sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 68

CONTINUAÇÃO

que se empenharam e conforme o esforço espontâneo que revelem na construção do bem geral.
Indaguei de Belino se conhecia a média geral de aproveitamento na comunidade e ele informou que sim, acentuando que, em oitenta e dois anos de existência, o “Almas Irmãs”, que detinha habitualmente uma população oscilante de cinco a seis mil pessoas, apontava, no coeficiente de cada cem estudantes, dezoito vitoriosos nos compromissos da reencarnação, vinte e dois melhorados, vinte e seis muito imperfeitamente melhorados e trinta e quatro onerados por dívidas lamentáveis e dolorosas.
À minha nova inquirição sobre se os fracassados eram readmitidos, informou que ninguém na Terra consegue avaliar a expectativa, a ternura, o esforço e o sacrifício com que os amigos desencarnados torcem pelo triunfo ou pelo aprimoramento parcial dos afeiçoados, em serviço no mundo, e nem imaginar a desolação que lhes sacode o ânimo, quando não logram abraçá-los de volta, mesmo ligeiramente renovados para o suspirado convívio.
Noticiou que os companheiros em malogro positivo, após a desencarnação, passam, automaticamente, às zonas inferiores, onde, por vezes, ainda se demoram, por muito tempo, em desequilíbrio ou devassidão, conquanto nunca percam o devotamento dos amigos ali domiciliados, que intercedem por eles, junto a colônias dedicadas a outros tipos de assistência. Sabia, porém, de casos pertinentes a vários rematriculados depois dessas refregas. Em compensação, exaltou os prêmios atribuídos aos vencedores. Os aprendizes que se laureiam, através do aproveitamento substancial dos recursos fornecidos pela organização, ai se honram com admiráveis oportunidades de trabalho, em estâncias superiores, conforme os desejos que expressem.
Atingíramos, entretanto, comprido agregado de edifícios, nos quais Andrade informou estarem localizadas diversas atividades de instrução. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 267) Iniciamos vistoria afetuosa.
Os salões de aula comoviam pelas revelações, e os professores pela simpatia. O sexo, por tema central, merecendo o maior apreço.
Os alunos contemplavam gravuras e croquis que configuravam implementos do sexo, com o interesse carinhoso de quem se enternece ante o colo maternal e com a atenção de quem agradece concessões divinas.
Todos nos acolhiam denotando cordialidade, sem que a nossa passagem lhes alterasse a aplicação; contudo, é de salientar a emoção que me empolgava ao observar o crescendo de veneração com que o sexo era homenageado nas diversas faculdades de ensino, pesquisado e enobrecido em cadeiras diferentes. Matérias
professadas em regime de especialização. Cada qual atendida em construção apropositada. Sexo e amor. Sexo e matrimônio. Sexo e maternidade. Sexo e estímulo. Sexo e equilíbrio. Sexo e medicina.
Sexo e evolução. Sexo e penalogia. E outras discriminações.
Disse Andrade que todas as disciplinas são freqüentadas por grande cópia de alunos e, tentando saber em quais delas se inscrevia o número mais extenso, viera a saber que os assuntos de “sexo e maternidade”, e “sexo e penalogia” retinham proeminência franca. O primeiro reúne centenas de criaturas que se endereçam aos ajustes de lar, na Terra, e o segundo enfeixa enorme quantidade de Espíritos conscientes que examinam a melhor maneira de
infligirem a si próprios determinadas inibições, para se corrigirem de hábitos deprimentes no curso da reencarnação a que se dirigem.
Muitos chegam a deixar escritas nos arquivos da casa as sentenças que lavram contra si mesmos, antes de se envolverem nas provações que consideram necessárias ao aperfeiçoamento e felicidade que demandam.
Tornavam-se as elucidações de Belino cada vez mais interessantes e refletia, de minha parte, na extensão das obras da cidade (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 268) espiritual em que me achava, há quinze anos, longe de conhecer-lhe todos os monumentos de benemerência e cultura, quando
alcançamos a residência do diretor.
Félix, em companhia do Irmão Régis, que nos apresentou por substituto eventual dele, acolheu-nos amavelmente.
Admirei-me.
Não parecia o amigo que se apequenava no Rio para compartilhar-nos o trabalho. Reverenciado e querido, era ali distinguido dignitário do conhecimento superior, a quem a administração de “Nosso Lar” delegara responsabilidades vultosas. Dirigente e comandante, pai e irmão.
O ambiente no gabinete em que nos alojara, afetuoso, ressumava simplicidade sem negligência, conforto sem luxo.
Por trás da poltrona singela de que se servia, salientava-se tela de proporções avantajadas, na qual a mão de pintor exímio gravara o retrato de nobre matrona em prece nas regiões inferiores.
A venerável mulher elevava os braços para o céu plúmbeo, que filtrava revérberos de luz qual se lhe respondesse às rogativas e, em torno dela, magotes de Espíritos conturbados a se rojarem no solo, taciturnos, entre consolados e estarrecidos.
Registrando-nos o assombro, Félix explicou que conservava naquela obra de arte a lembrança de magnânima servidora do Cristo, desconhecida entre os homens, consagrada no mundo espiritual ao socorro de corações mergulhados nas trevas. Visitava as furnas de expiações pungentes, às vezes sozinha, e, de outras, acompanhada por equipes de colaboradores, amparando, reconfortando...
Adotava criminosos desencarnados por filhos da alma, infundia-lhes o ideal da regeneração, levantando-os e instruindoos.
De quando em quando, ele, Félix, ia vê-la no asilo maternal que, ainda hoje, a abnegada educadora sustenta nas regiões sombrias por almenara de amor. Prosseguiu relatando que nesse abrigo (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 269) permanecem, freqüentemente, mais de mil hóspedes, sempre substituídos, de vez que a benfeitora efetua o encaminhamento constante dos recolhidos a escolas beneméritas, com vistas à reencarnação na Terra ou a estágios de retificação em outras paragens. E informou dever a ela, que nomeava por Irmã Damiana, o primeiro contacto com a verdade, oitenta anos antes. Guardava aquele quadro, confeccionado a pedido dele próprio, para não se esquecer, nas horas de supremas decisões, nas responsabilidades e encargos de que fora investido, da lama em que um dia se afundara e de que se vira arrebatado por aquela missionária
engrandecida no Espaço, a serviço dos infelizes.
Neves, porém, imprimiu novo rumo à palestra, colocando em relevo a satisfação de que nos sentíamos possuídos com a revista proveitosa nos órgãos de ensino, que acabávamos de realizar, e os apontamentos se voltaram para as questões do sexo, que, no “Almas Irmãs”, assumiam aspectos inusitados.
O Irmão Régis explicou que também se surpreendera, a princípio, com o respeito profundo ali dedicado aos estudos do sexo, em vista da desconsideração com que autoridades políticas, religiosas e sociais terrestres habitualmente o menoscabam, ressalvadas as exceções. E sublinhou, com humor, que nós, os homens, somos contraditórios quando reencarnados, porquanto estamos sempre ávidos de consertar uma tomada em desajuste e queremos sonegar a Deus o direito de socorrer e reabilitar os seus filhos em desequilíbrio emotivo.
O anfitrião, explanando as idéias que nós, os presentes, aventávamos, historiou, em síntese, que na Espiritualidade Superior o sexo não é considerado unicamente por baliza morfológica do corpo de carne, distinguindo macho e fêmea, definição unilateral que, na Terra, ainda se faz seguir de atitudes e exigências tirânicas, herdadas do comportamento animal. Entre os Espíritos desencarnados, a partir daqueles de evolução mediana, o sexo é

CONTINUA AMANHÃ

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