quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 67

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 9

Rumei, junto de Neves, para o instituto de renovação que Félix dirigia na esfera espiritual.
A caminho, reconfortava-me ouvindo o companheiro asserenado, contente. Acompanhava o restabelecimento de Dona Beatriz, nutrindo júbilos novos. Luzia-lhe o olhar povoado de sonhos.
E contava-me as surpresas da filha recém-chegada ao plano superior. Afeições de outros tempos, familiares queridos chegavam de longe para felicitá-la. Beatriz concluíra nobre tarefa –
dentre as muitas empresas admiráveis cuja extensão é avaliável apenas na pátria dos Espíritos –, a tarefa da renovação íntima, obtida à custa de sacrifícios ignorados. As lágrimas vertidas no silêncio e as dores anônimas lhe haviam granjeado paz e luz.
Mulher desconhecida no mundo, aparentemente escrava de um marido e de um filho que não a valorizavam, atingira realizações sublimes em si própria, entesourando no íntimo riquezas inalienáveis para a imortalidade. Decerto não retornara alçada à glória angélica, mas, tanto quanto era possível, na condição em que renascera, voltara triunfante.
Regozijava-me igualmente com as impressões que ouvia e, de propósito, fiz quanto pude para não ser inquirido acerca dos Torres que, a meu ver, ainda estavam por aproveitar os merecimentos da missionária de abnegação que os servira. Receava embaciar o espelho de otimismo em que as esperanças do amigo se retratavam.
Neves, talvez pelas mesmas razões, nada me perguntou, em torno do genro e do neto que, sem a guardiã maternal, se viam agora entregues a si mesmos.
Fomos defrontados pelo instituto que demandávamos, O “Almas Irmãs”, assim chamado pelos fundadores que o levantaram em socorro dos irmãos necessitados de reeducação sexual, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 263) após a desencarnação, exibia plano extenso de construções. Conjunto de linhas harmoniosas e simples, ocupando quatro quilômetros quadrados de edifícios e arruamentos, parques e jardins.
Autêntica cidade por si.
Inalava-se tranqüilidade, alegria.
Das aléias em verde repousante, flores tangidas pelo vento figuravam-se acenos de boas-vindas.
Rostos sorridentes nos saudavam, de permeio com os semblantes circunspetos que nos lançavam olhares de simpatia.
Todas as idades aí se expressavam nos companheiros de ambos os sexos, com os quais renteávamos, satisfeitos.
Bloco de casario sugeria universidades reunidas.
Mas, longe de encontrar representantes da psicopatia ligada às perturbações sexuais, eram criaturas de aparência hígida as que nos acolhiam, afetuosas.
Neves, que ali aportara dias antes, interpelado por minha curiosidade, esclareceu que a agremiação possuía vasta dependência reservada a enfermos; entretanto, que eu modificasse qualquer conceituação prévia, com respeito à obra ali desenvolvida, porquanto os verdadeiros alienados em conseqüência de alucinações emotivas, trazidas da Terra, permaneciam reclusos em manicômios, sob tratamento indicado, sempre que apartados das falanges dementadas nas regiões tenebrosas. Acrescentou que muitos daqueles que nos cumprimentavam, tranqüilos, remanesciam de tragédias passionais, intensamente vividas no mundo; todavia, revelavam-se agora pacificados e lúcidos, quais as próprias personalidades humanas, depois de reprimir as crises de insânia, quando se rendem ao desequilíbrio mental.
As elucidações, no entanto, se interromperam de brusco, porque atingíramos o ponto em que nos cabia tomar contacto com Félix, antecipadamente avisado quanto à nossa presença. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 264)
O instrutor, contudo, prevenia-nos da impossibilidade de abraçar-nos, de pronto. Aguardar-nos-ia, mais tarde, na própria residência. Enternecia-nos, entretanto, com grata surpresa. Belino Andrade, amigo que eu não via há precisamente dez anos, e com quem convivera, intimamente, em atividades outras, ali se achava a fim de iniciar-nos no conhecimento da casa.
Abraçou-nos, fraternal, e, como que retomando os esclarecimentos que Neves empreendera, começou dizendo que pisávamos num hospital-escola de suma importância para os candidatos à
reencarnação, Os internados ou estudantes vinham, em maioria, de estâncias purgatoriais, após alijarem as conseqüências mais imediatas dos vícios e paixões aviltantes, por eles acalentados no plano físico. Rigorosamente examinados, atendiam a critério de seleção, nas paragens de angústia expiatória em que se demoravam, e somente depois de julgados dignos entravam naquele pouso de refazimento para estações mais ou menos longas de estudo e meditação, pesquisando as causas e observando os efeitos das quedas de natureza afetiva em que se haviam precipitado...
Enquanto nos detínhamos em caminhada agradável, Belino prosseguia informando que todos eles, depois de suficientemente instruídos, são recambiados ao domicílio terrestre, onde reencarnam nos ambientes em que faliram e, tanto quanto possível, nas equipes consangüíneas que lhes impuseram prejuízos ou que lhes sofreram os danos.
No “Almas Irmãs” obtinham a láurea do conhecimento, na Terra volviam a aplicá-lo, através das dificuldades e tentações da faina material, que nos comprovam a assimilação das virtudes adquiridas.
Apresentando-nos praças graciosas ou apreciando aspectos da paisagem, Belino comparou as finalidades do educandário aos centros de cultura superior, existentes no mundo, que conferem títulos acadêmicos para o exercício de funções determinadas, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 265) dentro da especialização profissional, e confrontou a arena terrestre com a esfera da prática, em que os alunos diplomados são impelidos às experiências e aos encargos que lhes fixam o mérito ou o demérito. Ali, a mente se rearticulava, aprendia, refazia, restaurava, mas, de modo geral, sempre no objetivo de retornar ao mundo, a fim de incorporar em si mesma o valor das lições recebidas.
Acrescentou que a não serem as reencarnações compulsórias, por motivos prementes, o problema do regresso requeria considerações específicas e preparações adequadas, razão pela
qual muitos companheiros do “Almas Irmãs” se corporificavam na Terra com programas domésticos preestabelecidos, de maneira a hospedarem com os seus próprios recursos genésicos os colegas afins. Dali, do estabelecimento, esses colegas, que se lhes indicavam na posição de filhos para o futuro, os resguardavam e defendiam, até a ocasião em que lhes fosse possível mergulhar no berço terreno, constituindo-se, dessa forma, famílias inteiras, em edificações e provas redentoras, que, no fundo, representavam, espiritualmente, o trabalho do instituto, entre os homens, qual ocorre a múltiplas organizações congêneres e a numerosas associações outras, consagradas à regeneração e ao progresso da alma, nas esferas de ação espiritual que circundam a Terra.
Aquele hospital-escola qualificava-se, dessa maneira, na condição de posto avançado da espiritualidade construtiva, sustentando permanente contacto com a vida humana.
Cada individualidade reencarnada com vínculos no “Almas Irmãs”, ali se encontra convenientemente fichada, com todo o histórico do que está realizando na reencarnação obtida, no qual se lhes vê o balanço dos créditos conquistados e dos débitos contraídos, balanço esse que é examinável a qualquer momento, para efeito de auxílio maior ou menor aos interessados, segundo a lealdade que demonstrem na desincumbência das obrigações a

CONTINUA AMANHÃ

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