me perguntava: – E o padrasto?
Foi deveras impressionante esta pergunta. Qual seria, meu Deus, o veículo informativo, se ali ninguém me conhecia e eu estava sozinha?
Quando me preparava para lhe dar o nome do meu cunhado, ele arrematou, passando, agora, a informar sem pausa, expressando convicção:
– Ele está bem. Está com bons mentores. Está com o avô Emídio (meu pai, que surpresa!) Está também com o avô Manuel, Rafael, Ana e Rita – fazendo aí uma ressalva – mas esta Rita não é a mãe dele.
Respondi desconhecer.
Calmamente, solicitou que eu me informasse na família.
O diálogo encerrou aí e deixei o recinto trôpega, atônita, pois, era tudo surpreendente; era também o meu despertar para a realidade do Espiritismo. Agora, já não me restava dúvida: eu tinha a certeza plena, pleníssima de que meu Emídio Manuel, meu Niel, estava vivo, mas, numa outra dimensão.
Deixei o Grupo Espírita da Prece, e lá regressei às 18:30 horas, pois, agasalhava a esperança de receber uma carta. Ignorava, no entanto, que ali iria ver o registro da minha vó, que era bonita e boa, mas eu nunca pronunciava seu nome, já que achava Escolástica um nome muito feio.
O portão estava agora aberto para um grande público e quase todos, assim como eu, esperavam receber uma carta do Além e sabiam também que a estimativa era de 6 a 8 cartas que saem pela madrugada de cada sexta-feira. Os médiuns, em volta de uma mesa comprida, faziam palestras, no silêncio daquela massa comprimida; mais tarde, Chico apareceu, tomando lugar próximo à cabeceira da mesa, encerrando, assim, as palestras. Com um fundo musical, ele escrevia, ininterruptamente.
Creio que durou duas horas o trabalho psicográfico e, concluído, passamos a ouvir a leitura das cartas, acompanhadas dos choros sentidos dos familiares.
Fui a última a receber. Eram, então, 4 horas da madrugada e com o coração torcido pela dor, ouvi a leitura feita por Chico, era a mais linda, a mais confortadora, a mais desejada carta até então por mim recebida.
Obrigada, meu Deus! Não sei como mereci tanto! Obrigada, meus Irmãos Invisíveis, Deus lhes pague!
Obrigada, Francisco Cândido Xavier, mil vezes obrigada!
Obrigada, Emídio Manuel, meu Niel, meu querido! Você sempre foi muito bom. (....)
Esclarecimentos
Emídio, avô materno – 33 anos de desencarnado.
Manuel, avô paterno – 58 anos de desencarnado.

CONTINUA AMANHÃ

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