domingo, 17 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 23ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA

ESTUDOS E DISSERTAÇÕES EM TORNO DA OBRA

“O CÉU E O INFERNO”

De ALLAN KARDEC

Ditado pelo Espírito EMMANUEL

65 - DIANTE DO AMANHÃ

Compreendemos, sim, todos os teus cuidados no mundo, assegurando a tua tranqüilidade.

Organizas com esmero a casa em que vives.

Proteges as vantagens imediatas da parentela.

Preservas, apaixonadamente, a segurança dos filhos.

Atendes, com extremado carinho, ao teu grupo social.

Valorizas o que possuis.

Arranjas habilmente o leito calmo.

Selecionas, com fino gosto, os pratos do dia.

Defendes como podes a melhoria das tuas rendas.

Aspiras a conquistar salário mais amplo.

Garantes o teu direito, à frente dos tribunais.

Vasculhas avidamente o noticiário do que vai pelo mundo.

Sabes procurar, com pontualidade e respeito, os serviços do médico e os préstimos do dentista.

Marcas horário para o cabeleireiro.

Escolhes com devoção o filme que mais te agrada.

Examinas a moda, ainda mesmo com simplicidade e moderação, como quem obedece à força de um ritual.

Questionas sucessos políticos.

Discutes veemente, os serviços públicos.

Tentas, de maneira instintiva, influenciar opiniões e pessoas.

Desvelas-te em atrair a simpatia dos companheiros.

Observas, a cada instante, as condições do tempo, como se trouxesses, obrigatoriamente, um barômetro na cabeça.

Tudo, isso meu irmão da Terra, é compreensível, tudo isso é preocupação natural da existência.

No entanto, não conseguimos explicar o teu desvairado apego às ilusões de superfície, nem entendemos porque não dedicas alguns minutos de cada dia, de cada semana ou de cada mês, a refletir na transitoriedade dos recursos humanos, reconhecendo que nada levarás, materialmente, do plano físico, tanto quanto, afora os bens do espírito, nada trouxeste ao pousar nele.

Ainda assim, não te convidamos à idéia obcecante da morte, porquanto a morte é sempre a vida noutra face. Desejamos tão somente destacar que, nessa ou naquela convicção, ninguém fugirá do porvir.

Disse o Cristo: “Andai enquanto tendes luz”.

Isso quer dizer que é preciso aproveitar a luz do mundo, para fazer luz em nós.

66 - SENTENCIADOS


Sentenciados, sim!

A vida, porém, não nos suplicia pelo prazer de atormentar.

À face de nossa destinação à suprema felicidade, todos estamos intimados ao bem, impelidos ao progresso, endereçados à educação e policiados pela justiça.

Jesus, o Divino Penalogista, exortou-nos, convincente:

“Perdoa não sete vezes, mas setenta vezes sete.”

É que o mal expressa grave desequilíbrio naquele que o pratica.

Comparados às moléstias do corpo, a dor moral de haver ferido alguém é o abcesso reclamando dreno adequado; o vício é a fístula corruptora, esperando remoção da causa que a produz, e a delinqüência é o tumor de caráter maligno, comprometendo a estrutura orgânica, em prenúncio de morte.

Esposar revolta e vingança seria expor o próprio sangue a infecções perigosas, entrando, voluntariamente, nas faixas destrutivas da enfermidade.

Tolerância e perdão, por isso, constituem profilaxia e imunização infalíveis.

Diz Allan Kardec: “Às penas que o espírito experimenta na vida espiritual ajuntam-se as da vida corpórea, que são conseqüentes às imperfeições do homem, às suas paixões, ao mal uso de suas faculdades e à expiação de presentes e passadas faltas.”.

Esparze, desse modo, as vibrações confortativas da prece sobre todo aquele que caiu no logro do mal.

O caluniador está sentenciado à repressão da própria língua, o desertor está sentenciado à frustração que marcou a si mesmo, o ingrato está sentenciado ao arrependimento tardio, o ofensor está sentenciado ao ferrete da consciência, o criminoso está sentenciado a carregar consigo o padecimento das próprias vítimas.

Além disso, cada conta exige resgate proporcional aos débitos assumidos, com o remorso de quebra.

Assim, pois, à frente do irmão que te golpeia, recolhe-te em silêncio e esquece todo o mal. Não precisas indicá-lo a esse ou aquele castigo, perante a barra dos tribunais, porque o maior sistema de punição já está dentro dele.

67 - FALIBILIDADE


Ante as devastações do mal, apóia o trabalho que objetive o retorno do bem.

Até que o espírito se integre no Infinito Amor e na Sabedoria Suprema, em círculos de manifestação que, por agora, nos escapam ao raciocínio, a falibilidade é compreensível, no campo de cada um, tanto quanto o erro são naturais no aprendiz em experiência na escola.

A educação não forma autômatos.

A Ordem Universal não cria fantoches.

Onde haja desastre, auxilia a restauração.

Mobiliza as forças de que dispões, sanando os desequilíbrios, ao invés de consumir ação e verbo, atitude e tempo, grafando a veneno o labéu da censura.

Anotaste lances calamitosos nos delitos que o tribunal terrestre não é capaz de prever ou desagravar.

Vistes homens e mulheres, cercados de apreço público, aniquilar existências preciosas, derramando o sangue de corações queridos em forma de lágrimas; surpreendeu cidadãos abastados e aparentemente felizes, que humilharam os próprios pais, reduzindo-os à extrema pobreza, ao preço de documentos espúrios; assinalaste pessoas açucaradas e sorridentes que induziram outras ao suicídio e à criminalidade, sem que ninguém as detivesse; identificaste os que abusaram do poder e do ouro, erguendo tronos sociais para si próprios, à custa do pranto que fizeram correr, muitas vezes com o aplauso dos melhores amigos, e conheceste carrascos de olhos doces e palavras corretas que escamotearam a felicidade dos semelhantes, abrindo as portas do hospício ou da penitenciária para muitos daqueles que lhes confiaram os tesouros da convivência, sem que o mundo os incomodasse.

Apesar disso, não necessitas enlamear-lhes o nome ou incendiar-lhes a senda. Todos eles voltarão ao quadro escuro das faltas cometidas, através de continuadas reencarnações, em dificuldades amargas, nos redutos da prova, a fim de lavarem a consciência.

Se a maldade enodoa essa ou aquela situação, faze o melhor que possas para que a bondade venha a surgir.

Segue entre os homens, abençoando e ajudando, ensinando e servindo...

Todas as vítimas das trevas serão trazidas à luz e todos os caídos serão levantados, ainda que, para isso, a esponja do sofrimento tenha de ser manejada pelos braços da vida, em milênios de luta. Isso porque as Leis Divinas são de justiça e misericórdia e a Providência Inefável jamais decreta o abandono do pecador.

CONTINUA AMANHÃ

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