domingo, 23 de outubro de 2011

CARTAS DE UMA MORTA - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTE 19

CONTINUAÇÃO

JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

Pareceu-me que eu havia concluído um curso de preparação na vida errática, porque, naquele dia, fui levada por amorosos e devotados guias a
um local maravilhoso pela sua amplitude e beleza.
Tratava-se de uma esfera fluídica, comparando-se as matérias delicadas de sua constituição com os elementos grosseiros, característicos da
Terra. Uma vasta superfície, como um campo divino, tínhamos sob os nossos olhos; a claridade, que se espalhava, iluminando-o, era abundante, mas não ofuscava, de forma que, sobre as nossas frontes, víamos o zimbório celeste, recamado de estrelas tremeluzindo... Mais me impressionavam porém as flores estranhas, de bizarros contornos, que espargiam no ambiente um capitoso aroma...
Livro Cartas de uma Morta - Psicografia Chico Xavier

O LÚCIDO MENSAGEIRO DO SENHOR

Parecia que nos achávamos num templo maravilhoso do infinito, sem limites nos portentos de sua grandeza. Elementos de vida penetravam profundamente em nosso ser, enchendo-nos de uma deliciosa sensação de bem-estar agradabilíssimo.
Verdadeira multidão de almas ali se conservava, quando, numa graciosa elevação da substância que constituía a superfície desse orbe, como se fora um cômoro de névoas opalinas, materializou-se um dos mais lúcidos mensageiros do Senhor, que já me foi dado ouvir na existência do Além-Túmulo.
Uma túnica delicada e leve, à maneira romana, caía-lhe dos ombros, mas o que sobremaneira nos encantava era o extraordinário poder atrativo que se irradiava de toda a sua personalidade.
As suas palavras derramavam-se nas nossas almas, como bálsamos deliciosos, tal a profundeza do seu ensinamento aliada à mais encantadora magia.
Livro Cartas de uma Morta - Psicografia Chico Xavier

PELA OBRA GRANDIOSA DA RESTAURAÇÃO DA CRENÇAS PURAS

Não me é possível reproduzir com fidelidade absoluta tudo quanto escapou dos seus lábios, apenas, nas minhas expressões grosseiras, posso sintetizar a moral da sua inesquecível preleção: “Irmãos, - iniciou ele, - em vossas experiências nos planos da erraticidade, compreendestes como são fugazes as ilusões do mundo físico!... Felizmente já vos despojastes do corpo de impressões materiais, que conserváveis dentro das lembranças nocivas daquilo que, em sua maior parte, constituía o lado prejudicial da vossa existência passada. Repousastes no fim de labutas insanas e penosos trabalhos, reconstituindo o vosso organismo espiritual, combalido nas lutas.
Agora faz-se preciso que vos reergais para as tarefas dignificadoras!
Na face longínqua da Terra estão ainda, sonhando e padecendo aqueles que amastes; na superfície desse orbe distante, lutam os homens, obsecados pelo orgulho e pela impenitência. Lá, todo um campo ilimitado de trabalhos se
desdobra às vossas vistas. Guerras destruidoras, sentimentos aviltantes, corações aflitos, coletividades sofredoras, trabalhadas pelas mais duras privações, leis absurdas, ignorância, martírio, insânias, tudo se confunde, esperando a luz espiritual.
Os homens têm lutado por muitos séculos procurando a verdade, onde ela não se pode encontrar. Um dia lhes foi dado contemplar a face luminosa do Divino Plenipotenciário. Houve regeneração parcial dos abusos que se perpetravam e observou-se grande argumento da civilização. As criaturas humanas, porém, esqueceram muito depressa o Sublime Enviado. Os abusos de toda espécie reapareceram; a verdade foi obscurecida e o erro se restabeleceu no mundo.
Os homens, no seu afã de saber, criaram então as filosofias e as ciências, as quais, contudo, não podem ir além da matéria, em sua expressão mais grosseira. No orbe terreno, pois, verifica-se atualmente o eclipse das luzes espirituais.
Cabe-nos operar o movimento grandioso de restauração das crenças puras. Voltemo-nos para o solo ingrato daquele mundo de experiências e provas, onde o pão, que nutre o corpo, se mistura com os prantos amargosos das almas.
Trabalhemos! Levantemos as criaturas humanas da sua inércia moral.
Verifiquemos a nossa ação sob as vistas amoráveis daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida...”.
Livro Cartas de uma Morta - Psicografia Chico Xavier

A MISSÃO CONSOLADORA DOS ESPÍRITOS NA TERRA

Mas, nesse momento, houve naquela maravilhosa preleção, estranho staccato. Um relâmpago indescritível, esplêndido na sua beleza e silêncio iluminou as profundezas do ilimitado. Eu não saberia contar o que se passou então; um sentimento intraduzível de êxtase e veneração se apoderou de nossas almas fazendo-nos curvar, cheios de compunção e de lágrimas.
Todos os espíritos, que ali se confraternizavam, sentiram como eu, nessa hora, uma energia nova e, sem saber relatar o que se passara, adquirimos uma força que não possuíamos, uma estranha iluminação, fazendo-nos volver à superfície da Terra, para a qual trazemos a missão consoladora.
Desde esse instante integramos às fileiras dos que pugnam pelo aparecimento de uma nova era para a humanidade e, laborando ao lado de todos quantos se experimentam sob o aguilhão da carne, esclarecendo-os e confortando-os, de forma indireta, sem que sintam de maneira tangível a influência de nossa ação, nós queremos dizer a todos os homens como nos foi dito, naquele inenarrável momento: - Sigamos a Jesus!... Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida!...
E que o Celeste Enviado, na sua infinita misericórdia, faça cair em todos os corações a luz maravilhosa do divino relâmpago do seu amor.
Livro Cartas de uma Morta - Psicografia Chico Xavier

UM ADEUS

Meu filho, aí estão, nas minhas cartas despretensiosas, as primeiras impressões do meu espírito na vida do Além-Túmulo.
Por mais que me esforçasse, não pude ser fiel nas minhas descrições referentes ao aspecto que formam os ambientes dos desencarnados.
Objetos e panoramas, que não se coadunam com as coisas conhecidas na Terra, é natural que permaneçam alheios à compreensão do homem e daí surge a dificuldade para que a alma liberta se manifeste com o objetivo de esclarecer as criaturas terrenas quanto à vida extracarnal.
Minhas páginas refletem justamente o panorama dos planos da erraticidade no desenrolar da última catástrofe mundial, que enlutou milhares
de corações, quando se verificou o meu afastamento da vida material. Elas podem, aos olhos dos incrédulos, estar repletas de afirmações audaciosas e pouco acessíveis ao entendimento. Mas a morte é soberana e um dia os crentes e os descrentes atravessarão os caminhos da vida errática e hão de se certificar no sentido das coisas espirituais.
Ao fim dessa série de minhas elucubrações, dou graças a Jesus por havê-las conseguido e ao caridoso Guia, que me auxiliou na exposição das
idéias, ajudando-me nas deficiências da minha incultura.
Nos momentos em que me aproximava de ti para escrever, sentia-lhe a salutar influência, ditando-me trechos inteiros para que eu os transmitisse com a fidelidade possível.
Vezes inúmeras corrigia a pobreza das minhas faculdades de expressão e a ele devo o que pude grafar por teu intermédio.
Possivelmente, meu filho, mais tarde prosseguirei escrevendo algo de novo; contudo, enquanto se cale a minha voz, continua desempenhando a tarefa que se foi confiada, fazendo jus ao salário do bom trabalhador.
Nós sabemos o quanto tens sofrido no cumprimento dos teus deveres mediúnicos.
Sacrifícios, dificuldades e provações, inclusive os espinhos aguçados, que polvilham as tuas estradas, tudo isso representa o meio de redenção que a magnanimidade do Senhor nos oferece na Terra, para o nosso resgate espiritual.
Suporta pois corajosamente, com serenidade cristã, os revezes da tua existência.
Exerce o teu ministério, confiando na Providência Divina.
Seja a tua mediunidade como harpa melodiosa; porém, no dia em que receberes os favores do mundo como se estivesses vendendo os seus acordes, ela se enferrujará para sempre. O dinheiro e o interesse seriam azinhavres nas suas cordas.
Sê pobre, pensando n’Aquele que não tinha uma pedra onde repousar a cabeça dolorida e, quanto à vaidade, não guardes a sua peçonha no coração. Na sua taça envenenada muitos têm perdido a existência feliz no plano espiritual como se estivessem embriagados com um vinho sinistro.
Não encares a tua mediunidade como um dom. O dom é uma dádiva e ainda não mereces favores do Altíssimo dentro da tua imperfeição.
Refleti que, se a Verdade tem exigido muito de ti, é que o teu débito é enorme diante da Lei Divina.

CONTINUA AMANHÃ

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